BíbliaEspiritualidadeHermetismo

Todas as dimensões do pecado

Todas as dimensões do pecado

Por que Deus perdoa pecados?

Primeiro, porque a natureza do Amor é muito mais inclinada ao perdão que à condenação, à Misericórdia que ao sofrimento, e se o Amor por vezes manifesta condenação e sofrimento, é porque encontrou aqui a sua última opção para salvar alguém que se encontra irredutível na senda do pecado que significa a destruição da própria alma.

Segundo, porque o pecado não faz parte da natureza original da criatura humana saída de Deus!

Origem do termo PECADO:

Ele vem do Latim PECCATUM, “falta, delito”, que originalmente queria dizer “pisar em falso, tropeçar” (vindo de PES, “pé”).

Assim, o pecado é o mau caminho, ou o caminho falso que nos faz desviar da estrada boa e justa.

O pecado é como uma mancha de sujeira na roupa branca e que pode ser lavada a qualquer momento.

O pecado é como um cisco no olho, impedindo a visão de ver claramente o caminho diante de si.

Impulsos pecaminosos são como parasitas colonizando a árvore da energia mental, impedindo que ela produza bons frutos.

O pecado é como a doença, e como bem sabemos, a doença é o resultado de ações no corpo incompatíveis com as regras da saúde.

O pecado é como o mato invasor da cultura, a praga que aniquila uma plantação inteira. O vírus que rouba a energia do corpo abatido, o verme infectando o fruto da terra, uma chuva forte e repentina destruindo a beleza de uma flor matinal.

O pecado aparece no pensamento como nuvens passageiras que obscurecem o Sol no espaço da consciência, até que se acumulem tanto que fazem desabar tempestades destruidoras em nossa vida.

O pecado é fruto de uma ilusão guiando as nossas decisões, e como toda ilusão, ele não existe.

O pecado acontece pelo fechar de olhos e ouvidos, e somente se alastra num coração que está vazio de amor, já que o amor é o alimento de toda consciência que conhece o que é verdadeiro, bom e justo nesta vida.

Quem ama de verdade não peca, porque quem ama de verdade é incapaz de fazer mal ao semelhante, e mais do que tudo, é incapaz de ferir a Vontade de Deus Pai Criador tão amado e honrado pela obediência nossa de cada dia.

O pecado é o resultado da ausência completa de amor num coração, que significa o apagar de todas as luzes da consciência no pensamento, que se torna então guiada por mentiras que acalentam desejos desconectados com a realidade.

É portanto uma conduta que pode ser transformada a qualquer momento, de acordo com a força pessoal de cada um.

O pecado é a sombra da luz, é a morte rondando toda vida, é a mentira se passando por verdade, é o desejo que nos torna escravos dos cinco sentidos.

O pecado é o espinho na carne, é a pedra de tropeço no caminho, é a ponte que se parte sob nossos pés e nos faz despencar no abismo.

O pecado é ferida que não cicatriza, é dor que não passa, é coração dividido ao meio, é conflito emocional e loucura desejando violentar a razão.

O pecado é um estupro da virgindade do espírito, é o assassinato da criança interior no santuário da nossa própria essência mais sagrada.

O pecado é como um poço de água suja e estagnada cercando a fonte da vida, um viveiro fétido de larvas e pestilência de todo tipo.

O pecado foi representado pelas dez pragas do Egito, em oposição direta aos dez mandamentos, e que só trazem dor, destruição, morte e confusão.

O pecado se assemelha com cadáveres em decomposição que não podem voltar à vida, porque o pecado rompe com a fonte da vida. Por isso o sábio escritor bíblico disse que o salário do pecado só pode ser a morte.

O pecado é o borrão na pintura, o ruído na música, o aspecto grosseiro e fora de contexto aniquilando a harmonia perfeita dos elementos reunidos na arte, espelho do belo de Deus procedente.

O pecado é o vilão de toda história, é o ladrão que invade e assalta nossa paz e rouba todos os nossos bens, é o usurpador sanguinário que fere pelas costas, é o hipócrita usando uma máscara de falsa bondade.

O pecado é uma traição ao primeiro amor, é um adultério contra o casamento da alma com a verdade, um veneno que dissolve a confiança e a fé.

O pecado é um medo que faz recuar toda coragem, uma culpa que nos persegue todo o tempo, uma droga viciante que nos dá prazer momentâneo enquanto nos mata lentamente.

