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O canto do cisne de Leonardo da Vinci

João Batista, sua última pintura.

São João Batista é uma pintura a óleo em madeira de nogueira de Leonardo da Vinci feita no período da Alta Renascença. Provavelmente completada de 1513 a 1516, acredita-se que seja a sua pintura final.

O tamanho original da pintura era de 69 x 57 cm. Agora é exibido no Museu do Louvre em Paris, França.

Mostra um profeta de traços híbridos, quase um andrógino, diferente da imagem de um profeta rústico e de barba associada a João Batista e sua vida dura de habitante isolado do deserto, um eremita (os judeus usavam barba, é costume até hoje, simbolo de virilidade e poder).

Tudo na tela respira a mesma androginia contida na Monalisa, um dos estilos secretos do mestre em suas mensagens alquimistas herméticas codificadas.

Sol e Lua, a face masculina e feminina claramente combinadas neste rosto.

As mãos também cumprem o jogo alquimista.
Mão direita (masculina) aponta o caminho (o céu, a cruz no topo do bastão) enquanto a mão esquerda (feminina) se volta para dentro, para o coração.

Dois movimentos, para fora e para o alto (realização externa) e para dentro (realização interna) que se complementam.

Isso é alquimia pura, e a realização espiritual externa só pode acontecer a partir da realização interna (autoconhecimento, morte do ego, trabalhos internos de transmutação, meditação etc).

Notem que o profeta está cercado por uma atmosfera escura, quase tenebrosa, e ele mesmo ilumina o quadro com sua presença, como querendo dizer:

“A Luz que ilumina o mundo está dentro de mim.
A Luz que eu capto do Universo, capto pela Luz que há em mim.”

O híbrido ou andrógino assume várias faces nessa chave, quando as duas luzes se tornam uma só.

O Sol e a Lua, Yang-Yin ou animus-anima da nossa natureza dual, espiritual, almas gêmeas dentro em bodas de amor antes de aparecerem como um casal perfeito numa realização externa.

A dualidade inerente da vida mortal desaparece, restando somente uma unidade original conectada à Fonte de tudo.

Outro João andrógino de Leonardo da Vinci
João Evangelista

João Evangelista foi colocado a direita de Cristo (na Última Ceia não na forma de uma mulher (ou Maria Madalena, como defendem algumas teorias da conspiração tenebrosas que querem transformar Cristo num homem comum que teve relações sexuais com Madalena e filhos – sendo que o próprio Jesus Cristo, nos evangelhos, proibe o casamento aos seus apóstolos, dizendo que nem todos podiam suportar um mandamento dessa altura de exigência, e também que Anjos não se casam, e não poderiam se casar os filhos de Deus que aspiram a ressurreição).

Como pode Cristo ter se casado com Madalena se ele proibiu o casamento aos seus discípulos (ou à todos os que pudessem cumprir tão elevado mandamento de castidade?)

Isso deixa claro que a alquimia referida aqui nunca foi de ordem sexual, mas espiritual.

Porém, muitos adeptos da teoria de Madalena fazem duas coisas: pulam essas passagens da Bíblia e, quando as observa, não podendo suportar a verdade ali contida, alegam que a Igreja é que inseriu tudo isso para confundir a humanidade…

O código da Vinci repete esse tema diversas vezes e não foi diferente na Última Ceia. Sabemos que cada apóstolo está na posição de um dos doze signos do Zodíaco, cujo Sol central é retratado por Cristo, o ponto de fuga da pintura.

O signo de João Evangelista é Libra! As duas metades reunidas, os dois pratos da Balança, o andrógino original que, segundo outras vertentes da Astrologia Hermética, é o signo que separou o andrógino original humano representado pelo masculino em Escorpião e pelo feminino em Virgem!

E estes dois signos têm mesmo símbolos sexuais (macho e fêmea) em seus hieróglifos.

E Libra fica exatamente entre estes dois signos separados nas origens de um andrógino original, e Libra passou a representar a Lei que regula o amor em suas relações institucionais da sociedade, como matrimônio e família.

Portanto, o João da Última Ceia jamais foi Maria Madalena, como defendem os teóricos que não conseguem mais separar amor espiritual de sexo (cada qual defende a teoria que lhe convém).

Contudo, isso não quer dizer que Jesus proibia o casamento para as pessoas, apenas que o desaconselhava para as pessoas de um nível espiritual mais elevado, prontas para saltar dessa vida carnal ilusória mortal para a vida espiritual eterna, de natureza imortal.

Tanto que ele acrescentou:
“Esse mandamento é somente para aqueles a quem ele foi destinado” (por predestinação).

João ali é um Andrógino.
Como o outro João, o Batista dessa pintura.
E outros personagens da obra de Leonardo compondo um padrão de mensagens ocultas nessa mesma direção.

(passagens bíblicas com as declarações de Cristo:
Mateus 22: 23-33, Lucas 20: 27-38, Mateus 19: 10-14)

Tudo isso é desconhecido pela maioria das pessoas religiosas diante de todos os elementos ensinados nas doutrinas como objetivo e meta de uma existência livre da morte (a Graça Divina) precisam ser construídos, antes, dentro da nossa própria alma.

Como a presença crística no coração antes de ser acionada como uma salvação externa vinda do Mestre Jesus.

Porque Jesus pode ter sido homem na sua encarnação de 2000 anos atrás.
Mas Cristo, o Filho de Deus, sempre teve uma natureza andrógina, e por mais que isso choque os fundamentalistas, não importa.

Porque disse o Espírito de Deus:
Eu criei a ti, Adão, à minha imagem e semelhança.
Macho e Fêmea o criei!

E se Deus é Pai-Mãe, e se todo Filho de Deus é sua Imagem e Semelhança, esse Filho Cristo é igualmente um andrógino, o alvo da alquimia espiritual que Leonardo da Vinci certamente procurou e praticou.

Grande parte do seu gênio não se deve a outro fator além deste.

  1. Jesus viu crianças de peito a mamarem. E ele disse a seus discípulos: Essas crianças de peito se parecem com aqueles que entram no Reino. Perguntaram-lhe eles: Se formos pequenos, entraremos no Reino?
    Respondeu-lhes Jesus: Se reduzirdes dois a um, se fizerdes o interior como o exterior, e o exterior como o interior, se fizerdes o de cima como o de baixo, se fizerdes um o masculino e o feminino, de maneira que o masculino não seja mais masculino e o feminino não seja mais feminino – então entrareis no Reino.
    (Evangelho apócrifo de Tomé)

Afinal, crianças são andróginas no seu completo desinteresse por sexo, coisa que a Ideologia Vermelha Satânica tenta destruir na raiz ao procurar sexualizar a sagrada infância com sua doutrinação imunda.

JP em 29.01.2023

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