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A Alegoria do Poço

 

 

 

 

 

Todos sabemos daquela velha parábola do poço: quando estamos no fundo do poço, só há uma saída: para cima!

Pois bem, e me parece claro para todos que a humanidade chegou nesse fundo do poço. Sabemos que existem auxiliares lá em cima, com a mão estendida para nós, e apenas nos resta compreender a situação de “fundo de poço” e estender a nossa mão, ao invés de cruzarmos os braços e, no orgulho cegante, achar que temos que sair sozinhos dali de dentro.

Não está agindo assim a moderna ciência?

Não seria muito mais genial começar a trabalhar em tecnologias, de larga escala, em busca da despoluição de rios e mares, da cultura natural sem agrotóxicos, da cura natural sem o uso intenso de drogas alopáticas, do restauro da terra, do reflorestamento, da preservação da fauna e flora, etc…

Não seria muito mais genial investir agora na Terra do que em Marte?

Ou ainda, investir agora na vida e não na tecnologia, e se for investir nesta, que seja em prol da vida que ainda resta?

Sinto que agora está nas nossas mãos, e ainda que a sentença da civilização já tenha sido dada, dum modo generalizado, ela ainda não restringe as pessoas em isolado ao ato do arrependimento e da mudança que levam ao despertar da consciência, quando então veremos o poço, e constataremos nossos pés no fundo dele. E veremos lá em cima uma forte mão estendida em nossa direção, e tudo o que nos restará fazer é descruzar os braços e ceder no orgulho, levantando a nossa mão para ela.

Assim acreditaram aquelas vítimas soterradas por longos dias nos escombros de um terremoto entre tantos outros, acreditaram que em algum momento uma forte mão seria estendida para eles em socorro. Não será assim com Deus também?

Mas o nome daquele terrível poço no qual a humanidade está caindo ao negar a estendida Mão do Alto em sua direção e, por isso mesmo, ser puxada cada vez mais para baixo por outras mãos que no fundo já estão, não é outro, a não ser este: ORGULHO.

E tudo o que o Inimigo secreto da humanidade tem a fazer é envenenar a alma dos homens adormecidos e desarmados com o mesmo orgulho, para que também caiam, junto com ele, no mesmo poço dos fracassados.

Libertar-se do orgulho não é uma questão de se viver em culpa e carregar conflitos sem fim, o que certamente significa destruição tanto do corpo como da alma. É questão de reflexão, de enxergar e compreender os próprios erros a causar todos os males do circuito externo da existência em vez de se procurar por bodes expiatórios e neles atirar todas as nossas culpas, fugindo assim de toda responsabilidade pessoal. Identificada a culpa, é urgente libertar-se dela pela cessação do erro, assim como ensinou Jesus e Buda, e todos os mestres da linhagem legítima da luz.

A religião genuína não quer gerar culpa nas pessoas, e sim, arrependimento, porque é por ele que a culpa cessa e a alma se liberta de todos os seus conflitos interiores. Essa é a via da Iluminação. O que gera conflitos internos é a culpa, mas o que gera culpa são os erros persistentes, sobre os quais a consciência não cessa de acusar a mente. Eliminando o erro, toda a sequência de maus efeitos é interrompida, e o homem se liberta.

“Eu vim para vos libertar do cativeiro do pecado!”
Jesus Cristo.

O que não podemos seguir fazendo é mascarar a culpa por meio dessas modernas pseudo-filosofias de auto-ajuda barata, porque o erro preservado continuará a dar alimento ao tumor da culpa que, crescendo, se torna um câncer espiritual carregado de conflitos insuportáveis e fatais para a saúde da alma.

A mensagem do “Arrependa-te” é um convite à verdadeira liberdade, nos chamando a atirar fora a máscara da hipocrisia que veste uma face de alegria e auto-estima para o mundo lá fora, enquanto esconde um coração triste, solitário e temeroso para si mesmo.

E quando a pessoa passa a mentir para si mesma, então alcançou o pior estágio da mentira, aquele geralmente sem retorno, quando então cair é tudo o que resta…

 

JP em 16.09.2019

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