CAPÍTULO VI
“Um dia, ele (Jesus relatou a parábola do traje de bodas (João 2) agregando que a quem tem, lhe será dado, e terá ainda mais, e a quem não tem, até o que tem lhe será tirado. Perguntamos como um homem pode fazer esse traje, e ele respondeu que havia somente uma resposta a todas estas perguntas: ‘Amarás a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo!’
Este era o mandamento principal, e urgia-nos a cumprí-lo em nossos atos, em nossos pensamentos, em nossos sentimentos, e agregava:
‘Se isto não sabeis cumprir, estar-vos-á vedada a vigília da verdadeira oração!
E agregava: ‘Velai e orai para que não caias em tentação’.
Muitas vezes, inquietava-nos a dúvida, e ele então nos explicava:
‘Não podereis velar sem orar e não podereis orar sem velar’ JK
Amor a Deus, amor ao próximo como a ti mesmo, é também um anúncio do amor sagrado das almas gêmeas, na função de que ela é o próximo mais semelhante a ti, como Eva, feita da carne e substância de Adão. Dois espíritos nascidos do mesmo Ovo de energia monádica na Aurora da Criação!
O fabrico dos Trajes de Bodas da Alma subentende par, casamento espiritual e almas gêmeas, e por isso tal ensinamento foi associado a Casamento (bodas) no capítulo 2 de João, precedendo imediatamente os ensinamentos a Nicodemus sobre o segundo nascimento, no capítulo 3 de João, em ações vinculadas: as vestes de Bodas servem justamente para vestir a alma renascida e pronta para viver no Reino dos céus!
Outra relação interessante é a estabelecida no ensinamento sobre Velar (Vigiar) e Orar, numa relação de interdependência entre as duas funções.
Judas explica essa relação logo no primeiro livro:
“Vigiar é se fazer todo desperto. Orar é sentir um ardente desejo de SER”
Então, não há aqui necessidade de maiores explicações…
CAPÍTULO VII
Este é o capítulo mais curto de todo o manuscrito. E nele, Jesus começa a diferenciar a missão de Judas em relação aos demais apóstolos.
CAPÍTULO VIII
Como um dos pontos que eu sempre enfatizei na análise dos evangelhos, Judas faz referência ao reclame de todos os judeus de su época, a opressão de Roma. Enquanto Jesus lhe advertia que o cativeiro do pecado (ego) é sempre o pior cativeiro que existe.
Hoje, a nova era inventou uma MATRIX para culpar, e outra vez, fugindo do espelho da auto-crítica e tentando mascarar o ego e suas culpas, o eterno papel da vítima desentendida.
E Jesus fala que poucos compreendem isso, e como era naquele tempo, hoje não mudou nada.
Todos culpam governos, religiões, Matrix externas, mas nunca olham para si mesmos e descobrem a lei do karma (ação e reação) aplicada sobre a vida dos seres humanos pecadores e causadores de seus próprios infernos e regimes ditatoriais.
O que os pensadores da época não compreendiam é que Jesus não era um mero estudioso ou um simples profeta. Ele era (e é) a sabedoria viva encarnada. E sua mente conectada diretamente com a Luz incriada que não está escrita em pedra ou papel, mas na textura do próprio Universo consciente com o qual a mente de Cristo estava em continua conexão.
“Eis aqui que tenho convertido água em vinho. Mas virá a hora em que o diabo converterá o vinho em vinagre” JK
Estas palavras que Jesus teria dito a Judas lhe causaram muito impacto e aflição, porque Judas estava ciente de que cumpriria o papel do “diabo” no drama crístico. E isso o afligia (ver nas explicações introdutórias). O vinagre é putrefação do vinho, é o azedume, a corrupção. Se o vinho de Cristo simboliza a boa e sã doutrina da luz, o vinagre do diabo pode ser considerado como simbolizando todas as doutrinas pervertidas e mentirosas deturpadas a partir do bom vinho.
