País alocará artefatos atômicos fora de seu território pela primeira vez desde o colapso soviético
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou nesta sexta-feira que começará a enviar armas nucleares táticas para a Bielorrússia a partir de 7 e 8 de julho, às vésperas de uma cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para discutir a adesão ucraniana. Será a primeira vez que Moscou alocará artefatos atômicos fora do território russo desde o colapso soviético em 1991.
No final do mês passado, o presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko, havia afirmado que o movimento para a transferência já tinha começado, mas Putin apresentou a nova data ao receber o aliado em um retiro no balneário de Sochi, no sudoeste russo. O chefe do Kremlin disse que “tudo está indo de acordo com os planos”, de acordo com transcrições divulgadas por Moscou.
— Preparativos para as instalações relevantes terminarão entre 7 e 8 de julho, e vamos começar imediatamente as atividades relacionadas à transferência dos tipos apropriados de armas para o seu território — afirmou Putin, sem deixar claro quantos armamentos serão deslocados ou a localização exata do espaço para armazená-los.
Barragem destruída na guerra entre Rússia e Ucrânia
Em resposta a Putin, de acordo com as transcrições, Lukashenko agradeceu referindo-se ao aliado por seu primeiro nome:
— Obrigado, Vladimir Vladimirovich.
Os dias listados por Putin são na véspera da cúpula da Otan marcada para 11 e 12 de julho na Lituânia, um país fronteiriço com a Bielorrússia e um dos principais defensores dentro do grupo e da União Europeia para medidas mais contundentes a favor de Kiev. A reunião vai discutir a candidatura da Ucrânia para se juntar à aliança militar.
Envio previamente anunciado
Putin afirma que é encurralado pela expansão da Otan para suas fronteiras, usando os planos ucranianos de fazer parte da aliança como uma das justificativas para invadir o país vizinho. Desde que a guerra começou há mais de 15 meses, ele diz também que o maciço envio ocidental de armas para Kiev — auxílio que permite a resistência ucraniana após o arsenal do país praticamente se esgotar nos meses iniciais de conflito — constitui uma guerra de procuração.
O primeiro sinal de que o envio poderia acontecer veio ainda em março, quando Putin anunciou que enviaria ao país um número não especificado dessas armas, que possuem ogivas menos potentes e de menor alcance que as demais. Ainda assim, as ameaças que o Kremlin faz de usá-las causam imensa preocupação no Ocidente devido ao grande potencial destrutivo.
Lukashenko sinalizou pouco depois que aceitaria alocar os artefatos, afirmando que “os canalhas estrangeiros” deveriam entender que não conseguiram impedir Moscou e Minsk. O acordo para a transferência foi firmado no último dia 25 — na ocasião, o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, citou como justificativa uma escalada “extremamente aguçada das ameaças nas fronteiras ocidentais da Rússia e da Bielorrússia”.
Desde o colapso soviético, americanos e russos trabalhavam em conjunto para que as ex-repúblicas soviéticas como Ucrânia, Cazaquistão e Bielorrússia, e países da Cortina de Ferro. Putin, entretanto, com frequência cita que os russos apenas seguem os passos americanos, que têm ogivas atômicas instaladas na Bélgica, na Alemanha, na Itália, na Holanda e na Turquia.
A escalada vem em meio a diversos alertas desde que a guerra eclodiu de que Moscou não pouparia recursos caso o Ocidente cruzasse uma série de linhas vermelhas. As ameaças nucleares vistas em grande parte como blefes dissuasores, mas são vistas com preocupação tanto por países aliados da Ucrânia quanto por nações neutras no conflito.
Armas nucleares
A ideia de lançar mão dos artefatos táticos, parece vir se naturalizando entre os russos, por vezes defendido por aliados e blogueiros militares influentes nas redes sociais conforme a guerra se prolonga e não tem fim à vista. Moscou também indica que o armazenamento na Bielorrússia pode não ser o último, em uma tentativa de se cercar e projetar força e determinação.
Acredita-se que a Rússia tenha ao redor de 2 mil armas táticas, que podem ser usadas em vários tipos de mísseis que habitualmente carregam explosivos convencionais. Algumas podem até ser disparadas de obuses que já são usados pelos russos no campo de batalha.
Tais artefatos fazem parte de uma subcategoria das chamadas armas nucleares não estratégicas. Na prática, seriam usadas para vencer uma batalha, enquanto as estratégicas têm capacidade para encerrar guerras — e, possivelmente, levar consigo a Humanidade. Nenhuma delas, contudo, foi usada desde as lançadas pelos EUA contra Hiroshima e Nagasaki, em 1945.
Um ataque nuclear de qualquer tipo romperia o status quo vigente há 78 anos, e as armas táticas não são menos perigosas por seu tamanho e potência comparativamente menores. No caso russo, as armas não estratégicas geralmente são aquelas com menos de 5,5 mil km de alcance, enquanto as táticas têm menos de 500 km, segundo o centro de estudos britânico de segurança e defesa Rusi. O mais habitual, no entanto, é que armas nucleares sejam medidas em kilotons, unidade equivalente a mil toneladas de TNT.
Os artefatos táticos geralmente têm entre um e 30 kilotons e, via de regra, tem um poder destrutivo de 1 km a 3 km, com raio radioativo que depende de fatores como altitude da detonação, pressão e o tempo — no caso ucraniano, possivelmente contaminaria também o território russo. Para fins comparativos, a bomba lançada sobre Hiroshima tinha 10 kilotons e matou de imediato cerca de 70 mil pessoas.
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A questão não é mais SE, e sim, QUANDO… a agenda da redução populacional não pode esperar por mais tempo.
“E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim.
Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá fomes, e pestes, e terremotos, em vários lugares.
Mas todas estas coisas são o princípio de dores.”
Mateus 24:6-8
JP em 16.06.2023