O Chamado do Livro Mudo
E na folha 14 do Mutus Liber (o livro mudo da alquimia) , existe uma expressão latina conhecida dos alquimistas:
“Ora, lege, lege, lege, relege, labora et invenies”
(“Ora, lê, lê, lê, relê, trabalha e encontrarás”).
Encontrarás o que?
O chamado do Anjo do despertar, aquela passagem entre os dois mundos, o mundo da matéria e todos os seus erros, vícios e teorias científicas limitadas, e o mundo espiritual, o mundo real da vida real e da virtude real, para o qual todas as coisas vividas neste mundo de sombras são apenas preparações.
Mas é preciso ORAR para atrair o Anjo do despertar.
É preciso LER, reler e reler várias vezes os tratados de doutrina hermética legítimos para compreender o que esse Anjo exige de você para que você finalmente acorde.
E finalmente, é preciso TRABALHAR muito na prática diante da teoria recebida para que o despertar se torne definitivo, e não ocasional, quando então você encontrará o grande mistério dentro de si mesmo, aquela presença divina que está em tudo e em todos.
Mas nem todos estão conscientes disso.
Porque estão surdos, e jamais ouvirão o chamado daquele Anjo do primeiro despertar, Gabriel, colocado na porta entre os dois mundos, como mensageiro oficial da Luz superior das camadas mais altas.
O Anjo toca a trombeta dentro de um portal circular de plantas (rosas), e a rosa é o símbolo da iniciação e do despertar da alma no coração. A rosa também significa o florescimento espiritual na alma e na vida do devoto e buscador.
Dentro do portal circular, uma escadaria ligando os mundos.
Jacó viu uma escadaria ligando a Terra ao céu, e nela, incontáveis anjos subindo e descendo diante da glória do Pai em seu trono mais alto. E o Pai depositou em Gabriel a confiança da missão do primeiro despertar da humanidade caída e adormecida.
Reparem que os evangelhos começam com o Anjo Gabriel e sua boa nova ao mundo a partir da Virgem Maria escolhida.
E vejam a Lua desenhada logo no primeiro céu do LIVRO MUDO.
E por que mudo?
Porque a intuição não precisa de palavras para reconhecer o caminho de ascensão de volta para casa.
A intuição é a voz do espírito ainda não sufocada pela densidade carnal e material da existência subjetiva e irreal.
Para esta jornada, a razão sem intuição é inútil.
A razão sem intuição é um olhar embaçado e nevoento de uma manhã de Sol.
Um Sol que se levanta todos os dias chamando o mundo para o despertar da luz, mesmo que o mundo continue a dormir todos os dias.
Os mensageiros do céu nunca deixarão de chamar os adormecidos da Terra. Cada luz do Universo infinito tem algo a nos dizer, algo a nos ensinar.
Mas para receber toda essa glória das estrelas, é preciso acordar.
Esse é o primeiro verbo da espiritualidade real.
O “Mutus Liber” é um livro composto por 15 gravuras reportando para o método da Grande Obra alquímica, do século XVII
JP em 15.01.2025