(Ainda dentro do extenso capítulo VI do livro II)
A influência das Obras de Oupensy e Gurdjjeff no manuscrito de Judas Iscariotes
Piotr Demianovitch Uspenski,
Seu primeiro livro, A Quarta Dimensão, foi publicado em 1909. Além destes, Uspenski também publicou os livros Tertium Organum (1912) e Um Novo Modelo de Universo (1914). Este último trabalho focou a ideia do esoterismo; a ideia de que o conhecimento dos ancestrais não estão somente preservados, mas também são palpáveis para os iniciados. Outra de suas obras foi a novela O Estranho Conto de Ivan Osokin, que explorou o conceito do eterno retorno. Suas viagens pela europa e Ásia procurando centros de conhecimento esotérico foram infrutíferas. Em sua volta à Rússia, Uspenski foi apresentado a Gurdjieff, e passou os anos seguintes estudando com ele.
Após a Revolução Bolchevique, Uspenski viajou a Londres, passando por Istambul. Durante essa época, depois que Gurdjieff fundasse na França o Instituto para o Desenvolvimento Harmonioso do Homem, Uspenski chegou à conclusão que não estava mais apto a entender seu professor antigo, e decidiu romper com ele. Não obstante, Uspenski escreveu sobre as ideias de Gurdieff em um livro original, cujo título foi Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido, publicado postumamente, em 1947, sob o título de Na Busca pelo Milagre. Esse livro geralmente é considerado a exposição mais clara dos ensinos de Gurdjieff.
Pouco depois de sua morte em 1947, foi também publicado o livro A Psicologia da Possível Evolução do Homem. Os textos originais de Uspenski são mantidos nos arquivos da Biblioteca da Universidade Yale.
Georgii Ivanovich Gurdzhiev,
mestre espiritual greco-armênio, era uma figura enigmática e uma força influente no panorama dos novos ensinamentos religiosos e psicológicos, mais como um patriarca do que como um místico Cristão. Era considerado, por aqueles que o conheceram, como um incomparável “despertador” de homens. Trouxe para o Ocidente um modelo de conhecimento esotérico e deixou atrás de si uma metodologia específica para o desenvolvimento da consciência.
O ensinamento de Gurdjieff foi transmitido de forma clara para o Ocidente por seu discípulo, Peter Ouspensky, a quem o Mestre permitiu que fossem tomadas notas de suas conferências em Moscou, São Petersburgo e outras cidades da Rússia. O fruto deste trabalho resultou no livro Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido – Em Busca do Milagroso, que traça de forma didática as principais lições do mestre greco-armênio, então residente na Rússia.
Mesmo separado posteriormente de seu instrutor, P.D. Ouspensky jamais deixou de orientar-se pelas lições tomadas pelo Mestre, particularmente em seu próprio círculo em Londres, onde desenvolvia o “trabalho”. Após sofrer um grave acidente automobilístico nos Estados Unidos em meados dos anos 30, Gurdjieff dedicou-se a escrever seus livros, dando origem à trilogia composta por Relatos de Belzebu a seu Neto, Encontros com Homens Notáveis e O Mundo só é Real quando eu Sou.
O segundo livro foi adaptado para o cinema nos anos 80 por Peter Brook – assessorado pela Mme. de Salzmann, sendo chamado, em inglês Meetings with Remarkable Men (em português, “Encontros com Homens Notáveis”).
O conhecimento de si
A princípio, pode-se dizer que Gurdjieff pretende investigar o que chama de “máquina humana” sob o ponto de vista da totalidade de seus cinco (05) centros – o motor, o instintivo, o sexual , o emocional e o intelectual – harmonizando os diversos aspectos do ser. Neste ponto, é fundamental desenvolver o “conhecimento de si”, por meio da “observação de si”, o que ajuda o homem a conhecer a si mesmo. Para tanto, Gurdjieff não se limita à palavra escrita, mas operava em seu “trabalho” com danças sagradas (trazidas de suas viagens pelo Oriente, em particular de seu contato com os “dervixes” de Istambul e de outros países) e a música (mais tarde, transformadas em composições com a ajuda de seu discípulo De Hartmann). O próprio Gurdjieff se auto-denominava um “instrutor de dança”.
O sistema de Gurdjieff parte do pressuposto de que os homens estão dormindo, são máquinas ambulantes que não sabem o que fazem. Isto porque o que geralmente achamos que é o “eu” é, na realidade, um conjunto de “eus” que povoam nossa mente, por isso temos que controlá-los através dos “eus-de-trabalho” e assim evitar cair na imaginação que, segundo Gurdjieff, nos afasta da presença.
