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O amor que vence a morte em quatro mitos do mundo antigo

Gilgamesh e Enkidu

“Na história narrada pelo poema, Gilgamesh é apresentado como um rei despótico, arrogante e que oprimia o povo da cidade de Uruk. Os deuses, então, criaram Enkidu do barro e enviaram-lhe ao encontro de Gilgamesh com a missão de torná-lo mais humilde.

Os dois tornaram-se amigos e iniciaram uma trajetória marcada por muitas aventuras, e, em uma dessas aventuras, ambos desrespeitaram a deusa Inana.

Os deuses resolveram matar Enkidu como punição pelo desrespeito a essa deusa, e, Gilgamesh, entristecido, iniciou uma outra jornada em busca da imortalidade.

Nessa jornada pela imortalidade, Gilgamesh foi ao encontro de Utnapishtim, um herói conhecido por ter alcançado a imortalidade após sobreviver a um grande dilúvio.

Durante esse grande dilúvio, Utnapishtim teria construído uma grande arca a mando dos deuses e abrigado sua família e um grande número de animais nela.

Esse herói prometeu a imortalidade para Gilgamesh, desde que ele cumprisse algumas missões. Entretanto, o rei falhou nessas missões e retornou para Uruk.

A menção ao dilúvio é uma parte da narrativa que chama a atenção por causa da semelhança com a narrativa bíblica sobre o dilúvio e a trajetória de Noé.

Os historiadores acreditam que a história suméria tenha servido de influência para a formulação da narrativa hebraica sobre o dilúvio.

Esses especialistas sugerem ainda que, além desse, existam outros aspectos da cultura hebraica que também foram herdados da cultura suméria.

Castor e Póllux

Castor (grego, castor literalmente) e Pollux (em latim: Pollux) ou Polideuces (em grego: “vinho muito doce”) eram dois irmãos gêmeos da mitologia grega e romana, filhos de Leda com Tíndaro e Zeus, respectivamente, irmãos de Helena de Troia e Clitemnestra, e meio-irmãos de Timandra, Febe, Héracles e Filónoe.

Eram conhecidos coletivamente em grego como Dióscuros (em grego: Dioskouroi, “filhos de Zeus”; em latim: Dioscuri) e em latim como os Gêmeos (Gemini) ou Castores.

Por vezes também são referidos como Tindáridas (em grego: Tundaridai; em latim: Tyndaridae), uma referência ao pai de Castor e pai adotivo de Pólux.

No mito, os gêmeos partilham a mesma mãe, porém têm pais diferentes — o que significa que Pólux, por ser filho de Zeus, era imortal, enquanto Castor não o era.

Com a morte deste, Pólux pediu a seu pai que deixasse seu irmão partilhar da mesma imortalidade, e assim teriam sido transformados na constelação de Gêmeos.

Os dois são tidos como padroeiros dos navegantes, para quem aparecem na forma do fogo de Santelmo. Em algumas versões Pólux era mortal, mas sendo filho de Zeus recebeu o dom da divindade (imortalidade).

Orfeu e Euridice

Um dos mitos mais populares é o de Orfeu. Ele teria sido o mais talentoso dentre todos os músicos. Orfeu era filho da musa Calíope e, segundo alguns, do deus Apolo, que presenteou o filho com uma lira.

Quando Orfeu a tocava, os pássaros paravam para escutar, os animais selvagens perdiam o medo e as árvores se curvavam para pegar os sons que o vento trazia. Orfeu se apaixonou pela bela Eurídice e se casaram.

Ela era tão bonita que despertou o interesse de outro homem, Aristeu. Depois de recusar Aristeu, este passa, contudo, a persegui-la. Durante a fuga, Eurídice tropeça em uma serpente.

O animal pica Eurídice – e, sob o efeito do veneno, a jovem morre. Desesperado e sofrendo, Orfeu foi até o mundo dos mortos com sua lira para resgatar Eurídice.

A canção emocionada que entoa convence o barqueiro Caronte a levá-lo e, em seguida, faz adormecer Cérbero, o cão de três cabeças que vigia a entrada do mundo inferior.

Quando Orfeu chega perante Hades, o deus do submundo fica muito irritado ao ver que um vivo conseguira penetrar no mundo dos mortos, mas a música de Orfeu o comove. Perséfone, que estava com Hades, o convence, então, a atender ao pedido do músico.

Hades concorda, mas coloca uma condição: Eurídice pode sair seguindo Orfeu, mas ele só deve olhar para ela novamente quando estiverem à luz do sol.

Orfeu parte, então, pela trilha íngreme que leva para fora do mundo inferior, tocando músicas de alegria e celebração, a fim de guiar a sombra de Eurídice de volta à vida. Ele não olha nenhuma vez para trás, até atingir a luz do sol. Mas, então, vira-se, procurando se certificar de que Eurídice o está seguindo.

Por um momento ele a vê, perto da saída do túnel escuro, perto da vida outra vez. Mas, enquanto ele olha, ela se torna de novo um fantasma, seu grito final de amor e pena não mais do que um suspiro na brisa que sai do mundo dos mortos. Ele a perde para sempre.

Hades e Perséfone

Hades foi um deus grego do submundo e o responsável por manter as almas dos mortos nesse local. Era irmão de Zeus e casado com Perséfone.

Hades era uma divindade que pertenceu à religiosidade dos gregos antigos, sendo considerado o deus do submundo. Era sua responsabilidade manter as almas no submundo e possuía um guardião chamado Cérbero. Era casado com Perséfone, a qual raptou ao vê-la colhendo flores.

Um dos episódios mais conhecidos da trajetória de Hades foi o sequestro de Perséfone, deusa da agricultura e da vegetação. Nesse mito, Hades teria ido ao mundo dos mortais para verificar a guerra que era travada entre os deuses olímpicos e os gigantes. Quando passava pelas proximidades do monte Etna, avistou Perséfone.

Essa deusa estava em uma pradaria colhendo flores, e sua beleza chamou a atenção do deus do submundo. Além disso, Hades havia sido atingido por uma flecha de Eros, deus do amor. Tão logo se apaixonou por Perséfone, Hades decidiu sequestrá-la, levá-la ao submundo e lá casar-se com ela.

O sequestro de Perséfone colocou a mãe dessa deusa, Deméter, em profundo estado de tristeza. Como Deméter também era uma deusa da agricultura, a Terra passou por um período de fome severa, já que ela se esqueceu de suas obrigações.

Com isso, Zeus decidiu mediar a questão para que Hades devolvesse Perséfone a sua mãe.

Hades, no entanto, havia dado um pouco de romã para que Perséfone comesse, e, como ela havia consumido alimento do submundo, não poderia abandoná-lo permanentemente.

Assim, Hades e Deméter chegaram a um acordo, decidindo que metade do ano Perséfone moraria com Hades no submundo, e na outra metade moraria com Deméter.


Porque metade na luz e metade nas trevas?

Um símbolo recorrente, vinculado ao Sol e aos ciclos das estações, alternando 6 meses do despertar da vida (primavera/verão) e 6 meses de retração e morte (outono/inverno).

Essa dualidade apresentada nestes relatos, seis meses no céu e seis meses no inferno, retrata uma alternância de vida e morte que caracteriza o ciclo da natureza nesses mitos.

Faz parte da própria dinâmica dos ciclos, a grande roda das mudanças, ilustradas em simbologias como estas.

Contudo, a imortalidade absoluta transcende todas as dualidades em sua conexão direta com o eixo daquela Roda, impelido em seu mecanismo pela origem da vida, que não reside na forma que a anima, mas no espírito que habita essa forma.

E qual o poder existente acima desta dualidade vida e morte dentro desta coleção de mitos?

Enfim, não poderia deixar de ilustrar a conclusão desse tema com a lembrança de Jesus Cristo, cujo amor de salvação o fez baixar aos infernos para resgatar não somente uma, mas todas as almas do mundo.

E se eu não o inclui entre os quatro mitos anteriores, é porque sua história nunca foi um mito.

Ele realmente ressuscitou e se tornou à imagem e semelhança de Deus.

JP em 07.07.2023

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