Onda de choque da erupção do vulcão Hunga-Tonga Hunga-Ha’apai foi registrada em vários continentes e também em estações meteorológicas do Brasil
A erupção do vulcão Hunga-Tonga Hunga-Ha’apai, na nação polinésia de Tonga, no começo deste sábado, foi um evento de escala global. O violento processo eruptivo gerou uma nuvem de cinzas que atingiu até 30 quilômetros de altura e alcançou a estratosfera do planeta, porém os efeitos desta erupção no clima planetário ainda não poder avaliadas.
Em 1991, a erupção do Pinatubo, nas Filipinas, gerou tamanha quantidade de cinzas e gases que acabou por gerar um resfriamento temporário do planeta que durou dois anos, interrompendo por breve período a escalada de temperatura planetária gerada pelos gases estufa do aquecimento global.
O processo eruptivo deste sábado foi tão violento que a enorme onda de choque gerada foi visível nas imagens de satélite meteorológico como GOES e Himarawai que estão entre as mais impressionantes desde que a ciência passou a observar o planeta a partir do espaço. Vê-se a enorme coluna de cinzas eclodindo no meio do Pacífico e se expandindo ao alcançar altitudes mais elevadas enquanto uma onda de choque se expande radialmente a partir do centro da erupção.
O evento, um dos maiores em se tratando de vulcões no mundo na história recente; foi tão significativo que o som da explosão do vulcão em Tonga acabou sendo ouvido pelas pessoas a centenas de quilômetros de distância. Moradores de Fiji, a 800 quilômetros do vulcão, gravaram vídeos dos ruídos gerados pelo processo eruptivo.
Em 1883, a erupção cataclísmica do Krakatoa pôde ser ouvida a milhares de quilômetros de distância, como na África, e marinheiros que estavam a cerca de cem quilômetros do vulcão ficaram surdos, conforme relatos históricos da época. O som da erupção de hoje foi captado por equipamentos especiais de infrassom em Anchorage, no Alasca, que está a quase 10 mil quilômetros do vulcão.
A violência da erupção do Hunga-Tonga Hunga-Ha’apai acabou por gerar uma onda de choque que se expandiu pelo planeta. Meteorologistas em vários países observaram em estações de monitoramento meteorológico uma súbita mudança de pressão atmosférica com a chegada da onda e publicaram os dados em redes sociais. O mesmo padrão foi observado na Nova Zelândia, Japão, Alasca, Nova York, Porto Rico, Los Angeles, Oklahoma, Miami, Zurique e até na Finlândia, distante 15 mil quilômetros do vulcão, no Norte da Europa.
A onda de choque com anomalia de pressão atmosférica foi calculada a partir do horário de sua chegada, a distância para a erupção e o horário do evento eruptivo em cerca de 1.300 km/h no Hemisfério Norte. Como a erupção ocorreu pouco depois da 1h deste sábado, hora de Brasília, 4UTC, e a velocidade estimada de propagação na maioria dos locais foi de 1.000 km/h, a onda de choque alcançaria o Brasil cerca de 12 a 13 horas depois.
Foi o que ocorreu. Repetindo o padrão observado em estações meteorológicas de diferentes países e continentes, levantamento da MetSul Meteorologia mostrou um pico de pressão atmosférica de Sul a Norte do Brasil nos dados das estações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Um pico de pressão atmosférica de ~1,0 a ~1,5 hPa foi registrado em estações do Inmet entre 14UTC e 16UTC (11h a 13h pelo fuso de Brasília) em estações do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Goiás, Distrito Federal, Amazonas, Mato Grosso e outros estados, a maioria na faixa das 15UTC a 16UTC, logo em torno do meio-dia.
Pancadas de chuva e temporais, comuns nesta época ano, geram correntes descendentes e com resfriamento da atmosfera que eleva a pressão. Isso poderia explicar a subida da pressão atmosférica em uma estação ou outra com chuva na localidade ou nas proximidades, contudo jamais no mesmo horário, em uma centena de estações, em tantos estados e distantes, do Sul ao Norte do Brasil. O que produziu o padrão de incremento súbito da pressão ao redor das 12h deste sábado foi a chegada da onda expansiva que se propagou pelo planeta a partir da explosão do vulcão no Pacífico Sul. O VULCÃO HUNGA-TONGA HUNGA-HA’APAI Muito pouco se sabe sobre a evolução do vulcão Hunga-Tonga Hunga-Ha’apai, afirma o Programa de Vulcanismo Global do Smithsonian.
A primeira observação registrada de uma erupção foi em 1912, seguida por outra em 1937 e depois 1988, 2009 e 2014-15. Essas erupções foram todas pequenas, a maior de VEI-2 na escala de erupções, mas com tão poucos eventos não há uma boa compreensão do estilo de atividade, diz o Smithsonian. A erupção de 1988 foi vista por pescadores e piloto de avião, depois analisada por geólogos.
Ocorreu a partir de três aberturas de águas rasas junto à ilha de Hunga Ha’apai, mas não havia nenhuma ilha formada pelo vulcão. A erupção que começou em 17 de março de 2009 teve uma abertura em Hunga Ha’apai e outra submersa a cerca de 100 metros da costa. A ejeção de material vulcânico preencheu o espaço entre elas em alguns dias, expandindo o tamanho da ilha. Após apenas quatro dias, a erupção de 2009 acabou, mas estendeu a ilha em um quilômetro, deixando lagos de crateras emitindo vapor.
A próxima erupção ocorreu de 19 de dezembro de 2014 a 28 de janeiro de 2015. Esse período mais longo de atividade foi centrado entre as ilhas de Hunga Tonga e Hunga Ha-apai e construiu uma nova ilha. Eventualmente, havia tanto material que as ilhas estavam todas conectadas. Em 20 de dezembro de 2021, uma nova erupção produziu uma pluma de gás e cinzas rica em vapor que subiu a 16 quilômetros (52.500 pés) de altitude.
Após quase duas semanas de período de calmaria, a atividade retomou com uma alta fase eruptiva freatomagmática no vulcão Hunga Tonga-Hunga Haʻapai. Uma explosão espetacular ocorreu às 15h14 UTC da quinta, caracterizada por massas escuras e densas de material piroclástico. Uma pluma cada vez maior e densa enviou cinzas até 55.000 pés (17.000 metros) de altitude. Hoje, o vulcão teve a sua maior explosão e foi um evento global.
METSUL
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Um evento impressionante e inesperado para a entrada do ano novo.
Aliás, podemos ter uma ideia de como seria o impacto de um asteroide no mar… e dependendo do tamanho do asteroide (ou meteoro), o estrago seria muito maior, mesmo!
E é assim que acontece, a qualquer momento e sem previsão alguma.
E nem chance de defesa.
JP em 16.01.2022