“Judas, jamais o esqueças e assim ocorrerá que, com o tempo, o homem também poderá entendê-lo , e o saberá, e o viverá, pois lhe será dado penetrar no sentido de que EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA”
“E jamais esqueci estas palavras. Por isso é que agora eu posso escrevê-las em teu coração com letras de fogo, para que a ti te seja dado saber e conhecer como Deus está no céu, na Terra e em todo o lugar, e como o homem pode estar com Deus no coração.
E aquilo que era o mais íntimo de mim mesmo, e mais real ainda que meu próprio nome, não era só meu corpo,; era e não era; meu corpo não era senão a morte na qual o amor despertava a vida. E de meu próprio corpo eu devia partir no caminho do regresso. Assim também as pedras no deserto, como tudo no Universo, estavam impregnadas de Deus pelo Verbo, mas para o homem, nem tudo era Deus, ainda que Deus seja tudo.” JK
Se tudo tem o Verbo de Deus impregnado, até as pedras… ora, o corpo físico humano é a criação mais excelente e perfeita do Verbo de Deus, superando galáxias, estrelas, mundos e qualquer outra coisa não em tamanho, mas em complexidade, e tão complexa foi e é essa Criação de Deus que ela se localiza no último período, o Sexto Dia, no final do processo, quando o Espírito de Deus faz um templo para si mesmo à sua Imagem e Semelhança.
É claro que o Verbo de Deus estará presente nesse templo num grau maior do que qualquer outro lugar do Universo. Encontrar portanto esse Verbo em nosso próprio corpo, células, fibras, mente e coração, vibrando num uníssono de Amor por Deus, conforme o primeiro mandamento, é o único caminho voltado para dentro e que se torna o verdadeiro caminho de retorno ao que se foi um dia, Filho de Deus, caminho esse que significa o resgate da Verdade e da Vida, como ensinou Jesus.
Nossos corpos ainda são mortais, pedras frias sem luz viva da Verdade enquanto essa Palavra viva de Deus não for ouvida dentro de nós mesmos, em cada uma de nossas vigílias, orações e silêncios diante do Pai. E quando entrarmos na ressonância destas cordas divinas em nós mesmos, sentiremos a vibração de todo o resto do Universo atravessando nossa alma por inteiro, e de lá, e de dentro, e dessa soma, virá e será a nossa Luz de consciência perfeita e permanente, vigília dos que não podem dormir mais, vida dos que não podem morrer mais!
Até essa descoberta, nosso nome é um falso nome e nossa vida é uma falsa vida, já que a carne que ela carrega é temporária e corruptível.
“Assim também compreendi que as medidas de uma vigília não podem ser as mesmas que as de outra. Porque na vigília o ser verdadeiro cresce e cresce, e transforma-se até que o prazer e a dor deixem de ter realidade e se convertam somente em formas agudas de uma mesma substância. E no homem há seis modos de vigília, seis maneiras de obrar. Umas são obras do Pai, outras são obras do Filho, outras do Espírito Santo, e também há as obras de Satanás, e em todas elas se encontra a vida, o amor e a morte.
E eu soube que quem desperta no caminho da regeneração vai de uma a outra vigília, e assim compreende que de nada vale ao homem ganhar a Terra se com isso vir a perder sua alma. E que Deus Pai Todo Poderoso, Criador do céu e da Terra, deu potestade à Comunhão dos Santos por seu Espírito Santo, para o perdão e a remissão dos pecados e para que os pecadores levem também em si a vida eterna na eterna vigilia, amém.
E assim como a alma vai se forjando pouco a pouco de uma vigília a outra, assim também as forças que a integram vão se perdendo pouco a pouco para aquele que esquece o Espírito Santo.
Nada se ganha de uma só vez, nada se perde de uma só vez.
Tudo depende de como o homem anda na infinita Ronda na qual Deus existe indo da vida, por amor, à morte, e como o homem sabe de sua existência indo da morte, por amor, à vida!” JK
Uma coisa que temos que compreender é como funcionavam essas vigílias daqueles costumes, para tempos de meditação e oração.
