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O médico de almas

Jesus Cristo veio para os doentes, não para os sadios, conforme suas próprias palavras, e embora estivesse ao lado de alguns seres elevados como ele, que o ajudaram muito na sua missão (citando os dois maiores, a Mãe Maria e João Batista, seu guru preparador, além do venerável José, pai espiritual), Jesus reuniu também entre os seus apóstolos e seguidores mais íntimos, almas que eram pecadoras e se encontravam em caminhos equivocados.

Por exemplo, as Escrituras falam que Mateus, que ele chamou de Levi e tomou por apóstolo, era um cobrador de impostos, outra forma de chamar alguém de ladrão de Roma naquela época.

A mulher possuida por sete demônios que ele perdoou e redimiu por causa do grande amor do seu coração é Maria Madalena (embora os madalenistas não gostem dessa parte, dizendo que a Igreja inventou isso por causa de misoginia etc, o que é uma bobagem porque a mesma Bíblia também registra muitos exemplos masculinos em pecado).

Mas isso consta textualmente no capítulo 8 de Lucas:

E aconteceu, depois disto, que andava de cidade em cidade, e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus; e os doze iam com ele,
E algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios;
Lucas 8:1,2

Claro, os madalenistas não admitem essa passagem porque desejam transformar Madalena na esposa de Cristo, o que é um absurdo. Ou seja, o que está escrito na Bíblia, eles repudiam, e o que não foi escrito (Madalena esposa de Cristo) eles admitem.

Tanto homens como mulheres imperfeitos foram sendo curados pelo médico de almas em seu caminho, e alguns destes ele admitiu por seguidores.

Outro nome destacado é o de Judas Iscariotes que, mesmo não tendo traído Cristo na realidade (cumpriu apenas um papel), representou o delito mais grave, a traição de um devoto ao seu Senhor.

A maneira de se trair o Mestre é vender seus ensinamentos pelos prazeres mundanos comprados por 30 moedas de prata (o materialismo).

Judas Iscariotes também era um zelote, uma seita da época que afiliava os rebeldes contra Roma, geralmente anarquistas e assassinos (como Barrabás, o líder da revolução), e dela também fazia parte um apóstolo chamado Simão, o Zelote.

Conhecemos a fama de Pedro, o negacionista da época (na falta de fé que gera medo, negou o Nome do Senhor por tres vezes), além de manifestar ignorância em alguns episódios, quando Cristo se refere a ele como possuído pela mente de Satanás (por exemplo, quando Pedro falou em evitar a crucificação do Mestre, o que burlaria os planos do próprio Deus).

Outro negacionista é Tomé, que insistiu no ceticismo até o fim, e só acreditou no Mestre quando o viu ressuscitado na sua frente, e lhe tocou as chagas.

De modo geral, os discípulos de Cristo não eram puros, mas todos vieram a ser curados e preparados por Cristo em sua missão, mas isso não quer dizer que eram comuns.

Eram almas valiosas que precisavam ser preparadas, almas que nem sabiam o que tinham dentro do coração, mas Cristo reconheceu esse valor de cada um ao chamá-los para seus seguidores e colaboradores de Obra.

Além dos apóstolos que Jesus escolheu, ele encontrou outros seguidores devotados pela frente, como os dois fariseus que não se deixaram levar pela intimidação de Caifás, sendo eles Nicodemos e José de Arimatéria.

Ele também teve contato com romanos, por exemplo, o centurião que o surpreendeu em sua fé, levando-o a declarar que nem entre seus irmãos judeus ele havia encontrado tamanha fé.

O médico de almas lidou com todo tipo de doenças e doentes, leprosos, cegos, mudos, possessos, aleijados, cada qual representando um estado doente de alma, alma que não vê, alma que não caminha, alma imunda (lepra), alma possuida pelos desejos do ego, pela cobiça da riqueza, do poder, etc.

Mas nem todas as almas ele conseguiu curar, como foi o caso de Barrabás, que se deixou levar pelo espírito da violência e da vingança. Ou do rico que não conseguiu abdicar de suas riquezas para seguí-lo.

E quando ele admitiu por seguidores e até apóstolos alguns destes seres humanos imperfeitos, quis demonstrar que todas as pessoas, por pior que pareçam aos olhos da sociedade, podem conter dentro delas tesouros do coração tão maravilhosos que basta apenas um toque das mãos do médico, para que esse tesouro saia para fora, redimindo a alma daquela pessoa pelo poder de sua própria fé, quando o médico declara:

“Sua fé o curou”.

Termino com um interessante relato bíblico sobre um destes seres perdidos no caminho, Zaqueu, que restaura a sua vida após receber a cura do médico.

“E, tendo Jesus entrado em Jericó, ia passando.
E eis que havia ali um homem chamado Zaqueu; e era este um chefe dos publicanos, e era rico.
E procurava ver quem era Jesus, e não podia, por causa da multidão, pois era de pequena estatura.
E, correndo adiante, subiu a uma figueira brava para o ver; porque havia de passar por ali.
E quando Jesus chegou àquele lugar, olhando para cima, viu-o e disse-lhe: Zaqueu, desce depressa, porque hoje me convém pousar em tua casa.
E, apressando-se, desceu, e recebeu-o alegremente.
E, vendo todos isto, murmuravam, dizendo que entrara para ser hóspede de um homem pecador.
E, levantando-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos meus bens; e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadruplicado.
E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão.
Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.”
Lucas 19:1-10

A simbologia oculta desta passagem começa no nome.
Zaqueu: Significa “puro”, “inocente”, “o que tem pureza”. Tem origem no hebraico Zakkáy, cujo nome é formado a partir do elemento zak, que literalmente significa “puro”, “inocente”.

Ou seja, Zaqueu purificou sua alma ao entrar em contato com a verdade curadora de Cristo. E isso o levou ao RECONHECIMENTO dos seus próprios erros, sem o que não pode existir nem arrependimento e nem conversão.

Ao subir numa árvore para ver e ouvir as palavras de Cristo, Zaqueu na verdade elevou a sua mentalidade para compreender o que muitos ouviam mas não compreendiam.

Subir na árvore tem um forte sentido aqui.
Significa subir o nível de consciência para compreender a verdade do médico de almas, caso contrário, serão apenas palavras sem sentido para os ouvidos do ego, e sem amor algum para os desejos impuros do coração.

Conclusão
Assim como o médico não pode ajudar um doente que não se permite curar porque não reconhece a própria doença, o salvador de almas não pode salvar quem não se considera perdido no caminho da vida.

JP em 21.04.2023

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