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O Verdadeiro Código da Vinci muito além de Maria Madalena – parte 16 – outras obras (A Virgem dos Rochedos)

Uma pintura magnífica, que celebra o tema de encontro entre Jesus e João Batista no deserto, ainda crianças, com a presença da Virgem Maria e do Arcanjo Uriel.
Esse quadro tem uma história toda peculiar.

“A encomenda original para que Da Vinci pintasse A Madona das Rochas viera de uma organização conhecida como a Confraria da Imaculada Conceição, que precisava de uma tela para ser peça central de um tríptico em um altar da Igreja de São Francisco, em Milão.
Esta versão foi pintada em torno de 1483-1486, ou mais cedo. A pintura é poucos centímetros maior que a versão de Londres. A maioria dos estudiosos são unânimes em afirmar que o trabalho foi em sua maior parte executado por Leonardo, e é a primeira das duas versões mundialmente conhecidas.

As freiras deram dimensões específicas a Leonardo, e o tema desejado para a pintura – Virgem Maria, São João Batista ainda bebê, o arcanjo Uriel e o Menino Jesus, abrigados em uma caverna. Embora Da Vinci fizesse o que lhe mandaram, o grupo reagiu com horror quando ele entregou a pintura. Havia enchido o quadro com detalhes perturbadores. A tela mostrava a Virgem Maria de túnica azul, sentada com o braço em torno de um bebê, presumivelmente o Menino Jesus. Diante dela se encontrava sentado Uriel, também com um menininho, presumivelmente o pequeno João Batista. O estranho, porém, era que, em vez da cena que costumeiramente se vê, de Jesus abençoando João Batista, era João que estava abençoando Jesus, e Jesus mostrava-se submisso à sua autoridade.
Esta primeira versão do quadro se encontra no Museu do Louvre, em Paris.

Quase idêntica à versão do Louvre, a versão de Londres é provavelmente uma cópia da primeira, executada pelo próprio Leonardo com a assistência de outros pintores. Pintada para adornar o altar da capela milanesa de São francisco, o Grande, ela foi vendida pela igreja, muito provavelmente em 1781, e certamente em 1785 tornou-se posse de Gavin Hamilton, que a levou para a Inglaterra, onde passou por várias coleções e, em 1880 finalmente torna-se parte da coleção da National Gallery, onde encontra-se atualmente.”
WIKIPÉDIA

(Esta é a primeira versão, entre 1483-1486, atualmente no Museu do Louvre, Paris)

A primeira pintura tem sido muito mal interpretada pelos conspiracionistas, que pegam o conhecimento em pedaços, lhes faltando a visão de conjunto para alcançar a compreensão plena do código da Vinci.
*(A minha análise aqui se concentra no primeiro quadro, aquele que Leonardo executou livremente, fora dos parâmetros exigidos pelos eclesiásticos: no segundo quadro, ele faz alguns ajustes que não chegaram a alterar substancialmente as mensagens ocultas em relação ao primeiro)

Eles dizem que esta pintura significa que a Virgem Maria prefere João Batista ao próprio filho, Jesus, sobre quem, então, ela repousa uma “mão ameaçadora”, como que querendo ferir o menino.
Mas isso está totalmente errado.
Interpretando do modo certo, o que vemos é Jesus abençoando João Batista, aquele que a Escritura diz que lhe foi por Deus enviado para preparar-lhe os caminhos.
E é claro, o Arcanjo Uriel foi o modo de Leonardo inserir o código de Hermes na composição estranha para muitos até hoje.

Uriel é o Anjo da Luz, da Alquimia, da Cabala e do conhecimento hermético, que aparece nos evangelhos herméticos mas não na Bíblia (o seu nome) o que significa a pouca aceitação que Ele tem em meios católicos e protestantes.
É o Anjo de Vênus, a Estrela da Manhã de onde Cristo disse: EU SOU.
A Estrela-Pentagrama do número áureo, a proporção sagrada, o símbolo das antigas e novas ordens secretas e suas doutrinas herméticas, não reconhecidas pelo Dogma Católico e pela estreiteza das crenças protestantes.

