Apenas para ilustrar como o Velho e o Novo Testamento estão totalmente interconectados pelos fios invisíveis da Cabalah divina.
O Templo de Salomão (conforme 1 de Reis, capítulos 6 e 7) trazia analogias diretas com a Arca de Noé e a Arca da Aliança.
A Arca de Noé tinha três níveis, toda em madeira revestida de betume (um impermeabilizante natural). O templo de Salomão também tinha três níveis e foi todo revestido de madeira, cipreste e cedro, além de sua cobertura em ouro puro.
A Arca da Aliança foi construída em madeira de acácia, e toda revestida de ouro.
O templo de Salomão possuia dois enormes querubins diante do altar, guardando a sala secreta onde ficava instalada a Arca da Aliança.
A Arca da Aliança tinha dois querubins de madeira revestidos de ouro sobre sua tampa (chamada Propiciatório), e na Arca de Noé, só eram admitidas parelhas (casais, macho e fêmea) tanto dos animais como dos seres humanos nela admitidos.
Os querubins são espíritos guardiões, e sua tradição é mais antiga do que a narrativa bíblica, existindo referência a eles já na antiga cultura suméria e babilônica, guardiões gêmeos diante de templos e locais sagrados.
A primeira menção aos querubins da Bíblia aparece no Gênesis 3, quando da expulsão de Adão e Eva do paraíso, que ali foram colocados com espadas revolventes de fogo e luz por Deus, para impedir o acesso da humanidade caída aos frutos da árvore da vida.
O Senhor YHWH proibiu o fabrico de imagens de divindades quaisquer, mas permitiu o uso de imagens de querubins no templo e na arca.
Trata-se realmente de um mesmo projeto idealizado por YHWH e entregue a três homens sagrados, Noé, Moisés e Salomão, com finalidades paralelas.
Uma das passagens mais interessantes da descrição do templo e sua edificação é esta:
“E edificava-se a casa com pedras preparadas, como as traziam se edificava; de maneira que nem martelo, nem machado, nem nenhum outro instrumento de ferro se ouviu na casa quando a edificavam.”
1 Reis 6:7
Na analogia com o templo espiritual (o verdadeiro sentido da Igreja é a Grande Reunião da verdadeira família espiritual dispersa no mundo profano) é que as pedras são almas que estão sendo já preparadas, polidas e cinzeladas, em seus lugares de origem.
Isto é, cada ser humano participante da futura Igreja de Cristo está sendo preparado e pelas Mãos de Deus trabalhado em sua própria vida, sua casa, seu lugar, com os materiais de sua vida, de modo que a edificação deste Templo será silenciosa – quando todas as pedras forem reunidas num único lugar, o sentido da edificação espiritual.
As medidas básicas do templo de Salomão eram:
“E a casa que o rei Salomão edificou ao Senhor era de sessenta côvados de comprimento, e de vinte côvados de largura, e de trinta côvados de altura.”
1 Reis 6:2
O Volume total, em côvados cúbicos, era de
V = 60 x 20 x 30 = 36.000 cúbitos cúbicos.
Ora, era costume que todo templo e edifício sagrado no passado fosse orientado para as quatro direções do mundo, e portais voltados para os quatro pontos cardeais.
As Catedrais templárias da Europa têm essa característica, e muito antes delas, as pirâmides do Egito receberam a mesma orientação.
Assim sendo, se eu multiplicar aquele volume por quatro, sugerindo as quatro direções para as quais ele está direcionado, fica 4 v = 4 x 36.000 = 144.000.
Este é o código dos 144 mil eleitos de Cristo (a Igreja arrebatada de Cristo) conforme o Apocalipse 14.
E eles virão dos quatro cantos do mundo e serão reunidos no grande Monte ZION…
As duas colunas
“E formou duas colunas de cobre; a altura de cada coluna era de dezoito côvados, e um fio de doze côvados cercava cada uma das colunas.”
1 Reis 7:15
Estas duas colunas foram a parte final da obra, elas ficavam erguidas diante da entrada principal do Templo.
Diante de uma, havia uma grande bacia de bronze (ou cobre) destinada a banhos e abluções, e diante de outra, um grande altar de bronze, destinado aos holocaustos rituais.
Para os trabalhos em cobre ou bronze (ligas metálicas), Salomão convocou um artífice de Tiro, chamado Hiram (ChIRM, nome que significa VIDA ELEVADA) – a alquimia da refinação dos elementos da vida em busca da espiritualização.
Aqui, cada um dos metais envolvidos na obra (ouro na parte interna, bronze nas colunas e objetos externos) tem um significado.
Enquanto o ouro representa o espírito, a fonte (puro e incorruptível) o bronze, na qualidade de liga, representa o trabalho das almas, trabalho de liga, de alquimia, e fusão, coo sugere o caduceu de mercúrio, as serpentes codificadas e a própria serpente de bronze que Moisés ergueu numa vara para curar os israelitas no deserto.
