CAPÍTULO IX
Neste capítulo, as palavras de Jesus Cristo endereçadas somente a Judas permitem que o apóstolo, naquela época, começasse a compreender a natureza e a grande importância de sua missão na atualidade, quando “retornasse dos mortos” pelo poder do Pai!
“Não temas, Judas”, disse-me. “Tu também me acompanharás e me ajudarás no caminho da regeneração para que outros também sejam salvos. Eles”, disse, estendendo sua mão para os onze que dormiam, “encontraram sua alma e há paz em seus corações. Tu, ao contrário, haverá de perder a tua antes de encontrá-la. Ainda não podes levar o sentido de minhas palavras, mas eu te prometo que um dia compreenderás e então também haverá paz em teu coração e tua tarefa não será tão difícil”
“Logo terás de voltar armado de espada para o mundo dos homens. Irás como um recém-nascido, mas não temas o juízo dos homens, porque tua vida será a vida do Pai que levanta aos mortos. E recorda que o Pai a ninguém julga, mas deu todo juízo ao Filho. Tampouco temas aos que matam o corpo, mas teme a quem pode destruir a alma” JK
Essas primeiras passagens do capítulo IX são enigmáticas.
Que Judas e Jesus somente estavam acordados, enquanto todos os outros apóstolos dormiam no emblemático Horto das Oliveiras antes da prisão de Cristo, até aí, isso é sabido. Judas era o único desperto ao lado de Cristo, quer dizer, o único a saber do propósito (inicial) de todas as coisas que Jesus tinha de passar, pelo que era seu papel vendê-lo (não traí-lo) aos judeus (fariseus).
Porque cumpria um papel de amor consciente, não de traição vil.
A crise de Judas começou ali mesmo, naquela noite. Todos os apóstolos tiveram a sua crise particular em certo momento de suas vidas missionárias. Mas a crise de Judas foi a primeira.
E Jesus anuncia o seu retorno ao mundo, e parece estar falando desse momento em que Judas viria armado com a espada do conhecimento (este tempo em que entrega o manuscrito ao mundo?), essa espada que dá guerra aos que estão em paz, e paz aos que estão em guerra. A mesma espada empunhada por Cristo, a espada da Verdade.
E aqui, Judas é declarado um RESSURRECTO dos mortos:
“Porque a tua vida será a vida do Pai que levanta aos mortos!”
Então o Mestre Judas, a ponte do Mayab, que apareceu na Argentina, em 1944, para entregar o Evangelho da Serpente Emplumada ao escritor Armando Cosani, era um ser imortal.
“Bem-aventurado quem escuta a minha voz e nela reconhece também a meu Rabi; porque somente assim poderá entender que não é possível servir a MAMOM com a Graça de Deus” JK
Aqui, em uma discreta passagem, a confirmação de que o papel de Judas, aparentemente traindo o Cristo, serviu para representar Israel e os judeus daquele tempo e dos tempos do futuro, os quais, em nome do seu Capitalismo sionista, jamais aceitariam o Messias dos pobres e do perdão, como foi Jesus Cristo. Antes, pedem por um Messias rico, poderoso e que “vingue” os israelitas de todos os seus perseguidores seculares. Para os judeus, Jesus Cristo não passou de um falso profeta e um Messias derrotado, cujo fracasso foi testemunhado pelo madeiro da cruz.
“A Luz de meu Rabi havia-me feito compreender que, quando há luz e lume no coração do homem, ser-lhe-á advertido que há caminho porque há deserto, que há verdade devido á ilusão, e vida em virtude da morte. Pois sendo criatura de Deus, semelhante é a Deus. Mas unicamente há caminho para quem sabe que está no deserto, e verdade para quem sofre a ilusão. Assim também há vida para quem reconhece a morte em si mesmo, e morre e renasce na sua íntima vigília. Eis que o homem sente a aridez do deserto pela graça do caminho, e reconhece a ilusão à luz da verdade, pois se o homem não conhecesse a luz desde o início dos tempos, como haveria de reconhecer as trevas?” JK
São os estados negativos reconhecidos em vida que produzem as crises, e estas produzem a morte, que é o batismo da renovação. Se o homem continua tomando a ilusão por realidade, isso significa que a Verdade ainda não despertou em sua consciência adormecida. Somente o homem que passa a experimentar a vida como deserto, compreende que estamos aqui somente de passagem, para aprender e, depois, ascender. A maior de todas as ilusões é interpretar como reais os sonhos projetados na existência material. O homem que se auto-interpreta como estando são de corpo e de alma, este realmente é o que possui a consciência mais doente, e no grau mais afastado da Verdade.