Nesta tela, Uriel faz o papel de Hermes, porque em vez de João Batista, a ele pertence o código do dedo indicador apontando o “caminho”. E não que o caminho seja João, mas João é aquele que veio ensinar a ciência que revela o Caminho em Cristo. Porque João não era a luz, mas veio por testemunho da luz.
É isso o que o Anjo está a notificar.
Uriel olha para o observador e, ao apontar para João, quer dizer: ele é o Instrutor da Luz, o guia para a Verdade de Cristo, que Deus enviou para preparar os caminhos do mundo e receber o Messias.
Uriel faz o papel de Hermes apontando o seu análogo em Israel, o tutor da ciência divina que conduz a Cristo, ao espírito da grande obra, a Alquimia do Andrógino.

Isso não diminui o valor de Jesus Cristo perante João Batista, como querem crer os conspiracionistas, apenas eleva e realça o valor e o papel profético de João Batista, o primeiro a reconhecer nele o Messias após os pais de Jesus. No mínimo, Leonardo aparentemente pretendeu nivelar Jesus e João num mesmo status espiritual.
E novamente temos visto aqui os signos do Andrógino, o grande emblema do Alquimista Leonardo.

Jesus ergue os dedos da sua mão direita diante de João, abençoando-o, e enquanto João une suas mãos em oração, o Anjo aponta um dedo para João: a mensagem de que dois se tornam UM, o argumento central da Alquimia.
E repare como Jesus e João parecem muito um com o outro, como se fossem gêmeos! O Código Tomé, os gêmeos solar e lunar, enxofre e mercúrio, Yang-Yin e todo o resto visto nas obras anteriores.

A Mão ameaçadora de Maria?
Nada disso. É uma mão de bênção.
Olhe melhor as três mãos nessa construção alinhada: Maria, Uriel, Jesus.
Maria abre os cinco dedos da sua mão, enquanto Uriel recolhe os dedos e usa somente um para apontar, e Jesus ergue três dedos para abençoar João.
Repare nos números: 5 – 1 – 3, anagrama numérico de 153!

No capítulo 21 do evangelho iluminado de João (a outra testemunha da luz), a pescaria milagrosa de Cristo menciona que 153 grandes peixes foram tirados do lago tiberíades.

O simbolismo do peixe e do pescado é uma das assinaturas messiânicas dos evangelhos, porém, é também um dos símbolos da transmutação alquímica.
Alias, símbolos sexuais aparecem no cenário dos rochedos, símbolos sexuais claramente acoplados: a mesma simbologia alquimista sob outra perspectiva: a reunião dos sexos, das polaridades.
Na segunda tela, essa representação é ainda mais evidente do que na primeira (imagem abaixo).

João Batista nunca foi pescador, mas foi profeta sua vida inteira, preparando os judeus para a chegada do Messias, incluindo os irmãos João e Tiago Zebedeu, pescadores, que eram seus seguidores antes de ser por ele instruídos e preparados a seguir Jesus Cristo. E João preparava muitos judeus para o arrependimento e conversão antes da chegada do Messias, e ele dizia:
Eu batizo com água, mas ele vos batizará com fogo e o Espírito Santo!”
E me parece que João, o Batista, fez de João, o Evangelista, o seu principal discípulo na transmissão hermética que traduz a chave do caminho, da verdade e da vida crística.

Maria abençoa a Jesus, que abençoa a João. E essa mão de Maria cobrindo Jesus mais parece um sinal de proteção da divindade materna sobre o filho.
E também eu creio que Maria desenvolveu um amor maternal também por João, sabendo, desde quando ele era uma criança, que João seria uma alma muito importante na vida e obra de seu filho Jesus.

