Essa raiz de poder que os textos antigos identificam no osso coccígeo, base da coluna vertebral, chamada de Kundalini, tem respaldo das escrituras bíblicas, desde o Velho Testamento e as tradições rabínicas em torno do Osso chamado “LUZ”, a partir do qual o corpo morto poderia ressuscitar (como uma árvore morta poderia rebrotar de sua raiz viva).
Que Moisés retratou como uma serpente de bronze ou miraculoso poder subindo na vara (símbolo da coluna vertebral) e restaurando a força vital e curando os israelitas no deserto, esse conhecimento do Velho Testamento ecoa no Novo Testamento quando, em João 3: 14, Jesus afirma que o segundo nascimento é um ato semelhante ao de Moisés levantando aquela serpente no deserto.
Bem se vê que a serpente não é um animal de todo amaldiçoado na Bíblia.
Essa serpente, que mora na concavidade do Osso Luz (o osso coccígeo, onde se instala o plexo nervoso sacro), em relação ao cérebro, equivale ao terminal positivo da força elétrico-nervosa do corpo, cujo terminal ou pólo negativo está no cérebro, e os nervos ao longo da coluna vertebral fazendo a ponte do circuito principal dessa energia (que pode ser amplificada pelas práticas), bem como toda a rede de nervos e neurônios do Sistema Nervoso periférico.
Não é com o som da flauta que aqueles domesticadores de serpentes em cestos faziam suas cobras dançarem? E apesar de praticamente surdas, as serpentes captam as vibrações do instrumento, e essa é a analogia aqui pretendida.
O Despertar da Kundalini
A analogia de que a chave do despertar do Kundalini é a chave de sempre, o som, a palavra, as vibrações, e todas as chaves harmônicas relacionando sons ao espectro das cores e frequências internas dos chakras que podemos reproduzir com as técnicas corretas combinadas a todo um trabalho de controle de respiração, concentração, meditação, disciplinas específicas etc.
O objetivo desta mística que revela os poderes internos do homem é fazer essa serpente despertar em sua morada na base da coluna (raiz do chakra fundamental, o Mulhadara) e ascender pelos nervos da espinha vertebral até o cérebro.
Mas essa simbologia está incompleta.
Na verdade, o Kundalini é como uma serpente de sete cores em seu potencial completo, e começa como uma cobra vermelha no seu potencial germinal encerrado em todos os corpos. A medida que as práticas evoluem, ela vai mudando de cor, se tornando à semelhança das cores dos chakras, em escala ascendente, de baixo para cima, nas mesmas tonalidades do arco-íris até se tornar violeta, mas sem perder em seu corpo de energia a cor vermelha original.
Não que ela suba do cóccix ao cérebro, isso é simbolismo. Na verdade, o papel dela é restabelecer a conexão perdida entre a raiz e o topo da árvore da vida que é o nosso corpo. Sua função é restabelecer a conexão de energia entre o cérebro e o instinto de forma permanente, numa contínua função de transmutação das forças vitais do instinto aplicadas na base, em direção aos poderes mentais que passaram ao comando das mesmas forças.
No caso do homem comum, dominado por vícios, o instinto é que controla a mente, mas no caso de um Iniciado e um Filho da Luz, a mente controla os instintos animais e lhes extrai a força num processo de constante refinamento, o que é análogo à mensagem do Caduceu de Mercúrio, quando a mente ganha asas de prata e o homem animal (instintivo) se torna homem anjo (espiritual).
E se a raiz da árvore da vida se instala nos instintos, o topo é a energia mental que deve ser consciente, inteligente e lúcida.
Essa é a finalidade do trabalho interno, espiritualizar a mente, despertar os poderes da inteligência divina na alma, produzindo bons frutos para o mundo, a partir da reativação daquela raiz da árvore da vida chamada Kundalini (ou Osso Luz do Velho Testamento e das tradições rabínicas, onde está contido o poder capaz de ressuscitar corpos que já morreram e até já se decompuseram!)
A serpente kundalini não sobe no sentido de sair do lugar, ela apenas vai modificando sua vibração interna e assumindo cores após cores, até completar o feixe de sete cores do espectro, o que significa que ela estará nutrindo todas as sete flores do conjunto de plexos nervosos do corpo, o que significa TAMBÉM, e por efeito, a abertura gradativa de poderes e faculdades novas na mente e nos sentidos alargados.
Ou seja, fixa no seu núcleo de poder, este kundalini vai aumentando sua vibração interna numa escala que repete com exatidão a mesma série harmônica da escala musical pitagórica.
E a mesma série de cores do espectro do arco-íris, de modo a ampliar sua conectividade com os departamentos do corpo e da mente, sem sair do “lugar”, como uma raiz que vai aumentando de tamanho e poder de alcance sobre todos os departamentos da árvore que ela sustenta nessa dinâmica de energias internas de circulação neuro-eletrônicas!
Todo trabalho disciplinar, ao longo dos anos, consiste em alimentar a raiz da árvore da vida e inserir sons, mantras e vibrações na cavidade óssea inferior da coluna vertebral até que ela assuma todas as sete frequências da escala pitagórica (natural, os sons da natureza) manifestando cada vez mais poderes e potencialidades internas, até que, por fim, faça brotar a luz violeta no alto da cabeça.
Quando a flor do lótus violeta se abrir no topo, debaixo do Sol Divino do Universo, isso significará que nossa individualidade estará se reintegrando a Existência Coletiva do Cosmos, o que significa começar a viver, começar a assumir o real sentido da vida, que deixa de ser individualizada e limitada pelas ilusões do EGO, mas se torna ampla e dinamizada pelas conexões com o Infinito que este novo Iniciado e Filho da Luz conseguiu realizar.
Tudo a partir de uma serpente de sete cores chamada Kundalini, que estava dormindo na base da coluna, e que o discípulo, com sabedoria, conseguiu despertar com os sons de sua Lira de sete cordas…
Um símbolo divino que se fez amaldiçoado por causa do abuso do seu grande poder e da inversão das técnicas elementares do seu despertar no Santuário onde ele dorme… como uma serpente de sete cores!
A técnica certa desperta a cobra e a torna luminosa, divina, sagrada, mas a técnica errada a faz cair e rastejar na terra, comendo pó a cada nova encarnação…
“Então o Senhor Deus disse a serpente: porque fizeste isto, maldita serás mais do que toda fera, mais do que todos os animais do campo, e sobre o teu ventre rastejarás e comerás pó todos os dias de tua vida…”
Gênesis 3: 14
CURIOSIDADE
Investigue estas coordenadas 3: 14 no Livro de João.
E também, Êxodo, 3: 14
E se surpreenderá.
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