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O Verdadeiro código Da Vinci muito além de Maria Madalena – parte 10 – João Batista

O verdadeiro código da Vinci nos leva a João Batista, e não a Maria Madalena!

Antes de falar sobre João Batista, uma das personagens mais recorrentes nas obras de Leonardo da Vinci, associado ao código do dedo indicador, como vimos nas partes anteriores, precisamos estudar algumas coisas sobre o significado do Batismo, já que este nobre profeta é conhecido por ter sido aquele que batizou o Filho de Deus às margens do rio Jordão.

Antes da solene simbologia do Batismo de Jesus no Novo Testamento, sabemos que a entrada do Templo de Salomão, o centro espiritual da antiga Israel, era guarnecida por uma grande bacia de água, chamada Mar de Bronze, e usada para banhos e abluções como forma de preparação e purificação para a entrada no Templo, ao lado do altar também de bronze, onde os judeus ofereciam seus holocaustos rituais.

Isso é um argumento do Batismo que, como veículo do segundo nascimento e a posse de um novo nome, possui um duplo sentido básico: sentido de purificação (água, banho, limpeza do corpo e da alma) e sentido de doutrinação (o recebimento de uma nova doutrina, com força de verdade transformadora).

Esta doutrina secreta e hermética é, de fato incontestável, a doutrina que Leonardo da Vinci buscou toda a sua vida!
E para ilustrar essa busca e essa doutrina, ele utilizou a personagem de João Batista em muitas obras codificadas como o modelo de outra “divindade” anterior e mesmo pagã, que conhecermos nas partes a seguir.

Mar de bronze, diante do antigo Templo de Salomão

Por isso, logo após o Batismo de Cristo no rio Jordão, quando João Batista reconhece nele o Cordeiro de Deus, enviado ao mundo para redimir seus pecados, Jesus parte para a purificação no deserto, por 40 dias e 40 noites, para completar o seu estágio de aperfeiçoamento antes de iniciar a sua missão.

Em outra passagem (capítulo 3 de João), Jesus ensina ao fariseu convertido Nicodemus que o Batismo está diretamente relacionado com o segundo nascimento ao lhe dizer:

“É preciso nascer da água e do Espírito”
(João 3: 5)

E Nicodemus lhe questiona, dizendo-lhe que, para isso acontecer, era necessário voltar ao útero materno, o que, no sentido espiritual (Mãe Divina) é verdadeiro, porque a relação entre a mãe e as águas funciona maravilhosamente.

A vida na Terra começou no mar, diz a ciência, e antes de nascermos, cada um de nós era um embrião vivo imersos em uma bolha líquida (chamada Bolsa Amniótica) dentro do ventre de nossas mães.

Aliás, a tradução secreta do nome de Maria (a mãe de Jesus e o nome feminino mais comum no Novo Testamento) se relaciona ao hebraico Miriam (irmã de Moisés), MRIM, Senhora, mas secretamente, ao dividir o nome em MR-IM, encontramos a tradução “Mar amargo” ou Mar de amargura, referindo-se às dores de parto da Grande Mãe do Mundo para gerar seus filhos espirituais neste mundo tão denso e pecaminoso.

Tanto a água como a luz são elementos simbólicos intimamente associados ao Sagrado Feminino. A água também tem um sentido oculto de “semente da vida” em outras passagens bíblicas, quando o termo MIM (Maim) para água também significa semente.

João Batista apontando o caminho (desenho de Leonardo da Vinci)

Na questão da reprodução, é importante fazer um grande diferencial aqui: enquanto a biologia animal ou corpórea tem no sexo o seu veículo, a biologia espiritual tem no Verbo a sua gênese.

Voltando ao diálogo entre Jesus e Nicodemus, o mestre também lhe disse:

“Assim como Moisés levantou a serpente no deserto, importa que o Filho do Homem seja levantado”
(João 3: 14)

Os teólogos vêm debatendo há séculos sobre o significado dessa analogia proposta por Jesus a Nicodemus em relação ao segundo nascimento e levante do Filho do Homem.

Porém, enquanto ignoram e descartam a ciência hermética e as chaves do Caduceu de Hermes-Mercúrio, que é a solução direta do mistério, ficam na zona sombria da ignorância que perde de vista o grande segredo da raiz da Árvore da Vida, chamada Kundalini, essa serpente de bronze metálico de liga alquimista que, uma vez fabricada e elevada na coluna vertebral, desperta todos os chakras e sentidos do Filho do Homem renascido e levantado em cada um de nós, em cada ser humano convertido em Filho de Deus a imagem e semelhança de Jesus Cristo, quando então, das folhas mais altas da nossa árvore da vida, começam a despontar os primeiros dourados frutos da Iluminação.

João Batista, a última pintura de Leonardo, repleta de códigos, e o mesmo dedo indicador apontando o caminho para o Alto, via Cruz (Alquimia)

Mas seguem os debates teológicos, eclesiásticos e superficiais sobre as nobres verdades do Evangelho, escondida dos doutores e entendidos mas revelada aos simples e puros de coração.

Estudos do crânio (anatomias de Leonardo da Vinci)

Leonardo da Vinci era obcecado pelos mistérios da vida e da morte, o que fica estampado em cada dissecação de cadáveres que realizou, ensaios surpreendentes de uma anatomia inexistente em sua época, para a qual se tornou um precursor, e nesses ensaios, sentimos como se ele estivesse buscando, nas fibras mais secretas do corpo humano morto, o segredo da imortalidade, tentando buscar a confirmação do que o deus Hermes, pela boca de Platão, já lhe havia respondido a respeito dessa chave, desse bronze alquimista, ou liga andrógina da alma repercutindo no corpo e, assim, transmitindo-lhe o elixir da longa vida.

Acima, João Batista da Escola de Leonardo da Vinci, projeto do mestre terminado por discípulos. João Batista personificando o deus grego Dionísio, apontando a entrada da caverna da Iniciação nos mistérios da Doutrina Secreta

Tanto que o mesmo Leonardo da Vinci é autor de muitos rostos e perfis marcadamente andróginos em suas obras, além de outras tantas representações de Jesus e João Batista como “gêmeos”, leitura direta do signo que ostenta todos os mistérios da mente e da androginia.

Nascer da água e do Espírito. O Batismo é toda a preparação, o meio, a água, enquanto o Espírito é toda semente, a Palavra criadora, o vetor real da vida e consciência.

A água do Batismo purifica corpo e mente através da Doutrina sagrada selecionada, que deve ser pura, e o Espírito Santo opera a transformação quando os veículos, corpo e mente, foram devidamente purificados e preparados pela Doutrina da Verdade, cobrindo a alma purificada pelo poder da Palavra Transformadora, o Verbo, do qual Ele se faz portador.

Tudo nasce no Universo mediante uma vibração-semente. Não poderia ser diferente com o mais elevado nascimento de todos, a gênese dos Filhos de Deus. Reparem que todos os prodígios de Cristo foram realizados por um único poder: a sua Palavra de Ordem!

Emergir das águas é tornar-se puro e pronto para a ação transformadora da palavra do Espírito, o que levou João Batista, na qualidade de precursor de Jesus Cristo, dizer que ele batizava com a água do arrependimento, preparando o mundo para a chegada do Cordeiro, que batizaria com o fogo e o Espírito Santo!

Muito importante essa declaração, trazendo outra vez a ideia de que a água/batismo realmente funciona como uma preparação purificadora e doutrinária que abre caminho para a descida do Espírito Santo dentro do santuário do corpo e da mente, trazendo com Ele o fogo da transformação da alma humana no poder da Palavra ou Verbo de Deus!

