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Fim dos tempos? Igrejas são queimadas no Chile

Duas igrejas do epicentro dos protestos foram queimadas em Santiago, no Chile, um ano após a explosão social de 18 de outubro de 2019, e a uma semana do processo eleitoral mais importante das últimas três décadas: o plebiscito de 25 de outubro, que definirá o destino da constituição vigente, de 1980. Durante o dia, pelo menos 25.000 pessoas retornaram no domingo à região da Praça Itália, a área zero da capital, de acordo com números oficiais dos Carabineiros. Mesmo tendo ocorrido incidentes isolados, como o confronto entre dois torcedores de futebol e o saque de um edifício da Mutual de Segurança, os fatos de maior gravidade ocorreram durante a tarde. Na zona sul da capital, em Puente Alto, uma estação do metrô foi incendiada, enquanto um grupo de pelo menos 300 pessoas encapuzadas atacaram a 20° delegacia dos Carabineiros. Jogaram coquetéis molotov e outros elementos contundentes contra o quartel policial.

A capela dos Carabineiros San Francisco de Borja, que foi continuamente atacada nesses meses, e a paróquia Asunción, foram as duas igrejas incendiadas. Em diferentes regiões da capital foram registrados saques a supermercados e barricadas no começo da noite. No dia anterior, tanto o Governo de Sebastián Piñera como a maioria dos partidos políticos fizeram pedidos para evitar a violência. “Esperamos que as pessoas entendam que estamos em um contexto completamente diferente, porque falta uma semana para um evento eleitoral muito importante para nosso país e estamos em época de pandemia”, disse de manhã o subsecretário do Interior do Governo de Sebastián Piñera, Juan Francisco Galli. Pediu prudência e manifestações pacíficas.

Na região da Praça Itália chegaram durante o dia principalmente jovens, mas foram vistas famílias e pessoas de todas as idades, incluindo crianças e idosos. Houve batucadas, representações de coletivos feministas ― que foram a ponta de lança do movimento ―, bandeiras mapuches e do Chile, música ao vivo, entre outras manifestações. Milhares de pessoas que foram às ruas desafiaram as medidas vigentes pela pandemia, que impedem encontros em espaços públicos de mais de 50 pessoas. No Chile, há atualmente 14.183 casos ativos, em uma crise sanitária que deixou 13.635 mortos, considerando somente os confirmados.

Foi novamente um protesto maciço, como os feitos antes da explosão da crise sanitária em março. No dia 8 desse mês, no Dia Internacional da Mulher, aproximadamente 1,2 milhão de chilenas marcharam pacificamente na capital, de acordo com a organização. Foi a última grande mobilização antes da pandemia, cuja primeira onda ainda não está controlada no país sul-americano, onde hoje foram informados 1.759 novos casos.

A manifestação ocorreu dias antes de um plebiscito acertado por todas as forças políticas para tentar dar uma saída institucional ao conflito. As pessoas começaram a chegar cedo na área da Praça Itália, majoritariamente com máscaras, ainda que sem distanciamento social, pela próprio natureza da concentração. Alguns manifestantes dividiram álcool gel entre os participantes. A possibilidade do crescimento do surto de coronavírus é um dos principais temores sobre um plebiscito que já foi adiado uma vez pela pandemia e que será realizado sob complexos protocolos de segurança, determinados pelo Serviço Eleitoral. De acordo com o estabelecido pelas autoridades do Governo, os infectados pela covid-19 não poderão votar no domingo que vem, assim como os contatos próximos.

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