E mais uma vez, como em muitas obras suas e de outros pintores de seu tempo, Jesus e João aparecem como gêmeos, com aparência quase idêntica, e aloirados, como Maria também está, cabelos castanhos claros, o que não corresponde à aparência étnica dos judeus. Aliás, Maria também está com a aparência do Anjo Uriel, Anjo de Vênus, Afrodite, deusa da beleza cultuada pelos Iluminados do Renascimento.

Segredos da raça ariana-venusiana em suas origens nas profundezas da Europa.

A posição corporal do Anjo Uriel na cena é exatamente a de uma Esfinge alada, e que, conforme a tradição grega da Esfinge, parece interrogar o observador com a mesma chamada: Decifra isto!
A parte posterior do seu corpo lembra a de um leão, pelo menos a forma dele, sentado ou ajoelhado.
O apelo evoca o mesmo enigma exposto aos alquimistas e buscadores do caminho na antiguidade.
Uriel é associado ao Sol, à Luz, ao Leão e aos mistérios.

E o gesto de Maria ao abraçar João, me parece um ato de querer aproximá-lo de Jesus, um sentido grupal, de família, como se Maria considerasse João da família (e era mesmo, já que Isabel, mãe de João, era sua prima).
Por outro lado, esse gesto de Maria aproximando João do grupo (Jesus, Uriel) também pode simbolizar, dentro dos códigos ocultos, a fusão alquímica dos gêmeos espirituais, as duas correntes binárias reunidas pela fórmula secreta do Caduceu de Mercúrio no laboratório, útero, forno, etc.

Uriel usa um vasto e farto manto vermelho, a cor do fogo sagrado, e as vestes quase negras de Maria parecem aludir à primeira fase da alquimia (tal qual a Monalisa, como veremos nos próximos capítulos) fase da morte, da putrefação, da dissolução dos elementos primários: nos mitos paralelos, esta etapa equivale à descida dos gêmeos salvadores descendo ao abismo, submundo e reino da morte para resgatar a pedra oculta em meio aos ossos da morte.
A raiz da Árvore da Vida é subterrânea!

E olhando todas estas rochas do cenário, temos uma situação em que este grupo familiar está dentro de uma gruta ou caverna, com saídas e aberturas para a luz de outras paisagens ao fundo, estilo de Leonardo que aparece em muitas telas, como a Monalisa.

Outra impressão estranha é que o grupo parece estar à beira de um precipício ou abismo, reforçando a teoria da descida, da primeira fase da alquimia, sentido de morte, quando as correntes gêmeas se unem não para criar, mas para destruir, fase de preparação para a criação posterior: solve et coagula.
Maria aqui partilha o mesmo tom sepulcral da Monalisa, nas vestes escuras e no cenário rochoso estéril ao fundo.

Na mente conciliadora de Leonardo não havia essa divisão e mesmo conflito entre a doutrina bíblica e a gnose cristã que ele (e outros) identificava muito bem na Bíblia. Havia apenas a certeza de que a Igreja Católica na sua visão dogmática extremista, impositora e intimidadora, não poderia lhe fornecer as respostas que ele buscava.

Se Leonardo era de uma seita X ou Y (talvez fosse mesmo, ou talvez apenas liderasse alguns discípulos em reuniões secretas de estudos ocultistas proibidos – até porque estas seitas se multiplicavam à sombra da Santa Inquisição) isso não importa mais do que saber o que realmente ele buscou em sua vida inteira, algo muito maior do que enxergam esses pobres conspiracionistas de mente rasa e conhecimento curto, e se a especulação aumenta, ela aumenta como praga que medra na sombra da ignorância.

E para a Igreja intolerante, eu digo: se nem Jesus obrigou as pessoas à sua doutrina, por que a Inquisição matou tanta gente que ousou discordar de sua militância na Terra?

(Esta é a versão posterior, atualmente no National Gallery Museum, de Londres)

JP em 29.04.2020

Veja a parte anterior:

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