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Os Dez Mandamentos da Boa Prática

1. VONTADE

É preciso querer intensamente a prática e o objetivo da prática, inundando o espírito de entusiasmo. É o ponto de partida. Sem Vontade, sem boa disposição e entusiasmo renovados, as práticas se mecanizam, se tornam rotineiras e monótonas com o tempo, e não vibrarão a nota-chave de sua realização. A Vontade não é somente uma questão de Querer intensamente, mas de Saber e compreender esse querer intenso e seus motivos e finalidades de busca. Vontades cegas não realizam nada, e podem até se tornarem destrutivas.

 

2. CORAÇÃO TRANQUILO

É O Segundo mandamento em importância. Se o coração nos trair, a prática falhará. Se o coração abrigar sentimentos de ansiedade, ou de desânimo, ou de falta de fé e confiança, ou de desistência, e qualquer emoção negativa que lhe roube a serenidade, ele nos trairá e a base da edificação espiritual na prática não estará sólida o bastante. O coração tranquilo é a base da edificação espiritual. Emoções negativas dividem a força interior. Medo, ansiedade ou desânimo por causa da falta de resultados são as emoções negativas mais comuns que podem surgir durante a caminhada.

 

3. AMBIENTE

É preciso criar um ambiente externo compatível com a prática, e se possível, um ambiente isolado, onde se possa praticar a introspecção com mais eficiência, sem elementos externos que causam distração ou desconforto durante a prática. Isso inclui criar uma atmosfera propícia no local onde se pratica, com os recursos disponíveis.

 

4. DISCIPLINA

A disciplina fala em horários e regras a serem obedecidos. Quanto mais constância nesse aspecto, maior será a eficiência dos resultados. Se a pessoa muda toda hora de horário, métodos e objetivos, com certeza criará dispersão mental, e dispersão mental dilui a força mental da realização. A disciplina ajuda a conservar a força mental focalizada no alvo, o que inclui toda objetividade ao máximo.

 

5. PERMANÊNCIA

Nenhuma prática pode ser ligeira e eficiente ao mesmo tempo. É preciso tempo mínimo de permanência na prática, da mesma forma que a água só ferve na chaleira depois de um tempo mínimo exposta à vibração do fogo que a aquece. Assim é a prática, sendo a mente a sua chaleira, e a água, os pensamentos que você ferve dentro dela, elevando sua temperatura até que eles mudem de estado, de vibração, fazendo saltar as percepções do nível da normalidade racional à paranormalidade espiritual. O tempo mínimo de permanência em prática costuma ser de meia-hora. E quanto mais tempo, melhor. Mas é preciso não se cansar demais, para não perder o equilíbrio.

A permanência também fala da constância num único método ou objetivo ao longo do tempo, porque mudanças contínuas também vão gerar dispersão mental, fragmentando a força interior.
Muitas pessoas desistem logo de suas práticas, métodos e objetivos em poucos dias pela falta de resultados, o que é um erro comum. É preciso insistir. O tempo só está a favor de quem persiste. Desistir é sempre o caminho mais fácil.

 

6. CONTROLE DO CORPO E DA MENTE
(ATENÇÃO DIRIGIDA)

O controle do corpo e da mente são a primeira fase de uma prática bem sucedida. Se o corpo está tenso e não relaxado, e se a mente está agitada e dispersa, serão como portas fechadas para a experiência. Somente quando corpo deixar de incomodar, como se ele nem existisse mais, e somente quando a mente se alinhar num único pensamento, saindo da zona de turbulência natural, é que a prática começará a manifestar resultados. Controlar corpo e mente significa saber extrair todas as energias vitais do corpo e energias mentais do cérebro na aplicação dos objetivos da prática, o que significa saber concentrar todas as energias num ponto, seja para meditar, seja para orar, seja para criar qualquer realidade paralela com a tela da mente!

 

7. CONCENTRAÇÃO

concentrar o pensamento é mais do que focalizá-lo num único ponto. É saber somar toda a energia disponível no seu sistema interno para aquele alvo mental, emocional e espiritual da sua busca. É se fazer UM com todas as partes do seu ser. É somar energia vital, respiração, pensamento, emoções, desejos, vontades, inteligência, enfim, todas as suas partes numa direção determinada. A concentração é a alavanca que move a experiência, apoiada sobre a mente em estado perfeito. Sem ela, as energias se dispersam e nunca alcançam a nota-chave da realização da prática. É como se a mente fosse uma lente que, durante a concentração, filtra os raios dispersos dos pensamentos e focalizam-nos em um único ponto, criando um grande vetor de energia realizadora.