Erro comum das doutrinas sexistas é associar o fogo ao sexo. Fogo sagrado = sexualidade transcendente!

Isso não tem nenhuma relação com a realidade do poder que de fato, assiste aos renascidos Filhos de Deus, muito pelo contrário, só mortais estão encerrados à roda fatal chamada Sexo, cujo eixo se polariza naquele movimento aprisionante dos renascimentos (reencarnações), fatalidade em nascer, morrer e renascer. Uma errônea concepção associada a evolução espiritual foi associada a este mecanismo por parte das falsas doutrinas modernas, argumentos do instinto e do desejo se cobrindo de misticismos para continuar seduzindo mentes, envenenando almas e atando vidas na roda do Samsara (reencarnações).

O Fogo Sagrado é a Palavra de Deus, cuja potência não se resume a mera eletricidade vital (sexo, como todo instinto, é fonte nervosa de eletricidade circulante). O fogo é considerado o quarto elemento, o Plasma, que vibra intensamente em átomos de carbono e hidrogênio altamente energizados, colidindo com o ar que lhe alimenta (oxigênio). E toda vibração é som, pode ser comparada a Som, a Palavra, ao Verbo criador. O que criou todas as coisas, incluindo a função biológica reprodutora da natureza chamada sexo, foi a Palavra divina. Ela é o poder dos Filhos de Deus acima de tudo.

Cristo carregando a Cruz (um possível Leonardo perdido): a cruz INRI representa o fogo da Alquimia das polaridades, e se relaciona às vibrações criadoras da Palavra dos deuses: no Princípio era o Verbo, disse João (o Evangelista), o Verbo que criou tudo, inclusive os Filhos de Deus, nascidos do parto da Palavra fecundando as águas da vida…

O sexo, na qualidade de instinto carnal, só pode gerar o que é igualmente carnal e mortal, ou seja, corpo.

Doutrinas sexistas pregam que a sexualidade transcendente gera consciência e poder divino, um equívoco que contraria todas as páginas da Verdade doutrinária. Disse Jesus a Nicodemus, em sua indagação sobre a forma de se “nascer outra vez”:

O QUE NASCE DA CARNE É CARNE, O QUE NASCE DO ESPÍRITO É ESPÍRITO.

Nascer do sexo, comum ou tântrico, continua sendo nascimento carnal e, portanto, mortal.

A Imortalidade como segredo dos deuses é o fruto da Palavra de Deus na Árvore da Vida que teve a sua raiz (Kundalini) restaurada e ativada.

Retirar-se para o deserto é outra analogia com purificação e isolamento de mundo e de sua cultura de pecado e morte celebradas! O mundo repele o sacrifício porque ama o prazer físico. O mundo repele e Verdade porque ela revela o eterno espinho cravado até hoje na consciência de toda culpa. O mundo repele o amor verdadeiro porque ele vai contra a eterna necessidade de auto-satisfação dos egos…

A via do auto-conhecimento é, toda ela, uma via monástica, composta de inúmeros compromissos disciplinares ao buscador da luz, como a realização de práticas regulares ao lado do estudo e aprendizado dos muitos capítulos da Doutrina Secreta, esta que foi removida do mundo profano para sua própria proteção, e mesmo que estivesse no mundo profano, ele trataria de distorcê-la sempre em favor das ideologias da mentira a serviço dos egos.

Portanto, a solução apresentada por Platão transfigurado no apóstolo Simão Cananeu (como vimos nas partes anteriores) na Última Ceia, nos leva não a Maria Madalena, mas a João Batista, e este, a real divindade guardiã da Doutrina Secreta desde tempos imemoriais… mas que Leonardo não poderia de modo algum representar nas suas obras (um deus pagão) sob o risco de afrontar a Igreja de seu tempo. Então, camuflou seu “deus” na figura cristã de João Batista.

A última pintura do mestre Leonardo (São João Batista, 1513 – 1516) é uma das mais enigmáticas e até sombrias.
Um sombrio chamado à morte mística, numa mensagem que se soma ao contexto alquimista da Monalisa, a viúva, a dama de negro ou a face morte da Mãe divina.

Essa morte ou transformação se associa à Cruz no bastão de São João, e sugerida como CAMINHO DE ASCENSÃO pelo código do dedo, o vigoroso dedo indicador da sua mão direita, imitando os antigos modelos de Hermes Trismegisto.

Enquanto isso, a mão esquerda repousa sobre o coração.
Que fantástica alegoria e mensagem!
O caminho para o Infinito (céu) começa dentro, no peito, morada de Deus, o coração.
O caminho da consciência cósmica começa pela abertura das portas do autoconhecimento!
O caminho para o céu é a Cruz, a união das metades, o andrógino.

Ninguém vai ao Pai a não ser por mim, disse Jesus Cristo.
E todo Filho de Deus, todo Anjo, todo Cristo, não é um homem ou uma mulher, mas sim, um andrógino, porque Deus nos criou MACHO E FÊMEA (simultaneamente) à sua imagem e semelhança!

Quando a Dualidade se torna UM, o alvo da Grande Obra foi alcançado.

As duas hastes unidas da Cruz gerando o fogo secreto da Alquimia, Ignis Innaturalis, e as duas mãos em posições sugestivas, direita, expansiva, e o dedo fálico, masculino, e a esquerda, introspectiva, voltada para dentro, o coração…

E olhe as feições deste São João Batista.
Não parece corresponder ao vigoroso profeta do deserto mas, antes, expressa um rosto claramente androgino, com feições semelhantes à Monalisa.

O profeta está mergulhado em sombras, mal podemos ver o cenário a sua volta.
Isso porque a primeira fase da Alquimia se chama fase negra, morte, putrefação, a transformação inicial da matéria prima.
A mensagem é: para que o andrógino-Cristo possa nascer na alma, é preciso levar os elementos primários da vida (instintos, mente, corpo, pensamentos) a uma completa transformação e purificação, quando o mercúrio negro se purifica no mercúrio branco, e branco, ele se torna fecundado pelo enxofre amarelo, que se faz vermelho, pronto para gerar o Novo Homem dentro de nós.

O mercúrio é a mente, e o enxofre, o instintos.
Purificar os pensamentos é o primeiro passo, para que esses pensamentos puros e de consciência alinhada com o espírito possam direcionar devidamente a soma da energia total da carne na direção de um verdadeiro processo interno de renascimento, corpo e mente entrelaçados como as serpentes do caduceu, instrumento da divindade da ciência dos Anjos.

O código da Vinci não nos leva a Maria Madalena, e sim, a João Batista!

E a divindade misteriosa será apresentada na parte seguinte (11).

JP em 13.09.2019

Veja as partes anteriores:

O Verdadeiro Código da Vinci… muito além de Madalena – parte 1 – prólogo

O verdadeiro Código da Vinci muito além de Maria Madalena – parte 2 – o mapa astral de Leonardo da Vinci

O verdadeiro Código da Vinci muito além de Maria Madalena – parte 3 – Abrindo os segredos da Última Ceia

O Verdadeiro Código da Vinci muito além de Maria Madalena – parte 4 – O Hermafrodita de Leonardo

O Verdadeiro código Da Vinci muito além de Maria Madalena – parte 5 – as visões de Leonardo

6.O Verdadeiro código Da Vinci muito além de Maria Madalena – parte 6 – os segredos dos apóstolos mais importantes de Cristo

O verdadeiro Código da Vinci muito além de Maria Madalena – parte 7 – a partitura secreta da Última Ceia

O Verdadeiro código Da Vinci muito além de Maria Madalena – parte 8 – terminando a análise dos apóstolos da Última Ceia

O Verdadeiro código Da Vinci muito além de Maria Madalena – parte 9 – o Santo Graal

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