Existe cristão que não vai à Igreja?
Sim, porque a primeira e mais importante Igreja é aquela que está dentro do coração, e que o cristão pode visitar em oração e estado de comunhão íntima com o seu Pai, como o próprio Jesus Cristo ensinou ao povo, na forma correta de orar.
Um dos discípulos de Jesus pediu-lhe para ensinar a orar;
Jesus respondeu com o Pai-Nosso, que é a síntese da oração cristã;
Jesus estabeleceu que a oração deve se voltar para o Pai, o seu nome, o seu Reino e a sua vontade;
Jesus também ensinou que a oração deve se voltar para os irmãos, com a necessidade de perdoar e pedir perdão.
Jesus também ensinou que a oração deve ser feita com sinceridade e num local onde se possa ficar sozinho. Ele disse que algumas pessoas oram apenas para serem vistas pelos outros, ou repetem várias vezes as mesmas palavras sem prestar atenção no que estão dizendo
Veja que, em seu tempo, o próprio Cristo abandonou a Sinagoga, que frequentava na juventude, porque certamente seus ensinamentos colidiram com o Judaísmo ortodoxo da época, o que motivou sua perseguição e crucificação por parte dos fariseus.
Se ele ia ao templo, era para orar sozinho, ele e o Pai, ou para ensinar o povo. Não para assistir ou participar dos cultos dos sacerdotes judeus.
Muitos dos que se dizem cristãos vão a Igreja mas NÃO PRATICAM os ensinamentos de Cristo em suas vidas.
Muitos dos que se dizem cristãos não vão a Igreja mas PRATICAM os ensinamentos de Cristo em suas vidas.
Obviamente, o verdadeiro cristão é o segundo tipo mencionado.
Muitos ensinamentos secretos estão nas passagens bíblicas. O problema é que nos tornamos totalmente dependentes dos tradutores antigos e modernos e da opinião e interpretação dos teólogos, que interpretam tudo segundo as suas crenças e tendências intelectuais, e não segundo e NECESSARIAMENTE a Verdade.
- A reencarnação, por exemplo, é uma lei, um fato, uma verdade do Cosmos.
- A influência astrológica é outra lei, outro fato, outra verdade do Cosmos.
Estes são apenas alguns exemplos.
Outros?
- Virgem Maria foi uma mulher comum (segundo a linha protestante)
- Deus centralizou a sua criação na Terra, o que torna TODOS os aliens e extraterrestres, demônios e anjos caídos (também com maior apelo na denominação cristã evangélica)
- O fruto proibido que arrastou para baixo toda a humanidade foi uma maçã (ou outra fruta qualquer)
- Inferno eterno (o Inferno existe, é real, mas não é eterno. O termo eterno é mais uma parábola bíblica para indicar um tempo muito prolongado. Inferno de sofrimento eterno não combina com um Deus de Misericórdia infinita. Se o inferno é maior do que a misericórdia de Deus, então pra mim ele não é Deus. Nada pode ser mais eterno e infinito do que a Bondade de Deus).
- O Inferno, ou região inferior da Terra, é na verdade um grande purgatório de almas, onde Deus não pune por punir almas pecadoras, mas sim, as purifica em ciclos dolorosos de tempo, até que possam emergir purificadas e sem mancha para um novo ciclo de evolução na Terra. Mas este é um tipo de conhecimento que está totalmente vedado aos olhos da crença.
- A dor serve para purificar, não para punir. A dor que sentimos pelos erros cometidos não está nos punindo, mas tentando nos corrigir, nos ensinar sobre os erros que a causaram. Essa é a didática do Inferno. Não existe um Deus justiceiro que se compraz no sofrimento eterno de pecadores. Existe um Deus infinitamente misericordioso que limita a ação do ego humano para que a alma não caia em maldição e separação eterna da luz. Esta é uma definição ainda elevada demais para certas religiões.
- Aceitar o nome de Jesus, mesmo com uma vida toda errada e cheia de maldades, e continuando na vida errada, é o bastante para ir para o céu nos braços de Jesus.
- Gente comum sem religião e que viveu todos os vícios e pecados da vida, enfim, morre, e vai para o céu, sentar no colo de Jesus.
ETC…
São muitos os pontos que eu não concordo com a visão geral das Igrejas.
Mas se eu aparecer numa igreja e declarar que não concordo com tal padre, pastor ou líder sobre essa ou aquela passagem bíblica, e tentar manifestar minha opinião, serei silenciado e convidado a me retirar.
Por isso é que não frequento nenhuma delas.
Isso de satanizar o que não se compreende é típico da ignorância fanática de certos segmentos religiosos. E eu passo longe de tudo isso.
Não nego o valor dos estudos acumulados de séculos da Instituição Católica sobre a Palavra de Deus, mas me reservo ao direito de não concordar com muitas interpretações que têm sido dadas, até porque muitas delas já estão colidindo entre si de acordo com a denominação religiosa da Igreja.
Mas se Cristo é uma única pessoa, e sua Verdade é uma só, como administrar tantas divergências de abordagem de sua (mesma) palavra por parte de tantas igrejas diferentes?
Tantas igrejas sobre a Terra, tantas religiões e cada uma ACHANDO UMA COISA DIFERENTE DA OUTRA, como poderiam servir de guia espiritual para alguém?
Esse é o tempo da ciência e do conhecimento multiplicado do homem, segundo Daniel, e que só traria confusão.
Por isso é que faz muito tempo que eu decidi estudar a Bíblia inteira por mim mesmo, do Alfa ao Ômega, do Gênesis ao Apocalipse, e tirar minhas próprias conclusões.
Porque ao que me consta, Deus não credenciou nenhum teólogo, padre ou pastor que seja desse mundo para interpretar tudo o que foi escrito conforme a Sua Vontade.
O que acontece é a leitura conforme a vontade do intérprete.
Se esse é o caso, prefiro eu mesmo fazer o trabalho.
O fato de eu não concordar com muitas interpretações da Igreja (católica, ortodoxa ou protestante) não me torna menos cristão do que eles.
Talvez seja essa a vontade de Cristo, afinal!
Que nos apropriemos da Verdade com os nossos próprios esforços de estudo e busca consciente pela Lei de Deus, sem depender de forma preguiçosa e cômoda de padres, pastores e intermediários da Palavra.
E se até eles discordam entre si, porque eu haveria de concordar com eles?
Podemos até ter uma iniciação religiosa dentro de um estudo em uma instituição, mas no final, o seu encontro com a Verdade será uma questão de consciência íntima e pessoal da Palavra compreendida pela sua alma, sem a necessidade de intérpretes ou mediadores entre você e o Pai, a fonte da Verdade e da Vida, o único caminho que existe.
Não estou desmerecendo o valor da Igreja como instituição, apenas destacando que a igreja mais importante de todas, no sentido de união com Cristo, é aquela que frequentamos em nosso coração e em nosso modelo de cristão na própria vida.
As religiões já perderam muitos créditos por seculares erros acumulados, ensinamentos que se perdem no lugar de crenças e sabedorias mais elevadas que muitos não podem receber ainda.
Basta reparar na trajetória dos grandes homens de Deus na Bíblia.
Moisés, Elias, os profetas, o próprio Cristo.
Eles não encontraram a Deus em Igrejas ou templos. Mas justamente se afastando de tudo, no deserto de suas vidas.
É este deserto que escolhi para seguir.
Não o aparente refúgio espiritual de um templo qualquer onde não há transformação real, apenas partilha de crenças.
É no deserto que você conhece a si mesmo, e se revela despido diante de Deus, enquanto muitos procuram apenas fugir de si mesmos no abrigo das religiões e das crenças.
Para mim essa opção nunca funcionou.
Mas se você prefere estar numa Igreja ou templo qualquer, se isso lhe faz bem, continue.
Apenas nunca se esqueça que, assim como o Reino de Deus, a Igreja de Deus nunca foi deste mundo. Busque portanto a preparação integral para, um dia, poder estar na verdadeira Igreja ao lado de cristãos realmente cristãos, sem interesses materialistas ou egoístas pelo preço do sangue do salvador.
Eu sou um cristão que não vai à Igreja.
Mas procuro conviver com Cristo em meu coração em todos os momentos da minha vida. Porque é no coração do verdadeiro cristão que está guardado o inalienável tesouro de sua consciência.
JP em 07.12.2024