 

8. ENERGIZAÇÃO

O corpo e a mente são sistemas de energia, e como vimos antes, somente com o controle de ambos é que poderemos começar a manipular as grandes energias que estes dois veículos da alma possuem. O corpo e a mente são veículos de manifestação da alma encarnada, vida e pensamento é o que eles manifestam. Mas uma vida cheia de vícios, excessos e desregramentos é tão nociva quanto uma mente dispersa, sem direção definida no mar da existência, abrigando pensamentos volúveis e desejos fúteis e superficiais.
O primeiro passo para se manter sempre elevada a taxa de energia em nosso sistema interno (corpo e mente) é evitar excessos e desregramentos na vida. Uma pessoa que cometeu vários abusos durante o dia estará completamente desgastada e inutilizada para praticar qualquer coisa naquela noite, a única coisa que seu corpo vai pedir é uma longa noite de sono, para repor toda a energia vital e mental perdida.

O primeiro passo para a energização é saber economizar as próprias energias durante o dia, para que, durante o recolhimento, elas estejam num nível aceitável para a prática.

Então, na prática, temos que conhecer e explorar bem as fontes de energia disponíveis, e a mais imediata de todas é o controle da respiração. Realizar ao menos meia-hora de respiração profunda e rítmica irá inserir grande quantidade de energia mental no cérebro e sistema nervoso em circulação, além de ajudar a relaxar rapidamente o corpo, impondo ao cérebro aquele ritmo lento e calmo que migra para o nível Alfa de atividade, antes de mergulhar em níveis mais profundos, conforme a experiência progrida.

 

9.VISUALIZAÇÃO

Essa operação se conjuga com a concentração. A visualização tem que ser um ato consciente. É quando você começa a escultura dos seus desejos, dos seus objetivos, da sua viagem astral, da sua meditação.

É importante saber que o Universo só comunga com meditações que estejam em sintonia com a Vontade do Todo. Temos que levar até nossos desejos e objetivos para a forja das meditações, sempre perguntando o porquê de queremos isto ou aquilo, sempre procurando buscar o propósito consciente de cada uma de nossas ações e metas, caso contrário, se estivermos buscando coisas erradas, impróprias ou não adequadas para aquele momento, o Universo não dirá AMÉM aos nossos passos, e eles simplesmente não se cumprirão, ficando à espera de uma maturidade que ainda nos falta ou de uma consciência mais clara que ainda não possuímos.

Portanto, não basta visualizar nossos objetivos em prática de construção mental via energia dos pensamentos, precisamos também buscar a consciência de todos estes objetivos que temos levado ao campo da visualização, para ver se eles estão coerentes com o nosso momento, o que significará receber o AMÉM do Universo, e sua inevitável cristalização em nossa vida. Caso isso não aconteça, e caso objetivos demorem a ser realizados, nem sempre o motivo é a falta de perseverança pessoal. Muitas vezes se trata de um objetivo que o Universo não aceitou e não abraçou.

O “Segredo” não consiste apenas em praticar a visualização.

Ele requer que você aprenda a tomar consciência perante a Fonte (Universo) de todos os seus desejos aplicados nestas visualizações. Não basta querer. É preciso saber querer.

E o “Segredo” se completa!

Porque, no final, o homem aprende o significado de se tornar INSTRUMENTO da Vontade de Deus, ao invés de fazer de DEUS um instrumento de realização de suas vontades pessoais…

 

 

10. EQUILÍBRIO

O mandamento final, aquele que nos dá a capacidade de compreender todas as partes do mecanismo complexo que envolve toda e qualquer prática, exigindo nossa fé, nossa concentração, nossas emoções harmoniosas, nossos pensamentos esclarecidos, nossa saúde física e mental, enfim, partes essas que devem estar operando cada uma em seu lugar para que um resultado final igualmente harmonioso seja alcançado.

Equilíbrio significa não exagerar em nada. Ser intenso nas práticas não é a mesma coisa que exagerar, que extrapolar. Geralmente, o sentido da Via do Meio significa ser MODERADO nas coisas do mundo e ser INTENSO nas coisas do espírito, mas as pessoas normalmente fazem o contrário, sendo INTENSAS e exageradas nas coisas do mundo e as necessidades do corpo, e fracas, débeis e dispersas nas coisas do espírito.

Por isso todo monge, todo iogue, todo devoto é casto, é sóbrio, é moderado e econômico nas coisas do mundo e nos desejos do corpo, para que possa ser INTENSO nas coisas do Espírito. Porque não se pode servir a dois senhores sem que um seja traído e negado.

Ou você serve o mundo e os desejos do corpo, ou serve a Deus e o chamado do Espírito. Se for intenso numa direção, com certeza será débil na outra. Aquele que intensifica o chamado do espírito vai se tornando, por efeito, débil nos chamados da matéria. E a via do meio surge por si mesma.

E com a prática, o discípulo descobrirá que a mesma chama da vida que ele usava para acender seus desejos carnais no passado, é aquela que ele usa para acender o Santuário interior, dentro de uma via eleita e consciente que o levará ao encontro com Deus dentro, e a comunhão com o Universo a partir das portas internas que, finalmente, ele aprendeu a abrir numa vida cheia de fé, dedicação e perseverança!

 

 

JP em 26.03.2019

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