CAPÍTULO X
“E pela terceira vez, a luz nos envolveu. E nela, meu Rabi conduziu meu entendimento aos pés do nosso Pai que está nos céus. E vi sentar-se à direita de Deus. E eu fiquei à esquerda.
Mas o Pai, meu Rabi e eu fomos uma coisa só nesse instante.” JK
Em páginas anteriores, comentei que tanto Jesus como Judas, em seus espíritos, relacionam-se aos Anjos Planetários que fazem parte das Sete Potestades, e que Jesus é o Ser pessoal de Júpiter, enquanto Judas, o Ser pessoal de Saturno, os dois astros mais elevados da Presença Setenária do Espírito Santo de Deus.
Mesmo assim, essas palavras mostram que Judas era um apóstolo realmente exaltado entre os demais. Mas é fato, os Sete Anjos em suas almas polarizadas se encontraram naquele drama criístico de 2000 anos atrás, cada qual numa posição determinada e estratégica, conforme seu raio de ação.
Jesus à direita, Judas a esquerda.
Geralmente o Filho à direita do Pai é aquele que realiza a Sua Vontade, enquanto que o Filho da esquerda é aquele que dá suporte moral e espiritual para que o irmão da direita o faça plenamente.
Semelhante a Moisés e Aarão no tempo do Êxodo.
“E, ante meus olhos, desenrolou-se a vida multiplicando-se nos feitos de meu Rabi, pois junto a toda vida brilhava mais plena a vida do homem. E nessa plenitude, os feitos do meu Rabi viriam a ser os atos de muitos homens, também os meus atos já estavam multiplicados.
E assim como esta era a trama oculta de todo o mundo, assim também era a trama oculta na vida do homem em si mesmo.” JK
A urdidura do Bem em ações como estas, como as ações de Jesus Cristo e dos doze apóstolos, fundadores de uma nova civilização aportando em terras futuras do Mayab, acontecem em função das leis mentalistas do Universo, a saber, a Egrégora expansiva com base nas ações do Amor de sacrifício.
O sistema maior se sacrifica pelo sistema menor.
O Sol consome a si mesmo para gerar luz e vida no nosso mundo.
Jesus sacrificou a si mesmo para iniciar uma nova corrente de despertar e expansão de uma nova consciência espiritual sobre a Terra.
“Tudo quanto vinha à luz do meu entendimento, multiplicava-se em milhões de formas distintas, mas era unicamente a Vida do Pai urgindo para que o homem também tivesse uma compreensão dela.
E esta compreensão surgia da contemplação dos fatos em si mesmos, pelo homem e no homem.
Pois em seus primeiros tempos, aquele que é o Salvador do homem há de fugir da ira de Herodes e permanecer oculto durante seu crescimento. Pois todo ser humano leva um Herodes em si, como também um Batista e um Jesus. E todo homem sofre a invasão de um opressor alheio a Israel, mas há de buscar o embrião de sua dor em Israel mesmo, em si. E verá aos fariseus, aos saduceus, e as legiões de coxos, cegos, leprosos e mendigos estendendo a mão em busca de compaixão. E terá um publicano como Levi, uma prostituta como Madalena, e um Pedro, e um João. Também um Pilatos e a mim, Judas, o que lhe há de vender ao mundo”. JK
O que a crença não consegue entender, ou não quer compreender, é a visão interior do Evangelho de Cristo, como um roteiro de busca interior pelo Salvador dentro, antes de que ele possa ser encontrado fora, como intermediador da nossa própria salvação pessoal junto do Pai. O drama interno do Ego e da Alma, na batalha mais antiga do mundo, o Bem e o Mal lutando no coração de cada um, ganhando este ou aquele conforme nossas escolhas …
“Porque eu hei de morrer, descer aos infernos e ao terceiro dia, ressuscitar dentre os mortos, pois o Pai me tem dado vida para que tenha vida em mim mesmo, e em virtude dessa vida do Pai, tudo há de ascender comigo como é necessário que tudo ascenda à Plenitude de Deus” JK
Cristo Jesus, o Cristo em Jesus, tem esse real poder, o poder de fazer ascender toda vida e consciência deste planeta até a plenitude de Deus, num movimento de regeneração coletiva, porém, esse movimento não é mecânico no sentido de incluir nossas vidas de forma automática; ele exige e ele precisa da nossa participação consciente e voluntária, e do nosso sacrifício na direção daquelas escolhas que sigam nos transformando em Filhos de Deus, tendo em Cristo a referência de tudo.
Nem a salvação automática dos evangélicos, e nem a evolução mecânica dos espíritas, nada disso é verdadeiro diante dessa declaração, que tem no Cristo vivo em Jesus o intermediador para a ascensão da vida e consciência planetárias rumo a Deus. Essa declaração não invalida, porém justifica o dito:
“Quem quiser vir depois de mim, que negue a si mesmo e carregue a sua cruz”.
Somos células de um organismo espiritual maior que tem Jesus Cristo no coração da nova vida e consciência sendo assumida no estabelecimento do Reino futuro anunciado.
Sem o coração, as células nada podem fazer. Mas sem as células, o coração também não pode dar vida ao corpo. Sabendo a relação certa, entenderemos esses mecanismos da vida espiritual em ação.
O Milagre da Multiplicação numa analogia perfeita: a Luz da Verdade se expandindo em cadeias de Amor consciente estabelecido entre os operários da Luz em diversos Katuns a frente, a partir daquele sagrado Katun em Israel.
CAPÍTULO XI
Neste capítulo, seguem as preparações finais para aquela noite de Páscoa, quando Judas vendeu Jesus aos judeus, e a trama ou urdidura do Novo Mayab no Katun futuro começava.
“Assim ficou urdido o destino do homem por muito tempo. E nesse urdimento todos nós fomos um fio que se multiplicou infinitas vezes no tempo”
“A Hora vem em que o Filho de Deus será glorificado”
“E novamente eu pude entender a que hora se referia o meu Rabi, pois seu tempo não era somente o tempo de Israel nesses dias, senão o tempo que havia de multiplicar-se para a Glória de Deus. E, nesta multiplicação, o que era agora um e divino em meu Rabi, chegaria a ser muitos, igualmente divinos, na Glória de Deus e pela Graça do Espírito Santo. E, nesta Graça, meu Rabi exclamou com voz de trovão que ainda agora ressoa no mais profundo da consciência de todo ser humano: Pai, glorifica teu Nome!” JK
O canal do sacrifício de Jesus Cristo permitiu, mais uma vez, em toda a sua exaltação rara, que a Voz do Pai cumprisse outra renovação, outro salvamento, outra redenção planetária coletiva, num evento raro que poucas vezes acontece tal como está acontecendo em nosso dramático cenário planetário.
Sem a existência destes canais ungidos do Pai, realizando sua missão conforme sua Vontade, Deus não encontraria meios de redimir sua Criação por participação de veículos conscientes e co-criadores com Ele. Este é o milagre deste raro katun, encontrando finalmente a sua consumação em nosso tempo, virando em breve a esquina do caos para alcançar as gloriosas e calmas praias da Grande Reunião dos Filhos de Deus para outra alvorada da luz.
CAPÍTULO XII
Narrativas dos tempos difíceis em Jerusalém naqueles dias e horas precedendo já a Páscoa das Páscoas em Israel… os conflitos entre a Lei dos fariseus e a Verdade de Cristo… Lei e Verdade… a Lei de Moisés se tinha tornado letra morta e guia de cegos espirituais, porém a Verdade de Cristo veio para trazer luz e vida à Lei dos fariseus e anunciar o evangelho que já existia adormecido no coração de todo homem de Boa Vontade. Mas o cenário era de rebelião e caos, e a insegurança limitava as ações de todos.
Neste capítulo, Judas fornece detalhes de seus diálogos com os fariseus e com Caifás, a quem ele precisou “vender” Jesus Cristo, cumprindo seu dramático papel dentro do Drama crístico de abrangência cósmica e íntima a um só tempo.
Continua na parte 19
Segue o Livro para leitura:
https://ovoodaserpenteemplumada.com/arquivos/o-voo-da-serpente-emplumada-para-leitura-03-04-2010.pdf
JP em 15.04.2020
Veja a parte anterior: