A mente simplista gosta de pensar por atalhos.
Caminhos de menor esforço para o entendimento das coisas.
Mas a mente profunda gosta de pensar em termos de abrangência, se tornando exploradores da razão lúcida e destemida.
Mentes simplistas tem um medo crônico da Verdade, enquanto a busca da Verdade é o principal combustível das mentes profundas.
As mentes simplistas têm preguiça de pensar, e atacam com violência sistemática todos os argumentos das mentes profundas que ameaçam sua horizontalidade de conceitos, forçando-os a ver um pouco além e acima, na linha vertical da razão.
Isso não significa que as mentes profundas perderam a capacidade de ver as coisas de modo simples. Podem e muitas vezes o fazem, quando o conjunto de dados da informação realmente é suficiente para esse tipo de conclusão final.
Mas enquanto a complexidade de qualquer assunto intimida os pensadores simplistas, ela aguça os pensadores profundos.
Os pensadores profundos intimidam as mentes simplistas por ameaçar constantemente o edifício sólido das suas crenças e convicções mais indiscutíveis, obrigando-os a uma contínua revisão de conceitos (coisa que as mentes simplistas odeiam, porque já estão seguras que sabem o suficiente).
Mentes simplistas geralmente se apóiam em crenças sólidas formuladas não por si mesmos, mas por outros pensadores e pensamentos que lhes pareceram convenientes às suas lacunas intelectuais, ou seja, gostam de pensar com o pensamento de outros.
Mentes profundas até podem se regrar por ideias alheias, mas priorizam a própria compreensão em todas as esferas de abordagem intelectual, quando então se capacitam elas mesmas a formular novos conceitos com esse tipo de inteligência criativa.
Mentes simplistas tem respostas prontas para tudo.
E não aprendem.
Mentes profundas buscam respostas para tudo.
E aprendem.
Simples assim.
Mentes simplistas pensam dentro de um quadrado, e procuram medir suas perguntas pelas laterais daquele quadrado, enquadrando (literalmente falando) suas respostas.
Mentes profundas rompem com as regras da geometria linear, fixa ou tridimensionalista, procurando ver de maneira sempre NOVA E DIFERENTE tudo o que aparece diante dos seus olhos.
Mentes simplistas têm medo do escuro e, por incrível que pareça, vivem refugiadas no escuro.
Mentes complexas amam a luz e o espetáculo da luz revelando novas paisagens resgatadas do escuro, quando ninguém as enxergava ali.
A evolução da consciência humana é sempre um legado das mentes profundas.
Geralmente o legado das mentes simplistas se relaciona à todo tipo de guerra em nome do fanatismo intelectual, religioso ou político.
Mentes simplistas semeiam divisão.
Mentes profundas lutam pela unidade do pensamento.
Porque a opinião divide, mas a consciência congrega.
Mentes simplistas tateiam.
Mentes profundas penetram.
Mentes simplistas caminham por estradas batidas de crenças compartilhadas.
Mas mentes profundas voam por rotas solitárias, inaugurando novas ideias.
Mentes simplistas vivem em um estado de noite eterna da razão, enquanto mentes profundas fazem de cada novo pensamento uma janela aberta em potencial para uma nova manhã de realidades desconhecidas…
Mentes simplistas apenas acumulam informações antigas, como memória de referência para todas as suas definições.
Mentes profundas guardam informações para elaborar uma compreensão dinâmica e elástica do Universo, em eterno processo de mutação e movimento.
O pensamento profundo gera a luz.
O pensamento simplista preserva a sombra.
Evidentemente, as mentes simplistas, que tem respostas prontas, fáceis e rápidas para tudo (ao estilo Miojo Lamen) não se prestam a carreira científica.
Um cientista não é aquele que tem todas as respostas.
Mas aquele que sabe que todos os dias, precisará de novas respostas para as novas perguntas que, com certeza, surgirão em sua mente diante do Novo se mostrando de instante a instante…
Mentes simplistas são boas para carreira cômica.
Porque muitas vezes nos fazem rir…
JP em 23.03.2022