2020 e seus acontecimentos inusitados parecem mesmo não ter fim. Neste domingo (30), moradores de cidades do Recôncavo baiano acordaram sentindo a terra tremer. Há relatos de moradores de Santo Antônio de Jesus, Amargosa, Muniz Ferreira, entre outras. Recentemente, no último dia 19, Cachoeira também passou pela mesma situação.
Os tremores ocorreram logo pela manhã, por volta das 7h30. “Tudo na minha casa tremeu. Foi rápido, durou uns dois segundos, mas de início foi uma sensação ruim. Nós, de Muniz Ferreira, nunca presenciamos uma coisa dessas, então ficamos preocupados. Me falaram também de tremores em Nazaré, Santo Antônio de Jesus, Amargosa, Sapaeçu, mas ainda não sabemos a origem disso”, contou o estudante Kaylan Anibal, 19 anos.
O prefeito de Amargosa, Júlio Pinheiro, também sentiu o chão balançar e já acionou as autoridades competentes para entender o que aconteceu. “Sentimos um tremor em Amargosa e há relatos de que isso ocorreu na região inteira. Não sabemos ainda o que aconteceu, estamos buscando junto com a Defesa Civil do estado para ver se algum centro de sismologia registrou”, contou.
Segundo o gestor municipal o tremor foi rápido, mas de grande intensidade. “Foi forte e durou uns três segundos. Foi assustador. Não temos relatos de danos nas ruas ou nas casas, mas estamos com equipes nas ruas para verificar. Fomos informados de relatos da mesma situação em Santo Antônio de Jesus, Mutuípe, Laje, São Miguel, Elísio Medrado”, completa.
Morador da cidade, Rodrigo Matos tomava café com os familiares quando percebeu que havia algo estranho. “Estávamos juntos, tomando café, quando o chão tremeu. Ficamos olhando uns pros outros perguntando se todos sentiram a mesma coisa. Que sensação estranha. Na casa da vizinha as estátuas ficaram batendo umas nas outras depois do tremor”, narra.
O Centro de Sismologia da USP registrou tremores de intensidade 3.7 e 4.2 na cidade.
Em São Miguel das Matas o tremor também foi intenso. O morador Jadson Penine conta que o chão chegou a tremer pelo menos três vezes. “A primeira foi 7h40, foi muito forte, balançou a casa. E agora, umas 8h15, tremeu de novo, forte. E 8h30 deu um fraquinho. Caíram produtos das prateleiras do mercado. Balançou tudo”. A USP também notificou o abalo no município baiano.
“Eu pensei que era um trator, um rolo compressor passando aqui na rua. Tremeu tudo por uns 20, 30 segundos. Olhei pela janela e vi que não tinha nada na rua, foi muito estranho, tinha vizinho que saiu correndo, desesperado. Nunca passei por isso, é uma sensação muito estranha. Soube que aconteceu também em Ilhéus e Itabuna”, relata. As prefeituras das cidades do sul não confirmam o tremor e estão apurando a situação.
Em São Félix, a manhã de domingo também foi angustiante. A produtora cultural Carine Araújo estava no banheiro quando ouviu os gritos da filha, que acordou assustada com o tremor. “Eu nem acreditei que fosse isso mesmo, porque moro perto da linha do trem, então geralmente acontece do trem encaixar e a gente sentir uns tremores. A questão é que minha filha acordou assustada, segurando na cama como se fosse cair. Eu já tinha levantado, tava no banheiro, ela acordou chorando. Fui olhar nos grupos, todo mundo perguntando se alguém tinha sentido. Minha prima de Muritiba sentiu, meus amigos de Cachoeira”, explica.
Os relatos em Tancredo Neves também chamam atenção. O médico Romerito Duarte estava de plantão em uma unidade de saúde e tirava um cochilo no intervalo, quando foi acordado pelo tremor. “Umas 7h20, eu estava deitado aqui no hospital, quando começou a ter um tremor. Eu acordei e olhei para cima, tem um ar-condicionado que às vezes faz um barulho, mas estava desligado. Olhei para a janela, não tinha nenhuma máquina pesada passando na estrada, que às vezes causa tremor. Aí fui deitar de novo e o pessoal veio bater na porta perguntar se eu tinha sentido alguma coisa. Aí fui entrar na internet e vi tudo que aconteceu”.
Na região da cidade de Mutuípe, que fica no Vale do Jiquiriçá, o tremor foi de magnitude 4.6, segundo o Laboratório de Sismologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Já o prefeito de Elísio Medrado, Robson Souza, admite ter ficado apavorado com o tremor. “Assustou a todos nós de Elísio Medrado. Foi um tremor muito forte, eu não sabia nem para onde correr, ficamos muito assustador. Foram cinco tremores, bem próximos uns dos outros, sendo os dois últimos mais fraquinhos. A gente não tem costume disso, só ouvimos falar em televisão, ficamos muito chocados”.
O mesmo choque foi sentido pelo professor e analista de sistemas Danilo Ribeiro, 40, que mora em Conceição do Almeida. “Aconteceu exatamente às 7h55 de hoje. Eu ainda estava na cama e ouvi um barulho estranho como se fosse um caminhão pesado passando. Aí senti tudo tremer, principalmente a cama. As portas que estavam fechadas começaram a bater e o chão tremeu. Com exceção de mim, que ainda estava na cama, todos já tinham levantado e ficaram assustados porque nunca vimos isso antes. Somos de Salvador e temos um sítio aqui. Conversamos com o nosso caseiro, que tinha acabado de chegar da casa dele, aqui perto, e ele disse que além desse de hoje de manhã houve outro tremor por volta das 4h. Mas este eu não percebi. A vizinha aqui do lado também confirmou que sentiu”.
Tremor em Salvador e Feira de Santana
Alguns moradores de Salvador também registraram ter sentido o tremor. Moradora do Garcia, a aposentada Marlene Cruz disse que assistia televisão quando percebeu o que ocorreu e chegou a se desequilibrar. “Tremeu aqui também. Como estava levantando na hora, me assustei e me segurei pra não cair, porque fiquei nervosa. Foi rápido, mas forte, porque a xícara ficou balançando no pires”, garante.
O mesmo foi relatado pela costureira Selma Pereira Costa, moradora da Lapinha. “Eu estava assistindo Globo Rural com meu esposo quando sentimos o sofá tremendo. Meu filho estava deitado no quarto e sentiu a cama tremendo, além de um estrondo no telhado, como se estivesse balançando. Um objeto também caiu aqui da estante”, detalha.
Fabiana Cruz, que mora em Feira de Santana, conta que na cidade também foi possível perceber algo diferente. “Era por volta das 7h40. Eu estava no banheiro e meu esposo no sofá, moramos em apartamento, no 4º e último andar. Quando tremeu, gritei meu esposo, aí ele também informou estar sentindo. Até nosso filho de 4 anos achou que era uma brincadeira do pai, falando para o pai parar de balançar o sofá”.
Apesar dos registros, a Defesa Civil do município (Codesal) ainda não registrou nenhuma ocorrência provocada pelo “terremoto baiano”.