Espiritualidade

Corpus Christi – a verdadeira Eucaristia

A Solenidade de Corpus Christi ou Corpus Domini, e generalizada em Portugal como Corpo de Deus, é uma comemoração litúrgica das igrejas Católica Ortodoxa, Católica Apostólica Romana e Anglicana.

“Corpus Christi” é uma expressão em latim, idioma até hoje em voga nos ritos católicos, que significa “corpo de Cristo”. A data também é conhecida como “Corpus Domini” (“corpo do Senhor”, em português).

A festividade tem o objetivo de celebrar, publicamente, a Eucaristia — sacramento católico que relembra a Última Ceia.

A comemoração foi instituída pela Igreja no século XIII.

Corpus Christi acontece 60 dias depois da Páscoa. Logo Corpus Christi pode acontecer de 21 de maio até 24 de junho.

Na teologia cristã, Eucaristia é a renovação do sacrifício de Jesus Cristo no Calvário. Também é denominada de Sagrada Comunhão, Santíssimo Sacramento do Altar, a Refeição Noturna do Senhor e a Celebração da Morte e ressurreição de Cristo.

“Tomai e comei, isto é o Meu corpo; tomai e bebei, este é o Meu sangue”, disse Cristo aos apóstolos na Última Ceia, na véspera da paixão e morte na cruz. Esse momento, o da Última Ceia, é, para os cristãos, o da criação da Eucaristia, que todos os bispos assinalam hoje, ao final da tarde.

Vem do Latim EUCHARISTIA, do Grego EUKHARISTHIA, “gratidão, agradecimento”, de EUKHARISTOS, “agradecido”, formado por EU-, “bem”, mais KHARIZESTHAI, “mostrar favor ou agrado por”, de KHARIS, “favor, graça”.


A Verdadeira Eucaristia

A liturgia do Sacrifício de Cristo começa na Última Ceia e termina na Cruz.

Da ceia até a cruz, temos o propósito da encarnação do Verbo (Deus) em seu papel redentor, quando celebra que, por meio do seu sacrifício de morte, a humanidade receberia renovação.
O sacrifício de Cristo significa a partilha da sua própria vida e energia, luz e vitalidade, por meio do amor comunicante.

Podemos ver o exemplo do sacrifício em mães abnegadas, em pais lutadores, em pessoas empenhadas na caridade cristã. Ou em todo tipo de trabalho feito não por dinheiro e salário, mas por amor ao serviço prestado.

O próprio Sol é o símbolo perfeito de Cristo, consumindo sua própria matéria interna para transformá-la em luz e calor que dão vida e energia aos mundos.

A Eucaristia, o Pão da Vida, Lehem-Hai, é a imagem do Sol-Cristo, se sacrificando continuamente para dar vida ao mundo.

“Nele estava a Vida, e a Vida era a Luz dos homens”, disse João.

O sacrifício está em tudo, porém, muita gente não o enxerga mais no plano divino da operação de renovação através de instrumentos de Deus, esses Cordeiros pacíficos que encarnam para sofrer todo tipo de perseguição num mundo tenebroso, culminando na sua morte pelas mãos da própria humanidade que se pretende resgatar da escuridão.

Atualmente, os movimentos ateus e anticristãos encaram o fato como sadomasoquismo do “Pai”, que envia seu Filho ao mundo para o Sacrifício.

Mas para corações escravos do materialismo e das sensações carnais, toda forma de sacrifício é uma afronta para a sua escravidão ao prazer, de modo que tais mentes não podem penetrar nos mistérios sagrados do divino sacro-ofício.

Tudo no universo se renova por meio da transformação, do sacrifício renovado.

Todas as grandes mudanças da História humana não vieram sem batalhas, sem lutas, transformações e sacrifícios heróicos da parte dos revolucionários.

Já que a estagnação significa morte, entropia, decadência, ruína e involução.

A vitória contra a matéria que aprisiona a consciência na ilusão do EGO só pode ser conquistada mediante sucessivos sacrifícios ao longo da vida, que significam renúncias diárias.

A força de Cristo aqui partilhada significa que, sendo esta uma obra muito difícil de se realizar sozinho, a todo aquele que partilhasse seu amor viria a força adicional para lograr o êxito final.

Partilhar o corpo e o sangue de Cristo na missa não significa somente ou exatamente tomar da hóstia, mas confirmar esse pacto de sacrifício em cada ato da vida.

Você não precisa ingerir a hóstia nas missas dominicais para realizar a comunhão com Cristo ou celebrar seu pacto.

De nada adianta comungar nos domingos se, durante toda a semana, não houver sacrifício, serviço ao semelhante, perdão, doação e arrependimento dos erros, bem como desapego a matéria e à escravidão do desejo.

Será sem efeito a hóstia.

De nada vale cumprir rituais religiosos em igrejas, sejas elas quais forem, se os frutos da vida não estiverem alinhados com os ensinamentos de Cristo. Serão rituais vazios, teatros apenas para os outros verem, porém, sem valor para o Pai.

Pior ainda é transformar o sacrifício do Cordeiro em passaporte para enriquecimento material e vantagens financeiras.

O sangue derramado de Cristo transformado em lucro material!

Uma abominação ainda maior que, infelizmente, acontece largamente em muitas igrejas e hipnotiza muitos devotos que transformaram o Cristo no novo ídolo, o bezerro de ouro de suas prosperidades desejadas, lançando afronta ao primeiro mandamento.

Por outro lado, a humanidade moderna demonizou a palavra “Sacrifício”, porque a regra do ego é o prazer sem regras e sem limites.

Estamos na era das facilidades, das comodidades, do eu primeiro, do meu é melhor, e do quanto mais, melhor.

Essas filosofias materialistas geram ateísmo por puro efeito de repulsa ao sacrifício que visa o desapego, e não o apego a tudo o que o ego puder desejar para si.

Então, celebrações sagradas como a Páscoa e o Corpus Christi serão grosseiras demais para os ególatras. São uma afronta à sua eterna necessidade de possuir e desfrutar prazer em tudo e jamais perder coisa alguma, e jamais sofrer ou se sacrificar por nada e ninguém, gerando com isso uma civilização tenebrosa e cada vez mais desconectada com as esferas superiores, de natureza imaterial e espiritual.

O que só a acorrenta mais profundamente na matéria e nas ilusões, invalidando todas as tentativas dos salvadores sagrados enviados por Deus.

Porque entre o vício e a virtude, o primeiro foi preferido.
E entre a hóstia do sacrifício e o fruto proibido, o corpo continua escolhendo o fruto do pecado, reagindo com aversão ao pão do sacrifício.

O sacrifício libertador se torna inaceitável para todo aquele que deseja permanecer na escravidão do pecado. Para este, Deus virá como Inimigo, e não como salvador.

O que também já coincide com a tendência de muita gente em declarar que “não mais precisa de salvadores”… e que podem resolver tudo sozinhas.

Deviam se lembrar dessa afirmação na próxima corrida ao hospital.

E pensar que a palavra EUCARISTIA significa Gratidão… mas a humanidade se tornou pura ingratidão na era em que a Tecnologia, e não mais DEUS, provê suas necessidades.
Veremos até quando.

JP em 03.06.2021

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