O pecado amotina o barco da vida ao capturar o seu comandante, a razão. O pecado é a rebelião popular que destrona o rei justo e instala o terror da anarquia no reino.

O pecado nos faz olhar no espelho e sentir vergonha de nós mesmos, ainda que o mundo inteiro nos aplauda lá fora, motivo de orgulho para os adormecidos.

O pecado trinca todos os espelhos, desbota as cores, desafina as melodias, desfigura a beleza de tudo.

O pecado cospe no prato que come, esbofeteia a face de quem nos ama, trai aquele que mais confia em nós, e segue debochando da Lei que mantém o mundo em equilíbrio.

O pecado desonra a própria vida.

A teologia fala em pecados capitais e pecados mortais, mas todos os pecados são dignos de morte, de exílio da felicidade, de condenação sobre condenação.

Se a alma fosse o corpo, o pecado representaria uma infecção, e se a alma fosse um jardim, o pecado representaria uma infestação.

O pecado é uma violenta e abrupta ruptura com a Ordem Universal que o próprio Universo, atuando em nosso Espírito interior, leva muito tempo e gasta muita energia para reparar.

Os pecados se associam entre si como um bando de feras famintas e sanguinárias devorando a santidade de nossa alma e a nossa paz de espírito.
Eles são legião, porque foram representados por hostes diabólicas atacando os devotos do caminho da santidade.

O pecado primeiro nos tenta sem avisar, e nos seduz sem permitir que a razão se manifeste, para finalmente se instalar em nossa morada espiritual não como proprietário, mas como invasor.

O pecado só traz destruição, porque enfraquece as bases do edifício e contamina as raízes da grande árvore. E quando o edifício tomba, ele não permite que seja reedificado, e quando a árvore morre, ela não brota novamente. Por isso, o pecado nem pode ser considerado como agente de reciclagem e renovação. Sua proposta é destruir e impedir qualquer chance de retorno ou renovação em uma nova fase.

E se existe um ponto positivo em relação ao pecado, é que ele acaba por ensinar a consciência, por meio da dor e da experiência, a discernir entre o certo e o errado, entre o bem e o mal.

Por isso, a árvore da ciência plantada no Éden do lado da árvore da vida possuia frutos bons e frutos maus. Deus obviamente não criou o pecado, mas certamente criou um cenário onde consciências inocentes sucumbiriam diante das ações equivocadas, iniciando um longo processo de aprendizado.

Afinal, a gente só sabe que o fogo queima no dia em que colocar a nossa mão nele. Deus não criou o fogo para nos queimar, mas sim, para iluminar e aquecer as nossas noites. Queimar a mão no fogo é uma escolha nossa, uma escolha ainda não consciente do poder destruidor do fogo e que só se torna bom quando controlado.

Eis a linha divisória entre o bem e o mal, afinal, entre pecado e virtude.

O pecado é Satã afrontando Deus, são legiões de demônios tentando investir contra os Anjos da Ordem Cósmica, é o aborto da gestação, a maldição que proferimos de nossos próprios lábios contra nós mesmos.

O pecado é a cruz que fez sangrar o precioso sangue de Deus vitimado pela soma de nossas transgressões.

O pecado, enfim, é a negação de tudo o que somos e temos de melhor como criaturas divinas criadas originalmente em estado de perfeição e pureza.

Se Deus não perdoasse pecados, isso significaria uma conduta fixada numa situação de inexistência, o que resulta em algo paradoxal diante da própria Justiça estabelecida pelas leis existentes e realmente operantes no Universo.

Se o pecado é a negação da verdade, então que a virtude seja a negação da mentira que passa a abraçar tudo o que é bom, belo e justo em sua conduta realinhada com a Luz.

Por isso, basta que o filho de Deus originalmente perfeito negue o pecado e assuma de vez a consciência que a sua própria criação e natureza original lhe impõem, já que a luz nasceu para brilhar e não para se cobrir de sombras e reclamar depois da escuridão.

Porque nascemos como chispas perfeitas de um grande Sol Espiritual, destinados a uma carreira brilhante na Eternidade, de modo que não podemos mais tolerar, uma vez conscientes do fato, uma vida miserável e dolorosa diante de tamanha herança.

O pecado nunca foi você. Ele apenas está em você, e poderá ser removido quando você realmente desejar isso.

JP em 06.06.2024

Comentários

Botão Voltar ao topo