Como observar o raro alinhamento de todos os planetas no céu noturno
O espetáculo celestial, melhor visualizado entre 17 e 27 de junho, será o último em que os cinco planetas mais brilhantes ficarão próximos no céu até 2040.
Está previsto um grande encontro celestial no céu que poderá ser observado da Terra ao longo da segunda quinzena do mês de junho. Trata-se de uma rara oportunidade de observar todos os principais planetas do nosso Sistema Solar juntos – também com a presença da Lua, entre 17 e 27 de junho.
Esse alinhamento raro inclui cinco planetas facilmente vistos a olho nu: Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno. Cada um terá brilho suficiente para ser identificado até mesmo de regiões com poluição luminosa. Vênus terá o brilho mais forte e Mercúrio, o mais fraco. Os planetas mais próximos da Terra parecerão estar dispostos no céu na mesma ordem de distância do Sol.
Os astrônomos chamam de conjunção esses encontros planetários. Não é tão raro haver conjunções de dois ou três planetas, mas a última vez em que foi possível observar da Terra uma conjunção com cinco planetas foi em dezembro de 2004.
Os planetas mais distantes, Urano e Netuno, também ficarão próximos na mesma área, embora os dois gigantes de gelo sejam mais difíceis de detectar, exigindo o uso de binóculo. Percorra os olhos entre Vênus e Marte e encontrará Urano, com tons de verde, e Netuno, em azul, poderá ser encontrado entre Júpiter e Saturno.
Esse alinhamento planetário poderá ser vislumbrado pela grande maioria da população mundial, mas algumas regiões do mundo estarão mais bem posicionadas do que outras. Nas latitudes do norte, acima de cidades como Nova York e Londres, Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol, estará próximo do horizonte e pode ser ofuscado pela luz do amanhecer. Nessas regiões, os demais planetas também ficarão próximos do horizonte leste, dificultando a observação de todos os planetas.
Com o passar dos dias, entretanto, Mercúrio aparecerá mais alto no céu, ficando mais fácil de identificar. Para observadores ainda mais ao norte, como na Escandinávia e no norte do Alasca, onde o Sol não se põe nesta época do ano, os planetas não ficarão visíveis.
Os melhores locais de visualização serão os trópicos e o hemisfério Sul, onde os planetas ficarão mais alto no céu antes do amanhecer. Mas onde quer que você esteja, a melhor recomendação é buscar uma visão desobstruída do horizonte leste entre meia e uma hora antes do nascer do Sol em sua região.
Será um panorama muito impressionante porque os planetas ficarão bastante próximos. E se perder esse espetáculo, terá que aguardar até 2040 para ter outra oportunidade.
A Lua ilumina o caminho
Para encontrar os planetas, os espectadores precisam apenas acompanhar o brilho da Lua crescente. A começar por Saturno em 17 de junho, nosso satélite natural servirá como guia, posando com um planeta diferente a cada dia.
As datas de maior destaque são 18 de junho, com a proximidade da Lua ainda com Saturno, e 20 de junho, quando ficará emparelhada com Netuno. Em 21 de junho, a Lua ficará alinhada com Júpiter e, em 22 de junho, com Marte. Em 24 de junho, a Lua ficará próxima de Urano, e observadores do céu com olhos aguçados também notarão que o satélite parecerá estar exatamente na metade da distância entre Vênus e Marte. Em 26 de junho, a Lua terá um encontro impressionante com o planeta mais brilhante do céu, Vênus, e finalmente encerrará suas conjunções com Mercúrio, em 27 de junho.
Congestionamento celestial
Embora esse desfile celestial pareça estar aglomerado em uma pequena região do céu, os planetas distantes estão distribuídos por uma vasta extensão do espaço, separados uns dos outros por milhões de quilômetros. É nosso ponto de visão na Terra que os faz parecer tão próximos.
Esse belo espetáculo do céu é fácil de enxergar a olho nu, mas observá-lo por um binóculo em posição estável oferecerá as melhores vistas. Mire o binóculo em Júpiter, de cor creme, e em seu entorno, estarão seus quatro maiores satélites. Usando pequenos telescópios, será possível observar os discos dos planetas e focar nas faixas de nuvens de Júpiter e nos famosos anéis de Saturno.
Urano e Netuno têm o brilho significativamente mais tênue do que o restante dos planetas, então provavelmente será preciso um binóculo apenas para vislumbrá-los como pontos de luz difusos azuis esverdeados. Mas um pequeno telescópio permitirá revelar mais detalhes desses gigantes de gelo nos confins do Sistema Solar – uma visão incrível, considerando que Urano está a mais de 2,8 bilhões de quilômetros da Terra, enquanto Netuno está a quase 4,5 bilhões de quilômetros de distância.
Faça suas observações nos dias especificados, pois a festa planetária não durará muito. Nos próximos meses, os planetas vão se afastar uns dos outros, dispersando-se pelo céu. Até o fim da estação no hemisfério Norte, tanto Vênus quanto Saturno desaparecerão completamente do céu da madrugada.
JP em 23.06.2022