Devemos pedir riquezas ao plano espiritual?
Não é um tipo de sonho ou busca (busca por numeros de loterias, senas e similares, por exemplo) que eu incentivo qualquer um a fazer, e muito embora estejamos atravessando aquela fase das crenças modernas que decretam que o Universo pode e deve enviar riquezas materiais a você, bastando um decreto seu, um número mágico ou qualquer tolice do tipo, o que realmente devemos buscar em termos de riquezas é pela sabedoria e pelo conhecimento de Deus.
Moedas ou fortunas em sonho raramente representam riquezas materiais.
Geralmente apontam para valores internos a serem resgatados. O dinheiro e o ouro, especialmente, significam conhecimento, os tesouros da sabedoria, na linguagem esotérica.
Pela numerologia, receber números em sonhos pode representar muitas coisas, depende muito da situação do seu momento, das emoções que lhe atravessam naquele período.
Números são como roupas, cada momento usamos uma roupa de acordo com as circunstâncias.
“Buscai a Deus em primeiro, e a sua justiça, que todo o resto será acrescentado”, disse Jesus.
E se o próprio Jesus disse ao rico para que ele abandonasse todas as suas riquezas para seguí-lo, o que faz a modernidade mística pensar o contrário, intimando o universo a lhes cobrir de riquezas materiais enquanto a alma é tragada pelo ralo?
Não foi o mesmo Jesus Cristo quem rechaçou o demônio no deserto, quando ele lhe ofereceu todas as riquezas materiais e glórias mundanas?
O Pai nos dá o que precisamos (não o que queremos) quando andamos em conformidade com os seus caminhos.
Pedir pelo Pão Nosso de Cada Dia não é errado.
É nosso dever pedir pelas nossas necessidades e agradecer pelas nossas dádivas.
Mas o Pai não incentiva a cobiça ou a ambição material, porque aprecia a oração de gratidão pelas coisas que temos, ainda que sejam poucas coisas.
Quando o pouco com Deus se torna muito. E o muito sem Deus sem torna nada.
Porque a cobiça se torna um veneno que alastra no ego o desejo de ter e possuir, cada vez mais, quando então esse ego se acorrenta na pior das prisões.
A relação com o mundo material deve ser de equilíbrio para que não se torne materialismo e apego às riquezas, o que certamente enfraqueceria a nossa busca espiritual, que implica em desligamento de todas as ilusões materiais.
Salomão é um exemplo para muitos egos que mantém a sua cobiça material, logo dizendo:
“olha o rei Salomão, que foi riquíssimo!”
Só que eles se esquecem de dizer também que toda a riqueza de Salomão foi empregada na obra do Pai, a começar pela edificação do Templo.
Mas a grande metáfora do rei Salomão é que ele era rico mesmo em Sabedoria.
E por isso, sua vida recebeu acréscimo material, porque ele tinha consciência exata do que fazer com todo aquele ouro sem deixar que a cobiça materialista envenenasse a sua alma.
E de mais a mais, de que adiantarão todas as riquezas da Terra se alguém vier a perder a sua alma?
Dificilmente, quem se cerca de riquezas materiais neste mundo, será motivado pela busca espiritual. O dinheiro fácil e farto multiplicará os seus desejos materiais, e quando ele se der conta, uma montanha de ouro sufocou todos os seus anelos espirituais antes daquela riqueza toda.
Pessoas milionárias raramente se tornam espiritualistas. Porque não conseguirão servir a dois senhores, os interesses do espírito e os interesses da matéria que se multiplicou em sua vida, fortalecendo a grande armadilha que aprisiona almas desde o início dos tempos.
A humanidade faz de tudo por dinheiro, mata, morre, vende a alma, a honra e a dignidade.
E nunca está satisfeita. O veneno da cobiça já infestou a sua consciência.
Quem faz da matéria a sua meta, está mergulhado num torpor da consciência que se tornou esquecida do nosso real propósito de vida: despertar o verdadeiro tesouro da consciência espiritual, a coisa mais valiosa do Universo.
E quando essa consciência realmente desperta, ela começa a descobrir a futilidade dos bens terrenos que não poderão ser levados consigo quando a sua hora de partir deste mundo chegar.
“Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam; mas ajuntai para vós outros tesouros no céu, onde traça nem ferrugem corrói, e onde ladrões não escavam, nem roubam; porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.”
Mateus 6: 19-20
JP em 07.06.2024