O homem “desperto”, aquele que tem consciência de si, é raro. Muitos pensam que têm consciência, porém sequer imaginam do que isso se trata. Sempre que indagado sobre a reencarnação, Gurdjieff desviava a conversa para outro foco. Um aforisma que sempre repetia era de que a “alma é um luxo”. Em outras palavras, temos que conquistar níveis superiores do ser através de uma profunda busca pelo autoconhecimento e de uma contínua busca pelo equilíbrio das energias positiva e negativa da própria natureza. O homem dotado de consciência ou vontade é muito raro.
Gurdjieff costumava lançar mão nestas ocasiões de uma alegoria oriental: a alegoria da carruagem. Nesta representação simbólica a carruagem é o corpo físico, os cavalos são os sentimentos, o cocheiro é a mente, e dentro da carruagem está o verdadeiro habitante, que é o EU Interior. No indivíduo comum estas partes estão dissociadas e muitas vezes o cocheiro não consegue empregar muito bem os arreios, conduzindo os cavalos. Além disto, o passageiro dentro da carruagem não consegue dar ordens ao cocheiro da direção a ser tomada, e deste modo a carruagem segue parcialmente descontrolada para um rumo que ninguém previu, terminando sempre, é claro, na morte (do passageiro).
Outra representação usual de Gurdjieff era o dos diversos corpos do homem, que se assemelha e segue a tradição do oriente. Atingir a perfeita harmonia em cada nível constituía um processo de conquista (o corpo físico, o corpo causal, o corpo astral e o corpo mental). Além desses corpos, havia outros ainda mais sutis e aquele que atingisse a consciência do último seria infinito nos limites do universo, e uno com todas as coisas.
Todas as possibilidades do homem, para G.(como lhe chamavam os discípulos), estavam inscritas em um símbolo trazido do Oriente: O eneagrama. O eneagrama também poderia ser expresso como oitavas da escala musical (dó, ré, mi, fá, sol, lá, si) e se importância se traduz na ideia do choque, um princípio universal. Entre os tons da escala convencional há semi-tons, entre os intervalos mi-fá e si-dó que que devem ser preenchidos por “choques externos”, caso contrário o ciclo não se complementaria. No caso da máquina humana (dividida em três compartimentos: cabeça, parte intermediária (tronco) e membros) estes choques externos eram dados pelos alimentos, ou seja: o ar (tórax), o alimento (abdómen) e as impressões (cabeça/mente). Destes choques o mais importante era as impressões, daí o axioma: “para se fazer ouro, é preciso ouro”.
O pensamento de G. englobava, antes de mais nada, uma profunda Cosmogonia que partia do “raio de criação”. Este descendia do absoluto, passando pelos diversos mundos até atingir o planeta Terra. À medida que avançasse, os mundos eram sujeitos a maior número de leis e maiores eram as restrições à liberdade humana. Na Lua, que vem após a Terra, o número de leis seriam ainda maiores que em nosso planeta (que conta com 48 delas). Sujeitos que somos a tão grande número de leis, somos escravos, autômatos em nosso próprio “lar” terrestre. No absoluto, por outro lado, não há leis.
A Famosa “Serpente Kundalini” e o Papel do Sexo em Gurdjieff segundo P.D. Ouspensky e os “Fragmentos (…)”
Muitos dos candidatos à senda iniciática e os neófitos em ocultismo exalam suspiros ansiosos diante da simples menção da palavra “sexo”. O pronunciar do mantra “Kundalini” exerce efeito vibracional da mesma magnitude ou maior, sem dúvida ampliado quando conjugado ao vocábulo sânscrito “Tantra” ou junto ao supra sumo dos gurus orientais, a “Yoga”.
Isso resulta em “Kundalini Yoga” ou “Tantra Yoga”. Seria engraçado notar outras associações que só a risível mecanicidade dos homens explicaria mas não é outro nosso propósito que anotar o pensamento de P. D. Ouspensky contido em “Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido – Em busca do Milagroso”, esta obra notável que, em que pesem as diferenças com o estilo argumentativo e a didática do mestre conserva em linhas magistrais o essencial de seu pensamento apresentado nas conferências a que compareceu P.D.O.
A visão de G (como chamaremos à moda usual de Georges Illitch Gurdjieff) começa a ser esboçada quando fala do repertório definido de pais que o homem representa habitualmente e como “(…) o estudo dos papéis que cada um representa é uma parte indispensável do conhecimento de si. O repertório de cada homem é extremamente limitado’. Esses papéis, como observa, exercem uma função prodigiosa nas relações entre homem e mulher e demonstram como o tipo real, a essência, é escondida nestas mesmas relações pois elas se travam com base em uma espécie de “coincidência de gostos”, por assim dizer, correlacionada à personalidade (aparência e não à essência) do casal. “(…) o homem ‘mecânico’ não pode amar. Nele, isto ama ou isto não ama”.
A grosso modo, o “sistema” de Gurdjieff é fundamentada no pressuposto de que o homem é uma máquina e para estudá-lo é antes necessário compreender a mecânica que a psicologia em sentido estrito. Para o homem “tudo acontece” e ele dificilmente escapa ao conjunto de “leis da mecanicidade” por esforço próprio o que, não obstante, pode ser feito por um esforço consciente em grupo capaz de produzir “choques artificiais” adicionais que garantam a cristalização de algo mais sutil em si mesmo.
Poucos compreendem, entretanto, a importância que desempenha o sexo no conjunto do sistema porque via de regra se resumem os “centros do homem” aos centros instintivo, motor, emocional e mental. O “centro sexual” cumpre um papel que é ignorado por muitos adeptos do “Quarto Caminho” (ou a escola introduzida por G. Gurdjieff no Ocidente) ou é entendido como a contrapartida conceitual da famosa “kundalini” hindu, ao qual difere em número, gênero e grau.
“Kundalini” para Gurdjieff em nada se aparenta à “serpente ígnea” que se aloja no chackra situado na base da coluna e o “despertar de kundalini” não se relaciona em absoluto ao acréscimo de faculdades desconhecidas ou poderes (“sidhis”) transcendentes. Na realidade:
“(…) é a potência da imaginação, a potência da fantasia, que usurpa o lugar de uma função real” (…). “Kundalini é uma força introduzida nos homens para mantê-los em seu estado atual”. Despertar para o homem significa ser “deshipnotizado”.
Kundalini é algo que foi colocado no homem “por fora” e serve para mantê-los escravizados, sujeitos ás leis mecânicos e reféns das influências planetárias, transformando-se em “alimento para a lua” de acordo com a utilidade quer forças de ordem cósmica reservaram à terra na economia da universo. Sem “Kundalini” o homem não é mais hipnotizado, não age como na velha fábula em que o cordeiro pensa que é um Leão.
Kundalini, posteriormente tratada nos “Contos de Belzebu a seu Neto” nada mais é que o estranho órgão “kundabuffer” que faz com que os homens e mulheres neste pequeno planeta, estes insólitos seres “tricerebrados” ajam de maneira tão estranha diante dos olhos do estupefato neto do velho e sábio Belzebu.
Como afirmava o velho caucasiano em suas conversas com os mais seletos discípulos,
“Ao mesmo tempo, o sexo desempenha um papel enorme na manutenção da mecanicidade da vida. Tudo o que as pessoas fazem está em ligação com o sexo; a política, a religião, a arte, o teatro, a música, tudo é sexo”. (…) Essa é a principal fonte de energia de toda a mecanicidade. Todos os sonos, todas as hipnoses dela decorrem. Tentem compreender o que quero dizer.
A mecanicidade é particularmente perigosa quanto as pessoas não a querem tomar pelo que é e tentam explicá-la por outra coisa. Quando o sexo é claramente consciente de si mesmo, quando não se esconde por trás de pretextos, não se trata mais de mecanicidade de que falo. Ao contrário, o sexo é claramente consciente de si mesmo, quando não ser esconde por trás de pretextos, não se trata mais da mecanicidade de que falo. Ao contrário, o sexo, que existe por si mesmo e não depende de mais nada já é uma grande realização. Mas o mal reside nessa perpétua mentira de si mesmo”.
O sexo é a principal fonte da escravidão humana e o laço que o ata em caráter quase irrevogável à mecanicidade, impedindo-o de ser algo mais que uma simples e previsível máquina. Contudo, há algo de positivo nele, desde que exploradas suas possibilidades enquanto fator de “transmutação” do homem.
“Lembram-se do que foi dito a respeito das quarenta e oito leis? Não podem ser modificadas, mas é possível libertar-se de grande número delas. Quero dizer, há uma possibilidade de mudar. O estado de coisas para s
i mesmo pode escapar à lei geral. Aí, como em qualquer outra parte, a lei geral não pode ser mudada, tanto mais que a lei de que falo, isto é, o poder do sexo sobre as pessoas, oferece possibilidades muito diversas. O sexo é a principal fonte de nossa escravidão, mas também nossa principal possibilidade de libertação”.
Neste ponto ingressa-se no campo da alquimia enquanto ciência das transmutações e estudo da unidade da matéria. O sexo se torna ingrediente indispensável no processo que conduz ou ao nascimento de um novo corpo físico à base da união dos princípios masculino ou feminino ou à constituição de um corpo astral sem “bodas alquímicas”, sem o “sol e lua” como se pode dizer (Gurdjieff e Ouspensky não usavam essa notação alquímica.
O processo de Criação de um Novo Corpo Físico depende da forma como são manipuladas substâncias sutis, em especial a mais fina e rara que pode ser produzida pela fábrica humana (o corpo humano de três andares), o hidrogênio si 12.
Por assim dizer:
“O novo ‘nascimento’ de que falamos, depende da energia sexual tanto quanto o nascimento físico e a propagação das espécies”. “(…) o hidrogênio si 12 é o hidrogênio que representa o produto final da transformação do alimento no organismo humano. É a matéria a partir da qual o sexo trabalha e produz. É a ‘semente’ ou o ‘fruto’. “(…) si 12 pode passar ao dó da oitava seguinte com o auxílio de um ‘choque adicional’. Mas esse ‘choque’ pode ser de dupla natureza e duas oitavas diferentes podem começar, uma fora do organismo que produziu si, outra no próprio organismo. A união dos si 12 masculino e feminino – e tudo que a acompanha – constitui o ‘choque’ da primeira espécie e a nova oitava começada com a sua ajuda desenvolveu-se independentemente, como um novo organismo ou uma nova vida’.
“Essa é a maneira normal e natural de utilizar a energia de si 12. entretanto, no mesmo organismo há outra possibilidade. É a possibilidade de criar uma vida nova dentro do organismo onde si 12 foi elaborado, mas desta vez sem a união dos princípios masculino e feminino”.
Gurdjieff deixa claro que a energia sexual só pode ser gasta de duas maneiras legítimas, a vida sexual normal e a transmutação. “(…)Neste domínio, qualquer invenção é das mais perigosas”. Isso pode ser entendido como uma admoestação que visa coibir as chamadas práticas da “mão esquerda” (não entendidas, diga-se de passagem, à moda piegas de vários autores ocultistas, principalmente “teósofos” mas como um conjunto de ações que deturpam o caminho e aumentam a mecanicidade do homem).
O sexo, em si, se normal e bem utilizado é bom e saudável. O grande mal, o mais pernicioso é o “abuso do sexo” Como Gurdjieff entende a expressão “abuso do sexo”?
“Ela designa o mau trabalho dos centros em suas relações com o centro sexual ou, noutros termos, a ação do sexo exercendo-se através dos outros centros e a ação dos outros centros exercendo-se através do centro sexual, ou para ser mais preciso, o funcionamento do centro sexual com o auxílio da energia tomada dos outros centros e o funcionamento dos outros centros com o auxílio da energia tomada do centro sexual”.
Abuso do sexo é qualquer situação que produz o mal funcionamento dos centros, sua desarmonia e desorganização. O centro sexual rouba energia dos demais centros (o motor, o emocional e o mental) e estes se alimentam, por seu turno, das energias do centro sexual. Nesse caso o homem se descontrola e tende a se tornar um ser horrendo e desprezível. O sexo como parte neutralizante do centro motor deixa de operar e seu centro, o centro sexual, passa a se “alimentar” de coisas mais impuras e grosseiras.
”(…) O centro sexual trabalha com o hidrogênio 12, disse ele desta vez. Isto é, deveria trabalhar com ele. O hidrogênio 12 é si 12 mas o fato é que raramente trabalha com o seu hidrogênio próprio. As anomalias no trabalho do centro sexual exigem estudo especial”.
Além de tomar para si “hidrogênios inferiores”, o centro sexual começa adquirir caraterísticas que não são próprias dele, é contaminado por atributos dos demais centros e, em especial, do centro emocional. Como demonstra G.; no centro sexual, no centro emocional superior e no intelectual superior não há duas partes.
“Tudo o que se relaciona com o sexo deveria ser, quer agradável, quer indiferente. Os sentimentos e as sensações desagradáveis provêm todos do centro emocional ou do centro instintivo”.
“Mas em conseqüência do mau trabalho dos centros, acontece freqüentemente que o centro sexual entra em contato com a parte negativa do centro emocional ou do centro instintivo. A partir daí, certos estímulos particulares ou mesmo quaisquer estímulos do centro sexual, podem evocar sentimentos desagradáveis, sensações desagradáveis”.
O sexo é importantíssimo por fim pois é o mais rápido dos centros por trabalhar com o hidrogênio 12.
“(…) Isto significa que ele é mais forte e mais rápido que todos os outros centros. De fato, o sexo governa todos os outros centros (pq. 292)”.
“(…) Quando a energia do sexo é saqueada pelos outros centros, é esbanjada num trabalho inútil, nada resta para ele mesmo e deve, a partir de então, roubar a energia dos outros centros, que é de qualidade bem inferior à sua e bem mais grosseira”.
“Mas quando o centro sexual trabalha com energia que não é a sua, isto é, com os hidrogênios relativamente inferiores, 48 e 24, suas impressões tornam-se muito mais grosseiras e ele cessa de ter no organismo o papel que poderia desempenhar. Ao mesmo tempo sua união com o centro intelectual e a utilização de sua energia pelo centro intelectual provocam um excesso de imaginação de ordem sexual e, por acréscimo, uma tendência a satisfazer-se com essa imaginação. Sua união com o centro emocional cria a sentimentalidade, ou, ao contrário, a inveja, a crueldade”.
As mais grandiosas obras em todos os terrenos são frutos inegáveis da ação do centro sexual. Essa energia se reconhece “(…) por um ‘sabor’ particular, por um certo ardor, por uma veemência ‘desnecessários”. O maior desafio do homem que trabalha sobre si mesmo no espírito do quarto caminho e compreender (e antes SER para COMPREENDER) como utilizá-la da forma correta e não fazer mal uso do sexo tornando-se um infra-sexual conforme ensina Ouspensky em “Um Novo Modelo do Universo”. Um demônio vil, asqueroso e perverso aguilhoado pela torpe sujeição aos mais abjetos prazeres que satisfaçam sua mecanicidade.
(FONTES DA INTERNET)
Na verdade, a fonte está em Gurdjeff, e o seu conhecimento apresentado foi expandido por outros autores, incluindo Oupensky. A chave do despertar da alma através do auto-conhecimento que passa a manipular as energias do cinco centros da máquina, para criar também conexões com as dimensões superiores e os niveis da alma elevados a ela relacionados por corpos solares e frequências ascendentes conforme a escala musical… chakras… e tudo mais, tudo dentro do Raio da Criação e suas leis, de três em três.
Este é o NOVO CONHECIMENTO que vem do Oriente, conforme Judas relaciona na chave dos Pauhas, e no Pauah do Oriente, falando do conhecimento já escrito do Pauah do Norte (o Cristianismo), e esse novo conhecimento se unia, na mesma época da apresentação de Judas na Argentina, entre 1944 e 1945, à descoberta dos livros de Nag Hammadi com conteúdo essencialmente gnóstico, o que se aliava de forma precisa e perfeita com as novas ideologias gnósticas nascendo no Leste, na Teosofia de Blavatsky e nos estudos de Gurdjeff, Oupensy e outros da mesma corrente.
E Judas me pareceu tremendamente PROFÉTICO ao falar dessa nova sabedoria que viria do LESTE, porque, do outro lado do mundo e, creio, antes do anúncio daquela grande descoberta (os tesouros de Nag Hammadi, no Alto Egito), Judas anunciava todas estas coisas ao jornalista incrédulo!
É como se Judas, na continuação da sua proposta de ensinamento, insinuasse a combinação entre as duas palavras e as duas ciências, a nova e a antiga.
E os evangelhos clássicos da Bíblia sendo expandidos pelas novas (mas tão antigas) ciências gnósticas descobertas naquela caverna esquecida por séculos!
Porém, não nos esquecendo que nem Oupensky e nem Gurdjeff, apesar de brilhantes, foram infalíveis. Muitas das páginas de sua abordagem do sexo como fonte de energia a ser transmutada envolvendo a sexualidade ativa estão erradas. Nem eles escaparam da influência de outros escritores da época na abordagem do sexo como fonte de energia mística, certamente impelidas por correntes de pensamento contaminadas pela velha serpente infiltrada desde a antiguidade…
Devemos notar que, no Hemisfério Norte, a casa de exaltação do Sol fica ao sul, e não ao norte, quando a posição deste Bacab passa, então, do norte para o sul.
Mas como Judas estava na Argentina na ocasião e mencionava muito a cultura inca e guarani, então podemos entender aqui que o bacab do norte (na nossa referência de Hemisfério Sul) é o Bacab relacionado a Jupiter e Cristo (exaltação do Sol, sol do meio dia)
Claro que podemos incluir nesse grupo o nome e a obra gigantesca de Helena Blavatsky, e sua sistematização da Teosofia, que inclusive gerou a Grande Sociedade Teosófica em 1888. Porque ela também foi russa, e suas conhecidas viagens ao Tibet e contatos com Mestres reais, também podem ser considerados conhecimentos novos vindos do Oriente… no entanto, conhecimentos que não estiveram ilesos, e factíveis de erros doutrinários à luz da Verdade, que, plena, só poderá ser conhecida pelos membros da Igreja de João.
E ocorre dizer que, em nenhum destes três pensadores, foram divulgadas ou ensinadas técnicas de despertar da consciência e transformação interior que empregassem Sexualidade Oculta!
De modo que as referências de Judas ao Sexo no manuscrito, especialmente no último capítulo do Livro II, falam de uma transcendência sexual, e não de uma prática sexual como suposta chave de transformação interior. A partir do próprio Evangelho de Cristo, do qual ele é refém, que diz que os Filhos de Deus não nascem da carne, sangue ou sexo, mas de Deus (a Palavra golpeando a Pedra).
Infelizmente, o manuscrito de Judas também já caiu nas garras dos gnósticos samaelianos, que, como seu “mestre”, tudo o que tocam, eles transformam em doutrina carnal.
O próprio Judas adverte: “Cuidado com a Serpente que faz milagres!”, referindo-se à velha e astuta serpente do Éden, que regressa no Apocalipse para seduzir os habitantes da Terra com os mesmos prodígios de mentira.
Em nenhum momento, Judas apela para os frutos da Árvore da Ciência em seu manuscrito, porém, fala bastante e profundamente na Árvore da Vida e o licor (analogia ao vinho, sangue de Cristo) que concede a vida eterna. (alusão direta à João 15).
Por outro lado… seria o caso aqui de pensarmos que o Manuscrito de Judas Iscariotes é, na verdade, uma criação ficcional do próprio Armando Cosani, já que ele também teve acesso aos conhecimentos referidos no livro em sua época? Provavelmente, não, a começar pela abordagem sobrenatural dos valores cosmológicos e espirituais das chaves do universo pré-colombiano, ainda não muito acessíveis ao grande público naquele tempo (1944/5) quando sequer o idioma maia havia sido decifrado pelos linguistas, e menos ainda, estabelecido paralelos entre o hebraico e o maia!
E por outro lado, que revelações mais íntimas são aquelas da vida pessoal de Judas nos tempos de Cristo, que somente um mestre ou mente desperta poderia ter acesso, sob o risco de cair em especulações filosóficas grotescas da Verdade?
Realmente, o discurso de Judas, nos relatos de Cosani, é de alguém que parece saber muito bem o que está falando, quando e para quem está falando… quando fala na ponte da morte do Ego que dá acesso da Igreja pública de Pedro para a Igreja secreta de João!
EU SOU O ALFA E O ÔMEGA, O PRIMEIRO E O ÚLTIMO, O PRINCÍPIO E O FIM!
E João permaneceu até o fim porque sua tarefa era resgatar, em sua presente encarnação, antes do regresso de Cristo, toda a Verdade que ele entregou ao mundo, e todos os conhecimentos oriundos de doutrinas sãs, que hoje se encontram fragmentados e completamente desfigurados pelos poderes das trevas infiltrados nas mentes de lideranças científicas, culturais e espirituais.
Algo que nos remete, em analogia importante, ao romance do Pistis Sofia, e a fiel sabedoria (A Luz) precisando baixar ao mundo e vencer as forças da oposição antes de ascender ao seu trono original, o EON 13, Eon Cristo.
Continua na parte 14
Segue o Livro para leitura:
https://ovoodaserpenteemplumada.com/arquivos/o-voo-da-serpente-emplumada-para-leitura-03-04-2010.pdf
JP em 14.04.2020
Veja a parte anterior: