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O número sagrado do Budismo: 108

Um passeio pelo universo místico do número 108 e suas muitas conexões com o Céu, a Terra e a Geometria sagrada guiando a jornada da alma…

O 108, o japamala e o budismo

Ele possui exatamente 108 contas, que é o número de vezes que a sabedoria budista ensina a entoar os seus mantras.
O colar de Buda tinha 108 contas.

Por isso, existem muitas estátuas com as solas dos pés de Buda ilustradas por 108 símbolos místicos.

Ao completar uma volta completa pelo terço japamala, acredita-se que equivale a fazer uma jornada até o Sol, que é a fonte de vida da Terra.

O que significa 108 contas?

O Japamala é um cordão de geralmente 108 contas que é utilizado para recitar mantras, auxiliar na meditação e como amuleto de proteção. O nome vem do sânscrito, “Jap” que significa sussurrar e “Mala” que nada mais é do que cordão de contas.

Existem templos com 108 degraus, rituais onde se usam 108 yantras (diagramas para meditação), ou cerimônias onde há 108 altares para fazer oferendas ao fogo sagrado.

Há listas de 108 nomes que apontam para as diferentes manifestações do poder de cada deus hindu, e outros tantos caminhos para conhecer cada um deles.

O budismo menciona 108 virtudes que devem ser cultivadas e outras tantas imperfeições do caráter que precisam ser superadas para se alcançar o Nirvāṇa, a iluminação.

Os 108 ciclos até o Sol

Os sábios de outrora, através de observações a olho nu, chegaram à conclusão que em termos de diâmetro solar, a distância aproximada entre o Sol e a Terra é de 108 vezes o diâmetro do Sol.

Descobriram também que a distância média entre a Lua e a Terra é de 108 vezes o diâmetro lunar. Esses valores se obtêm através de simples constatações visuais: colocando uma vara no chão e afastando-se dela 108 vezes a sua altura, aprecia-se o diâmetro aparente do Sol ou da Lua.

Essa é a razão pela qual o 108 é considerado sagrado, e pela qual as japamālās que mencionamos acima possuem 108 contas. Simbolicamente, completar uma volta de japamālā na meditação equivale a fazer uma jornada até o Sol, fonte e origem da vida na Terra.

Por outro lado, como parte da correspondência entre o que está embaixo e o que está acima, 108 é o número que representa a região intermediária, chamada em sânscrito antarīkṣa, que fica entre o céu e a Terra.

Desta forma, as 108 contas do terço de meditação representam o número equivalente de degraus que nos levam de volta ao Absoluto, de volta para casa.

Outras teorias reencarnatórias defendem que a alma cumpre um ciclo de 108 reencarnações na forma humana antes de involuir para formas animais e vegetais (descida da Roda) ou, quebrando a Roda, ascender ao Nirvana em formas angélicas, conforme seu bom trabalho.

Os passeios rituais são muito característicos da cultura védica, berço do Yoga e é visível nas peregrinações a lugares sagrados como o Monte Kailash, no Tibete, considerado a moradia do deus Śiva, criador do Yoga, bem como em todo passeio em volta dos templos, que se faz completando um círculo em sentido horário em volta do sanctum santorum, o altar principal.

O alfabeto sânscrito de 54 letras

Além disso, há ainda outro motivo importante para considerar especial este número: 108 é o dobro de 54, o total das letras do alfabeto sânscrito.

No alfabeto sânscrito, 54 letras ou fonemas são masculinos e 54 são femininos, formando 108 fonemas, o que é uma definição andrógina perfeita para o Verbo de potência 108!

Se faz esse numero de repetições de um mantra ou da saudação ao sol, pois isso equivale, simbolicamente, a fazermos um passeio ritual aos limites da criação, com o seu respectivo retorno.

Garuḍa é a águia mítica que serve de montaria ao deus Viṣṇu. Seu nome significa “asas da eloquência”, pois elas não são compostas de plumas, mas das sílabas do alfabeto sânscrito.

Assim os 54 sons do sânscrito e os significados para os quais eles apontam são como as asas que nos permitem voar até todos os cantos da criação e, conhecendo a nós mesmos, conhecer tudo o que há para ser conhecido.

Diz a esse respeito a Chāndogyopaniṣad: “Conhecendo um único pote de argila, todos os objetos feitos desse material tornam-se conhecidos”.

Essa jornada chama-se parikrāma, circunvolução, e se faz tradicionalmente tanto nos templos como nas peregrinaçòes aos tīrthas, lugares sagrados da Índia. Interiormente, o yogi faz parikrāma no início de uma meditação ou no yoganidrā, levando a atenção sucessivamente para cada parte do seu corpo.

Munidos desse conhecimento, na próxima vez que nos depararmos com este número, poderemos lembrar que ele representa a jornada do caminhante em direção ao Absoluto. Com isso, a nossa caminhada poderá ficar mais significativa e inspiradora.

Outra conexão com a geometria sagrada: o valor de 108° está num dos ângulos do Pentagrama, a Estrela de cinco pontas, a Estrela da Iluminação (180°-72° = 108°)


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