
Jesus Cristo foi revolucionário ou conservador?
As duas coisas.
Conservador, porque se baseou na lei do Velho Testamento para realizar a sua obra, dando-lhe uma espécie de continuidade em relação aos escritos dos profetas e às expectativas do povo judeu sofrido, perseguido e martirizado (Egito, Babilônia e Roma).
Revolucionário, porque Jesus efetuou oitavas superiores em relação à letra morta dos fariseus, combatendo em especial a sua hipocrisia, ou caráter dos que pregam uma coisa mas praticam outra.
Aliás, coisa muito comum não somente no cenário religioso moderno, como também, no político.
De todas as crenças, de todos os partidos.
Jesus revolucionário não precisou destruir a base da religião antiga, apenas construir um novo modelo sobre os anteriores. A base nunca mudou, porque a base é a Lei.
A Lei dada a Moisés não muda, o que era pecado naquele tempo ainda é.
Matar, roubar, mentir, adulterar, caluniar, servir outros deuses, etc. A Esquerda progressista vê em tudo isso progresso, mas um espírito revolucionário não precisa negar a Lei para subir oitavas de consciência.
Ele pode voar cada vez mais alto, porém, preservando sob seus pés a firme base da doutrina que lhe deu asas.
Jesus Cristo conciliou de forma sublime os dois movimentos, conservador e revolucionário, porque ao cumprir a lei de Deus, conseguiu fazer com que ela subisse para novos níveis de entendimento e poder, o que abriu novas portas até então desconhecidas pelos seguidores da letra morta e do espírito sem fé.
A cena mais forte de um Jesus conservador está na expulsão dos vendilhões do templo, representando o templo o fundamento da fé, e os vendilhões, a invasão ideológica e comercial da doutrina.
E a cena mais forte de um Jesus revolucionário foi dar a própria vida pela humanidade, o que escandalizou os seguidores da letra morta e da fé sem amor, sem espírito de caridade, sacrifício e doação, doutrina comprada e vendida.
Podemos ser conservadores e revolucionários ao mesmo tempo. Uma ideia progressista nem sempre é boa.
Existem mudanças para pior, para muito pior, em comparação aos modelos antigos.
Certas coisas nunca deixarão de servir de base da humanidade, e uma delas é a família, e a outra, a moral e as virtudes cristãs.
Trocar tudo isso por valores que afrontam a base das coisas não é revolução, é anarquia, e anarquia gera caos, dor, sofrimento e destruição.
Nada disso pode ser considerado algo bom, progressista e moderno num sentido positivo ou libertador, como se pretende. Pelo contrário, são ações que escravizam ainda mais a humanidade na loucura.
Ser revolucionário não significa ser louco. Mas livre.
Muitas mudanças necessárias não podem negar ou destruir os fundamentos da lei. Quem programa mudanças destruindo os fundamentos da lei não alcançará grandes realizações, apenas destruição.
Não vemos amor e respeito em todo esse progressismo que pretende reescrever as religiões com conceitos negacionistas, mas apenas confusão, contradição, perversão e violência.
O pecado não pode ser jamais o fundamento da civilização. Acalentar o pecado como nova opção de vida é confirmar a própria sentença de sofrimento e morte, porque a lei que vai valer na Eternidade é a lei imutável de Deus, não a lei caprichosa e frenética dos homens.
A base da existência é a vida, e a base da vida é a lei, a lei do Espírito que criou todas as coisas e soprou vida em todos os seres. Não se pode mudar isso com a pretensão de atos revolucionários e progressistas, os quais, na verdade, revelam grande retrocesso de pensamento e decaimento de consciência.
Basta olhar o Universo.
Estrelas mudam de roupa todo o tempo, galáxias se recriam e novos mundos são descobertos, mas a grande lei da Física que regula tudo isso não muda nunca. Se mudasse, o Universo entraria em colapso.
Jesus chamou os apóstolos de SAL da Terra, que deveriam se levantar para conservar a sua palavra entre os gentios.
Aqui ele foi conservador.
Mas Jesus também nos convidou à renunciar ao mundo materialista e aos padrões da vida pecaminosa e limitada para alcançarmos o céu.
Aqui ele foi revolucionário.
Um mesmo edifício pode ser demolido e reconstruído conforme as exigências do tempo, mas a sua base firme deve permanecer a mesma, ou se fazer ainda mais firme para um prédio mais alto e com maior peso nas estruturas.
Uma árvore pode ser podada e até cortada, mas se a sua raiz permanece viva, ela vai brotar novamente.
Mas destrua a base, e o edifício cairá.
Mas contamine a raiz, e a árvore morrerá.
A base de toda doutrina é a Verdade.
Mas por conveniência própria, o mundo amou mais a mentira e a colocou por base dos seus caminhos.
Está com tudo isso caminhando mais depressa para o abismo dos anarquistas.
A revolução não precisa mudar as leis do tempo e do Universo para se libertar. O revolucionário precisa mudar primeiro a si mesmo, libertando-se do pecado e da ignorância que limita a sua mente e o aprisiona na escuridão.
De nada adiantará tirar a roupa suja e vestir a roupa limpa se o corpo estiver sujo. Não adianta tentar mudar o mundo lá fora se a alma ainda é escrava de seus próprios erros. Não se tira a trave do olho do irmão antes de se tirar a trave do próprio olho, para que se enxergue claramente o caminho a ser seguido.
A verdadeira revolução começa por dentro, na mudança mental, e quando ela acontece, a consciência nos guiará pelos caminhos legítimos da mudança externa.
A Criação é perfeita, não precisa ser modificada.
É o ser humano que precisa se modificar, e o primeiro passo é a morte interna dos defeitos.
O que Jesus expressou na cruz, o maior ato revolucionário de sua vida, que trouxe uma mudança extraordinária, a mudança da morte para a imortalidade.
O que realmente precisa ser mudado no mundo é tudo o que nasceu da mentira, da desonra, da paixão cega e das ilusões humanas.
O que nasceu da Verdade, isso deve ser conservado até o fim, porque já possui a sua assinatura eterna, enquanto os frutos da mentira se autodestroem com tempo.
A ciência moderna tenta reconstruir a natureza e a vida mas só tem acumulado fracasso e destruição.
Se o mundo está uma droga, mesmo tendo sido criado por Mãos amorosas, isso se deve à própria humanidade, que tem preferido pensar e agir no escuro.
Existirá alguém em sã consciência que seja capaz de olhar para a Natureza e dizer onde ela precisa de correção?
Eis que a Verdade já nasceu perfeita, completa e utilizável da parte de Deus, antes mesmo da Criação vir à tona, e ela não precisa ser reinventada por uma humanidade cada vez mais perdida, e sim, redescoberta, em todas as suas desconhecidas dimensões.
Toda arte, toda ciência, toda doutrina e toda criação humana saída da Verdade e alinhada com a Lei do Pai, precisam ser preservadas, porque são expressão do tesouro do céu.
Mas tudo o que o inferno vomita na superfície, voltará um dia para o seu estômago infectado.
Conservar o que precisa ser conservado, mudar o que precisa ser mudado, e discernir uma e outra situação, eis a mais perfeita expressão de sabedoria.
O céu pertence aos revolucionários que se apoiaram sobre a base firme da Verdade, a pedra fundamental da Cristandade, e tiveram a coragem de sustentar essa Verdade até o fim.
Porque é dessa pedra eterna que seus pés terão o firme apoio para caminharem pela jornada infinita de renovação diante de si.
Esse rochedo que é Deus.
JP em 22.04.2025