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O fogo na mente e o segredo de Arani

O “Arani feminino” é um nome do Aditi Védico (esotericamente “a matriz do mundo”). O Aranî é uma suástica, um disco de madeira com uma cavidade central, na qual os brâmanes produzem fogo por atrito com a pramantha, uma vara, um símbolo do gerador masculino. É uma cerimônia mística de vasto significado oculto e muito sagrado, que o materialismo rude de nosso século corrompeu, dando-lhe um significado fálico”.
(Glossário teosófico)

Arani é a mente, o espaço vazio, o grande receptivo em nós.
Nossa natureza dual corpo e mente é uma polarização da alma.
A alma encarna em dois veículos: veículo físico (corpo) e veículo psíquico (mente).

A alma é energia neutra primordial.
O corpo físico é o polo positivo, energia vital.
A mente é o polo negativo, energia mental.
A existência da consciência vai muito alem do pensamento.

Temos consciência antes mesmo de manifestar pensamento, de modo que essa declaração demonstra que a mente é um veículo de manifestação da alma, como o corpo.
O corpo é a manifestação vital da alma, e a mente, a manifestação psíquica.
Podemos dizer que corpo e mente são as duas colunas sobre as quais a alma se estabelece em vida orgânica.

O símbolo de Arani, antes de ter sido deturpado par simbologias sexuais, era essa retratação das duas polaridades de energia da alma: corpo e mente.
O bastão fricciona o vaso, e ali o fogo é gerado.
O deus Prometeu e sua ciência de fazer fogo, que ele partilhou com a humanidade e fora banido dos céus por causa disso.

O objeto gerador de fogo também era chamado de Pramantha:
PRA: impulso, preencher; MAN: pensar, imaginar; THA: disco, protetor. Ou seja, algo como “instrumento para dinamizar o pensamento criador”.

O bastão simboliza assim a coluna vertebral, que é o eixo de conexão entre os dois terminais da eletricidade nervosa circulante no corpo físico. O terminal inferior está na base, polo positivo (osso coccígeo) e o terminal superior está no topo, no cérebro (encéfalo), polo negativo.

A importância do sistema nervoso é enorme para a vida, porque o sistema nervoso completo é o elemento intermediário entre a vida do corpo e o psiquismo da mente.

Quando o bastão fricciona o disco, e a suástica lhe aparece no símbolo, isso se relaciona ao chakra fundamental, de quatro pétalas da flor vermelha dos quatro instintos básicos refinados. Essa energia física transmutada, na soma dos quatro instintos básicos, repercute no osso do cóccix e desperta o Kundalini, que então ascende e propaga seu poder ao encéfalo, o polo superior, gerando fogo, luz, energia mental realizadora e, em termo final, consciência de Iluminação.

Friccionar o bastão até que ele gere fogo no vaso nunca foi um símbolo com conotação sexual, e sim, uma chave da transmutação e geração de energia luminosa na mente, paralelo aos significados do Caduceu de Mercúrio.

Friccionar o bastão retrata um ato de esforço repetitivo, como todas as práticas que fazemos com esta proposta.
São todas as energias do terminal inferior (instintos) que você puder refinar e direcionar ao cérebro, terminal superior, movimentando assim a circulação da eletricidade nervosa, que se torna o agente intermediário entre as duas naturezas básicas do homem, corporal e mental, promovendo uma legítima reintegração interior como requisito para a Iluminação da consciência pelo despertar integral de todas as suas faculdades, por ora, adormecidas em estado latente na humanidade moderna.

A chave magna está no sistema nervoso e na energia de bio-eletricidade circulante: ela é o agente intermediário entre o corpo físico e o psiquismo da alma, e somente trabalhando diretamente com a amplificação essa energia específica é que conquistaremos as finalidades da Doutrina como caminho de auto-conhecimento e reedificação do espírito humano em termos de nova consciência e até uma nova biologia transformada, da morte para a imortalidade.

É claro que este símbolo também tem conceitos cosmológicos profundos, como aponta a pesquisadora Blavatsky em seu Glossário Teosófico. Mas neste momento, nos ocupamos somente em desvendar o seu sentido no nosso cosmo humano.

Porque somente reedificando o cosmo humano pessoal, poderemos encontrar o caminho de reintegração com o Cosmo Universal, sendo este o argumento do Yoga, Tao ou Religio, e todas as doutrinas que ensinam a via da comunhão do UM com o Todo, através do Fogo Universal, o Fiat Lux, que está ao mesmo tempo no Cosmos, no átomo e no coração que pulsa, sente e vive!

JP em 14.02.2020

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