“Os judeus dividiam a noite em três vigílias: a primeira, ‘princípio das vigílias’ (Lm 2.19), ia desde o sol posto até às 10 horas da noite – a segunda, ‘a vigília média’ ou da meia-noite (Jz 7.19), principiava às 10 horas da noite e prolongava-se até às duas horas da madrugada – e a terceira, a ‘vigília da manhã’ (1 Sm 11.11), desde as duas horas da manhã até ao nascer do sol. Em tempos posteriores, a noite era dividida, segundo o costume dos romanos, em quatro vigílias (desde as 6 horas da tarde às 6 horas da manhã), de três horas cada uma (Mt 14.25 – Lc 12.38).
Em Marcos (13.35), as quatro vigílias são designadas pelo nome especial de cada uma.
Dicionário bíblico
Aqui, a passagem do Livro de Marcos sobre as vigílias da época de Cristo:
“Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, senão somente o Pai.
Fiquem atentos! Vigiem! Vocês não sabem quando virá esse tempo.
É como um homem que sai de viagem. Ele deixa sua casa, encarrega de tarefas cada um dos seus servos e ordena ao porteiro que vigie.
Portanto, vigiem, porque vocês não sabem quando o dono da casa voltará: se à tarde, à meia-noite, ao cantar do galo ou ao amanhecer.
Se ele vier de repente, que não os encontre dormindo!
O que digo a vocês, digo a todos: Vigiem!”
Marcos 13: 32-37
Mesmo assim, eu não vejo na leitura de Judas essa mesma descrição espacial e temporal de vigílias conforme judeus, romanos e monges, mas é algo mais de metafísico, de abstrativo, de um sentido maior do que o de simplesmente estar acordado num determinado período do dia em oração por algo específico ou não.
Vigília é algo mais do que acordar o corpo para orar. É acordar a alma. A mente. Muitos acordam seus corpos para orar, na forma de hábitos, mas ainda seguem com as mentes e corações dormindo. Muitos mosteiros e conventos trazem essas regras das vigílias, mas não significa que estejam acordados nos termos expostos por Judas. Apenas se habituaram a acordar em certos horários do dia e da noite para recitar fórmulas, ladainhas, mantras e orações… mas ainda seguem dormindo, com a consciência dormindo para Deus dentro dessa rotina toda.
A vigília de Judas é o esforço para nascer, para despertar, para entrar em comunhão com as forças divinas dentro e, por seu meio, ao redor. E nesse esforço, se dá o devido alimento para que a nossa fração ou semente de alma cresça, forjada pelo Espírito Santo, pelo Filho e pelo Pai numa continuidade dentro das vigílias e suas orações (comunhões, uniões com a Energia da cada Presença amorosamente invocada).
Seis vigílias, seis modos, o seis novamente como padrão da Estrela cósmica, a geração de todas as coisas (Seis Dias, etc), embora hajam as vigílias de Satanás, muito comuns em certos religiosos equivocados em suas posturas místicas que não assinalam a presença divina pela falta de um coração sincero, cujo único desejo ardente é o mesmo desejo do ego, que cobiça tão facilmente as coisas do céu como as da Terra.
De qualquer modo, vigílias são momentos do tempo, independente da hora que seja, que nos desligamos de tudo mais, e nos encerramos em nós mesmos, e o lugar não importa, desde que favoreça a vigília nesse sentido. O Ser vigilante está sempre em conexão divina.
E a Comunhão dos Santos, outra vez mencionada, é essa conexão que o ser desperto faz com a Presença Divina em termos de Coletividade. O que, em nosso tempo e terminologia, chama-se Fraternidade Branca.
E em todas as vigílias, há vida, morte e renascimento.
Porque as vigílias são portas abertas entre a nossa Alma e a Energia de Amor da Presença.
São como os passos de uma estrada longa… em cada vigília, construímos um tijolo a mais do grande edifício pelo Espírito Santo construído ao final da jornada, para o começo de outra…aquela outra jornada que só vai experimentar quem morrer em vida e quem renascer em morte!
