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O auto-sacrifício da reprodução

A pair of sockeye salmon (Oncorhynchus nerka) on their redd in a shallow stream. Female in front of male. Huihil Creek, Adams River, British Colombia, Canada.

Como temos visto em vários tópicos um tanto polêmicos e perturbadores para a maioria, a energia sexual pode até significar nova vida para quem vai nascer, mas para o corpo físico, a matriz que pratica o ato sexual, a sua energia realmente se relaciona com a morte, como se a Natureza tivesse uma grande programação que, uma vez concluído os objetivos da reprodução, passa a descartar os veículos dos pais.

Muitas são as espécies da natureza que, após a reprodução, tombam mortas, ou um dos parceiros sacrifica (devora) o outro, de modo que a relação acima exposta não é tão absurda dentro daquela matrix da natureza, que nos controla a mente a partir dos fios dos Instintos vitais.

Existem certas espécies que manifestam agressividade após o ato, numa mistura estranha de instintos que transitam entre si, o que não difere muito do status humano que apesar de tudo, é um animal instintivo, e que polariza facilmente a sua paixão em agressividade, quando o seu objeto de atração e paixão o contraria por alguma razão.

O caso mais conhecido de auto-sacrifício reprodutivo na natureza é o do peixe salmão, que morre logo depois da desova.

Por sorte, na nossa biologia, essa morte não é automática logo após o sexo, mas gradual, porque o ato sexual, embora signifique vida para a nova criança que vai nascer, significa um tremendo desgaste vital para os corpos envolvidos na prática. Como se a natureza realmente iniciasse um programa de auto-sacrifício imposto ao corpo enquanto esse corpo cumpre as finalidades biológicas da reprodução sexual.


Quando a Bíblia aponta que o pecado é o salário da morte, referindo-se ao pecado original (sexo), fez uma correta associação entre uma pratica comum e um desgaste gradual, imposto ao corpo como salário em função de uma atividade regular.

Daí que, na antiguidade, era universal a regra de monges e iogues se apartarem totalmente da atividade sexual por uma questão lógica de economia de energia vital, que em vez de ser direcionada para as paixões físicas altamente desgastantes, era direcionada para as suas práticas internas de despertar de faculdades mentais superiores e construção de consciência.
Em vez de usar o combustível vital do corpo para dissipação de prazeres físicos, usavam para acender as lâmpadas da mente em busca de iluminação. Algo perfeitamente lógico de se compreender, na teoria e na prática, diga-se de passagem.

E na mesma Bíblia, vemos claramente que a sacralidade do sexo repousava apenas no interesse de se ter filhos.
E o costume deles, pelo menos naquele tempo, era o de realizar o ato sexual apenas quando havia necessidade de gerar descendentes, o que poderia acontecer uma ou duas vezes por ano.
Diferente, muito diferente da cultura do sexo na modernidade, quando o ato sexual se tornou apenas lazer e fonte de prazer físico sem a menor vinculação com a necessidade de se ter filhos, usando todos os tipos de sistema de anticoncepção para garantir que os filhos não sejam concebidos.
Claro que essa moderna concepção do sexo está totalmente desalinhada com sua proposta sagrada e ate biológica conforme os modelos dos antigos.

Sagrado era o sexo apenas para gerar filhos, não para desfrutar luxúria, considerada um dos sete pecados capitais, o mais grave de todos.
A gestação e o parto são situações que exigem muito do corpo físico feminino. Eu diria que eles são a própria imagem do auto-sacrifício do corpo, e que será sempre sagrado quando o amor de uma mãe por seu filho transcenda a linha horizontal da biologia para encontrar o seu sentido mais puro no fruto que vai carregar em seus braços algum dia…
Mas infelizmente, para a grande maioria, o ato sexual já perdeu todas estas características de ato sagrado de geração de vida para se tornar um esporte do prazer…

As pessoas falam tanto em Matrix do Sistema, e se esquecem de que a Natureza é a matrix mais forte de controle biológico, interceptando vidas entre o nascer e o morrer, e se ela regula os seres vivos a partir de seus instintos, não haverá um instinto mais forte de controle que o instinto sexual.

O Budismo tibetano teceu várias páginas de sabedoria a respeito do poder das ilusões de origem física e sensorial controlando a mente e amarrando a existência na roda das reencarnações, e tanto eu já falei disso que é desnecessário repetir.

Não se trata de amor pelo sexo oposto, mas sim, de hormônios bombardeando o cérebro das pessoas apaixonadas com interesses na reprodução.

Não existe hormônio do amor, existe hormônio trabalhando para a reprodução. O coração não é glândula, e se ele produz um hormônio do amor, esse hormônio não circular no sangue, mas na alma de quem ama…

Amor é muito além de tudo isso, não tem qualquer relação com corpo físico, aparência, atração e paixão.

Então, quer aconteça de uma forma imediata, quer aconteça de uma forma gradativa, acionar a energia sexual pode até significar vida para a criança que chega, mas significara, sem sombra de dúvida, um auto-sacrifício da matriz física que a natureza já programou para a reprodução nos arcos da evolução, se aproximando mais rapidamente da morte ou de uma série de doenças na velhice relacionadas a uma vida dedicada a devassidão na juventude… porque o corpo vai cobrar todas as suas taxas no futuro! É algo que os jovens deveriam sempre se recordar durante a sua passageira fase.

Isso demonstra porque a Astrologia antiga associou Escorpião, o signo do sexo, com a morte, na escala de valores da casa VIII. A cada cópula, o corpo físico gasta uma tremenda energia que não será reposta. E vai ficando com o estoque de combustível vital cada vez menor. Não há nenhuma atividade física que gaste mais a energia vital do corpo físico do que o orgasmo. Toneladas de energia vital transformadas em sensações de alguns segundos de prazer… e diante disso é que a lógica dos celibatários em busca de Iluminação a partir da economia da energia vital fez todo o sentido e se tornou regra nas escolas antigas de Mistério… agora, para quem vive segundo os costumes modernos, dificilmente compreenderá linhas como esta.

Mas como disse Jesus, devo repetir:
Esse mandamento não é para todos, mas para poucos, para aqueles a quem lhes fora destinado (antes mesmo de nascerem nesse mundo de ilusões, teatro da grande matrix da Natureza).
Tenho certeza que eles entenderão sem a necessidade de maiores explicações.

JP em 13.02.2020

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