Entrando nas interpretações finais desta magnífica obra-prima do Mestre Leonardo, falta ainda avaliar o quarto grupo apostólico da cena, aquele que está na extrema direita do mestre, composto pelos apóstolos André, Tiago Alfeu e Natanael (ou Bartolomeu).
O Quarto Grupo:
Silêncio e Aceitação
Desde o primeiro grupo e análises desta pintura, estamos estudando cada um deles a parte, e suas correlações astrológicas e gnósticas, de um modo geral, e aqueles apóstolos que mais se destacam na inserção de códigos pelo mestre da Vinci.
O terceiro grupo (estudado na parte 6) composto por João Evangelista, Pedro e Judas Iscariotes, à direita de Jesus, é certamente o centro de gravidade, mas o primeiro grupo, onde Leonardo da Vinci se auto retratou na figura de Judas Tadeu, também é bastante importante, por estimar relações entre o seu pensamento e o gnosticismo de Platão, como vimos nas partes anteriores.
Segue agora a análise do último grupo.
Aqui reina o silêncio e a aceitação, embora o espanto não seja diminuído, especialmente na reação do apóstolo André, que ergue as mãos com as palmas bem abertas, e alinhadas na direção do peito, mostrando bem o número 10 (X) para identificar aquele signo que ele representa, ou seja, Capricórnio, o décimo signo.
Este grupo, linhas gerais, é o oposto do primeiro grupo, onde há tensão e discussão evidentes, e é interessante reparar que, nesse jogo, Leonardo aponta para a instintividade animal, emocional e mental dos três primeiros signos, Áries, Touro e Gêmeos, em contraste com a refinação dos três últimos signos, Capricórnio, Aquário e Peixes, manifestando uma aceitação e submissão á ideia do sacrifício pautada por Jesus na sua declaração.
Estes três signos são os que ostentam os valores mais evoluídos do Zodíaco, justamente por encerrarem o ciclo dos doze signos ao se aproximarem da fonte original, a divindade netuniana na casa de Peixes, 12. Note que o apóstolo Natanael, o 12°, é o mais resignado e silencioso dos doze, apenas contemplando Jesus, e o grupo oposto a ele na mesa, como se tudo compreendesse e tudo aceitasse sem reação alguma, pensamento que transcende a racionalidade do discurso e compreende no coração em comunhão com Deus todos os mistérios do sacrifício redentor do seu Filho.
É o retrato da própria ascensão cósmica, de Áries a Peixes, que começa na ruidosa e ingênua ignorância dos três primeiros signos, instinto, emoção e pensamento ainda crus, imaturos, debaixo de suas fervorosas discussões intelectuais especulativas, para terminar no silêncio compreensivo e contemplativo dos três últimos signos, representados por estes três apóstolos que realmente posam como que abraçados na almejada Fraternidade Cósmica tantas vezes ensinada por Jesus Cristo, na linguagem do amor ágape.
Resumidamente, a Fraternidade cósmica (Aquário) e a Comunhão Universal (Peixes) foi alcançada pela dura escalada do discípulo rumo a perfeição, nas mais elevadas alturas da espiritualidade trabalhada e amadurecida pela experiência consciente (Capricórnio).
E o grande círculo se fecha, porque, repare, as mãos erguidas ao ar de Simão Cananeu, o primeiro apóstolo (Áries) se encontram com as duas mãos voltadas para baixo e plantadas na mesa, de Natanael, o último apóstolo (Peixes), completando o jogo de mãos dos doze centralizado pelas mãos do próprio Jesus Cristo, com a direita voltada para baixo (o elemento masculino, terra, material, a conquista do mundo) e a esquerda voltada para cima (o elemento feminino, psique, espírito, abstração, a conquista da alma).
Isso combina com as cores de suas roupas, lado direito, masculino, vermelho, potência solar, e lado esquerdo, feminino, azul, potência lunar.
Leonardo da Vinci prescreveu uma rígida simetria em toda a sua obra, como num espelho que tem em Cristo o eixo central das reflexões duais, laterais, em cores, mãos, gestos, vestes e expressão, além do argumento das três aberturas iluminadas atrás de si, todas estas dualidades então equilibradas no sentido oculto da sugerida ANDROGINIA de Jesus Cristo, Deus encarnado não como masculino ou como feminino, mas como ambos, plenamente manifestado em sua potência maior, o Verbo, a Palavra.
A Última Ceia de Leonardo da Vinci é uma obra tão majestosa e importante para a arte universal, influenciando inúmeros pintores da época e posteriores, e este tema da Ceia até recebeu um crop circle em 2007 (Veja abaixo) combinando a Última Ceia com elementos cabalísticos relacionados ao planeta Vênus e ao código das iniciações (porque Vênus é a sefirá ordem 7 na Cabala dos mundos, dentro da Árvore cósmica da vida).
Temos um salão com sete portas, similares da estrutura da Santa Ceia, sendo aqui, três e três, lado a lado, e a sétima porta, muito sugestivamente, ao fundo, como que revelando a saída (ou entrada) final do mistério.
O piso retrata um quadrado de ordem 7×7, que é justamente o quadrado mágico de Vênus na Magia cabalística, relacionada à invocação do Anjo de Vênus. E na Santa Ceia, no teto, como vimos anteriormente, temos o Quadrado Mágico do Sol, ordem 6×6, o que levou o apóstolo Simão Cananeu a traçar um número 6 com os dedos da mão esquerda.
No teto do salão, o crop circle ilustrou sete travessões alternando cores, claro e escuro, como os 49 quadradinhos do piso 7×7.
E no lugar de Jesus Cristo, que está no ponto de fuga central da perspectiva da pintura, o salão do crop circle alinhou a sétima porta, a saída, como que querendo mesmo dizer: eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.
Ou, conforme João 10:
“Eu Sou a Porta. Se alguém entrar por mim, será salvo, sairá e encontrará pastagens”
João 10:9
E por essa porta é que Leonardo procurou sua vida inteira, como os códigos já expostos, e os códigos que eu ainda seguirei expondo, haverão de demonstrar!
Porque todas as suas obras, sem exceção, são ensaios artísticos de PURA ALQUIMIA, através dos quais o mestre buscava, como outros de seu tempo, o segredo da imortalidade.
JP em 16.07.2019
Veja as partes anteriores:
O Verdadeiro Código da Vinci… muito além de Madalena – parte 1 – prólogo
O Verdadeiro Código da Vinci muito além de Maria Madalena – parte 4 – O Hermafrodita de Leonardo
O Verdadeiro código Da Vinci muito além de Maria Madalena – parte 5 – as visões de Leonardo