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Em achado inédito, James Webb dá pistas sobre mistério da astronomia: buraco negro ou estrela de nêutrons?

Dados sugerem que os restos da supernova 1987A, uma explosão estelar extremamente poderosa, podem estar preservando uma estrela de nêutrons, corpo celeste superdenso.

Imagem do Telescópio Espacial Hubble mostra a Supernova 1987A ao centro da Grande Nuvem de Magalhães. — Foto: NASA/ESA/R.KIRSHNER ET AL

Cientistas anunciaram na quinta-feira (22) que os restos compactados da supernova 1987A, uma explosão estelar extremamente poderosa e conhecida da astronomia, podem estar preservando uma estrela de nêutrons, um corpo celeste superdenso.

O achado é inédito, fruto de observações do supertelescópio James Webb e bastante importante para o estudo da evolução estelar.

A descoberta representa a primeira vez que os efeitos da emissão de alta energia da provável jovem estrela de nêutrons foram detectados diretamente (entenda mais abaixo).

“No nosso artigo discutimos diferentes possibilidades, explicando que apenas alguns cenários são prováveis, e todos estes envolvem uma estrela de nêutrons recém-nascida”, explica Claes Fransson autor principal do estudo que relata a descoberta, publicado na revista científica “Science”.

“Com o Webb, encontramos agora evidências diretas de emissão desencadeada pelo objeto compacto recém-nascido, muito provavelmente uma estrela de nêutrons”.

Buraco negro x estrela de nêutrons

A supernova 1987A, que ocorreu na Grande Nuvem de Magalhães, uma galáxia anã que orbita a nossa Via Láctea a 160 mil anos-luz da Terra, foi observada pela primeira vez em fevereiro de 1987 e, assim, foi a primeira supernova visível a olho nu desde 1604.

Por isso, há muito tempo, os cientistas especulam que o núcleo colapsado dessa supernova poderia ter formado uma estrela de nêutrons ou um buraco negro, mas essa prova definitiva era muito difícil de ser confirmada – até essas recentes observações do Webb.

Em 1987, observatórios aqui na Terra detectaram uma explosão de 10 segundos de pequenas partículas chamadas neutrinos, horas antes da SN 1987A ser observado na luz visível. Para os cientistas, isso sugeria a clara formação de um desses objetos compactos. O mistério seria saber qual.

No entanto, apesar de haver indicações anteriores da existência de uma estrela de nêutrons, cientistas não dispunham de evidências diretas da presença desse astro.

“[Até então] não tínhamos nenhuma assinatura convincente de tal objeto recém-nascido em qualquer explosão de supernova”, acrescentou Fransson.

Imagens capturadas pelo Webb mostram sinais intensos no centro do remanescente da supernova (no canto superior e inferior). Esses sinais sugerem a presença de uma fonte de radiação de alta energia, provavelmente uma estrela de nêutrons. — Foto: NASA/ESA/CSA/STScI

Agora, por causa do Webb, temos mais um forte indício de que essa teoria pode estar correta.

As observações recentes do supertelescópio mostraram sinais de emissão de alta energia, especialmente de argônio ionizado, vindo do centro do remanescente da supernova SN 1987A (veja imagem acima).

Esses sinais sugerem fortemente a presença de uma fonte de radiação de alta energia, o que torna bastante provável o objeto seja de fato uma estrela de nêutrons.

Uma descoberta notável que fornece a primeira evidência direta da existência de uma estrela de nêutrons após uma supernova recente, como SN 1987A.

Segundo um comunicado conjunto da Nasa, da Agência Espacial Europeia (ESA) e da Agência Espacial Canadense (CSA), mais observações da SN 1987A estão planejadas para este ano, tanto com o Webb quanto com telescópios terrestres.

A equipe de pesquisa espera que estudos contínuos forneçam mais clareza sobre o que está acontecendo no centro deste remanescente de supernova.

Essas observações devem impulsionar o desenvolvimento de modelos mais detalhados, permitindo aos astrônomos compreenderem melhor não apenas a SN 1987A, mas também todas as supernovas de colapso de núcleo, que resultam de uma violenta explosão.

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