Cada coluna tinha 18 côvados de altura.
Somadas e multiplicadas por quatro (a mesma manobra cabalística feita com as dimensões básicas da planta do Templo)
temos 4 x (18+18) = 4 x 36 = 144.
Outra vez, a medida de ouro do Apocalipse, medida do Anjo que se aplica no homem restaurado, e nas dimensões da Jerusalém celestial (Apocalipse 21).
“Depois levantou as colunas no pórtico do templo; e levantando a coluna direita, pôs-lhe o nome de Jaquim; e levantando a coluna esquerda, pôs-lhe o nome de Boaz.
E sobre a cabeça das colunas estava a obra de lírios; e assim se acabou a obra das colunas.”
1 Reis 7:21,22
O nome Jakin (coluna da direita do templo, e que fica a esquerda de quem está diante do templo) deriva da expressão IKIN, esta vinda do verbo KUN, que significa “estabelecer, fundar, elevar, erguer sobre base firme”.
O nome Booz é duplo: preposição B + OZ, sendo que OZ (HwZ) significa força, poder, vigor.
Os dois nomes lidos IKIN-BOOZ significam “erguido no poder”, “levantado na força”.
Claro, o templo simboliza o ser humano, as duas colunas são suas duas pernas, suas duas energias, o modo binário da mente, das energias internas em refinação alquimista. A própria respiração produz uma energia nervosa procedente deste ritmo binário do alento que entra e sai do corpo-templo (as relações sagradas do Espírito Santo).
Duas colunas, dois querubins guardiões, Mikael à direta, Gabriel à esquerda, Sol e Lua, macho e fêmea criados puros no Éden, a imagem e semelhança o Criador, são todas as ressonâncias encontradas na solução andrógina da Alquimia, através da ciência hermética, cuja resolução final é o Templo, a obra perfeita do Iniciado que se levanta em poder e sabedoria divina sobre a Terra. Um Filho de Deus cuja medida é 144.
A Cabalah das colunas
H.HwMDIM, as colunas = 5+164 = 169, o mesmo valor de
IKIN-BHwZ = 90 + 79 = 169, que é a potência quadrada de 13 (13×13), e 13+13 = 26, o número de YHWH.
A expressão HIKL-YHWH significa O TEMPLO DO SENHOR e seu valor é 65 + 26 = 91, e 91 é o valor de MLAK, Mensageiro ou ANJO.
Todo Anjo é um templo do Espírito de Deus, nele manifestando seu poder-luz conforme o seu próprio nível de consciência espiritual.
Muitas equivalências numéricas demonstrando a ciência do espírito fluindo em tudo isso, em todo esse conhecimento cifrado que nem mesmo a Maçonaria, que alega ser a herdeira dos segredos da ciência de Salomão, possui consigo.
A parte mais interessante de tudo isso é que as pedras que ergueram esse templo já vieram prontas de seus lugares de origem.
Elas são ISHIM, as almas escolhidas e preparadas por Deus em seus lugares de origem antes de serem levadas pelos obreiros para a grande Reunião em ZION, a montanha onde os 144 mil se reunirão antes da grande colheita (arrebatamento).
E o nome desta Igreja é FAMÍLIA ESPIRITUAL ORIGINAL REUNIDA.
Essa é mais uma pequena demonstração do laço de harmonia de conhecimentos existentes entre o Velho e o Novo Testamento, diferentes em estilo mas convergentes em propósito.
E a Cabalah (apesar de suas inversões no mundo materialista) continua intacta, como a virgem velada, Isis, cobrindo dos profanos a sua beleza e sua pureza das quais eles não se fazem dignos.
E que bom seria se todo religioso da letra morta e da crença sem efeito tivesse tais olhos para reler as Escrituras e compreender o quanto ainda nada sabe sobre ela, e suas luzes ocultas e mistérios sagrados, para realinhar sua consciência com a Verdade, deixando de ser um seguidor de crenças sujeito a doutrinação falsificada de cegos ilustrados no mundo das aparências, guias que Deus nunca elegeu, mas eles elegeram a si mesmos em nome de sua vaidade e cobiça pessoal!
Só os escolhidos terão olhos para ver a luz que se esconde atrás de todos os véus dos santuários, e seguindo-a, encontrar o caminho da grande reunião, entendendo que o templo interior é o primeiro a ser reedificado pelo Espírito Santo.
Cada pedra cinzelada e provada é um templo para si mesma.
E será pedra eterna do Templo de Deus, e coluna estável que nunca sairá dali.
“A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus, e dele nunca sairá; e escreverei sobre ele o nome do meu Deus, e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém, que desce do céu, do meu Deus, e também o meu novo nome.
Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.”
Apocalipse 3:12,13
JP em 13.11.2021