Mas o mundo nunca esteve tão empenhado em distrair cada um de nós de suas vigílias de despertar como hoje. Muitos ficam o dia inteiro tão ocupados de tentar entender a loucura dos tempos que se esquecem de voltar a atenção para dentro e, na vigília do espirito, trabalhar na fábrica do despertar. Ainda não perceberam que o jogo da distração do Sistema lá fora é justamente para fechar todas as portas de acesso às vigílias que nos conduzam a Cristo.
E por mais que a gente tente avisar, eles já não conseguem entender isso.
Dormirão até o último dia de suas vidas. Para continuarem dormindo depois da morte…
Tudo se explica assim: o mundo lá fora é uma grande roda em movimento, tudo muda, nada perdura, então tudo é ilusão de movimento de coisas passageiras. E enquanto isso, a semente do REAL que está dentro da nossa alma é perdida justamente porque o foco da atenção e a direção da nossa energia escolhe o lado de fora, e não o lado de dentro, para viver e se envolver… e queremos encontrar as soluções em respostas nos Discos Voadores, nos governos, nas lutas sociais, nas Ideologias, no dinheiro, na ciência, na tecnologia, nas magias, até nas religiões que, sem consciência, não passam de agrupamentos de ídolos de pedra imóveis e sem vida, que nada dirão e nada farão por seus adoradores cegos que insistem em procurar pela porta sempre do lado errado, o lado de fora…
Neste capítulo VIII, Judas narra algumas reflexões interessantes de Jesus Cristo sobre a miséria humana na cegueira dos mendigos, que só sabem PEDIR, e nessa prisão de sua eterna necessidade de pedir, acabam se acorrentando numa cobiça inversa que os atira num estado cada vez mais profundo de avareza, porque avareza não é um defeito existente apenas em ricos… muitos pobres, muitos mendigos, são avaros de coração. Mas na sua cegueira, não percebem isso, e por isso, acabam por atrair e até nutrir o estado de mendicância cuja raiz é a miséria interior.
Aliás, sabemos que o Karma da riqueza indevida e do materialismo em vidas passadas, aliado a ausência de caridade, é justamente este, pobreza e, em casos extremos, mendicância em vidas futuras.
“Quanto pecado e quanta iniquidade há naqueles que fazem da pobreza um meio e evitam a senda da alegria. Por isso eu vos digo hoje: poucos são os verdadeiramente pobres, miseráveis são muitos.
E tão miserável é aquele que se revolve no lodo de sua riqueza como quem se regozija no lodo da sua pobreza. Porque o pobre que faz de sua pobreza uma profissão é um ladrão que rouba o amor que habita no coração piedoso. Um verdadeiro pobre é grato ao coração de Deus e far-se-á rico, pois se livrará até do desejo da pobreza. E haverá muitos ricos a quem lhe serão abertas as portas do céu porque não se revolvem em seu lodo, e haverá muitos pobres que serão lançados ao inferno, onde há choro e ranger de dentes.” JK
São ensinamentos de uma atualidade incrível… os pobres de profissão, que fazem da miséria o seu produto de lucro. Aqui, o discernimento entre riqueza, pobreza, miséria, cobiça e estados de espírito, nem sempre vinculados ao TER. Porque muitos são possuídos pelo desejo de TER mesmo não tendo nada, mas poucos ricos existem, é certo, que tendo dinheiro, não são possuídos pelo estado de TER, e portanto, livre do estado de miséria interior.
Ter as coisas, ter dinheiro não é o mal real.
O mal real é se tornar possuído pela cobiça. É a cobiça que leva o homem a atos extremos e loucos em nome do dinheiro e de sua posse que, se tornando indevida, o torna cercado por todo tipo de efeito kármico que será aplicado no futuro, incluindo a mendicância.
Segue o Livro para leitura:
https://ovoodaserpenteemplumada.com/arquivos/o-voo-da-serpente-emplumada-para-leitura-03-04-2010.pdf
JP em 15.04.2020
Veja a parte anterior: