Raphael Coraccini*, colaboração para a CNN
28 de janeiro de 2021
Os Estados Unidos presenciarão nos próximos meses um fenômeno singular. Entre abril e maio, primavera no hemisfério norte, trilhões de cigarras vão emergir do solo para voar pelos céus de algumas regiões da América do Norte em um evento que não é visto em nenhum outro lugar do mundo.
As espécies envolvidas nessa migração em massa são as magicicada septendecim, magicicada cassini e magicicada septendecula, diferentes das cigarras comuns. Elas demoram de 13 a 17 anos para amadurecerem e ficam embaixo da terra até que se desenvolvam totalmente.
Como comparação, as espécies brasileiras demoram de três a quatro anos para se transformarem de ninfa a cigarra.
Um comunicado do Instituto Politécnico da Universidade Estadual da Virgínia explica que o ciclo de 13 ou 17 anos para as ninfas se tornarem cigarras ainda é um dos grandes mistérios do mundo dos insetos, mas há algumas possibilidades.
“É teorizado que essas cigarras evoluíram para evitar a sincronização com os ciclos de predadores”, diz o artigo. Por isso, o evento se repete em uma periodicidade de números primos.
Outra diferença importante dessas espécies é que elas, quando amadurecem, saem todas de uma vez debaixo da terra. Além disso, têm olhos vermelhos e coloração diversa. Pode ser um pouco assustador para quem não gosta de insetos desse tipo, mas os especialistas garantem que não oferecem risco nenhum para humanos e mamíferos no geral.
A revoada de cigarras acontece anualmente nos Estados Unidos, mas esse fenômeno é mais impressionante, porque as ninhadas são muito maiores e se estendem por uma parte mais ampla do território americano, dos estados do sul até o meio-oeste.
O fenômeno será visto por cerca de 100 milhões de pessoas que vivem em regiões bastante povoadas, como Nova York, Nova Jersey, Geórgia, entre outros. As ninhadas sobrevoam essas regiões por quatro a seis semanas antes que a geração inteira morra.
Barulhos acima de 100 decibéis
Antes de concluída a revoada, as cigarras precisam se reproduzir e o canto é parte do ritual de acasalamento.
Trilhões de cigarras podem produzir ruídos superiores a 100 decibéis. “Comunidades e fazendas com grande número de cigarras emergindo ao mesmo tempo podem ter um problema de ruído substancial”, diz Eric Day, entomologista da Faculdade de Agricultura e Ciências da Vida do Instituto.
Há ainda algum transtorno para produtores que cultivam pomares e árvores ornamentais, porque as cigarras podem prejudicar o desenvolvimento de árvores juvenis, videiras e mudas.
“As cigarras podem ocorrer em números esmagadores e os produtores em áreas onde essas atividade estão previstas devem ficar atentos”, afirma Doug Pfeiffer, professor e especialista do Departamento de Entomologia. Ele indica aos agricultores que evitem plantar novas árvores um ou dois anos antes do surgimento das cigarras.
(*Com informações da CNN Internacional)
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