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Engrenagens do Tempo

As pessoas normalmente perguntam: quem sou eu e onde estou?
Raramente perguntam: quando estou?

O tempo não é e nem nunca foi uma linha reta.
O tempo é uma linha curva, e de forma fantástica, a sabedoria do Calendário Maia a respeito do tempo coincide precisamente com os aspectos inerentes da Relatividade aplicados ao tempo.
O tempo não é uma linha reta que anda para frente, antes, ele é uma curva que sempre retorna ao ponto de partida, o que caracteriza os ciclos.

Ciclos menores que compõem ciclos maiores, e ciclos maiores que subordinam ciclos menores.
Não somente os maias e astecas representavam o tempo como uma roda, mas também os hindus e os budistas, a Roda de Samsara. Os alquimistas a chamaram de Ouroboros, a serpente que morde a cauda.

A espécie de tempo que todos nós experimentamos na esfera 3D é, portanto, um ponto qualquer de uma curva que anda em círculo no tecido do espaço até se dobrar e tocar a si mesma, fechando o ciclo.
O nosso agora é um falso agora, porque estamos ainda nos movendo dentro de uma curva que vai se dobrar sobre si mesma e cumprir ciclos, trazendo repetições. Essas repetições foram definidas segundo a filosofia do Karma ou retorno das ações.

Se o nosso tempo é um tempo curvo e fechado, como compreender a atemporalidade dos divinos, combinando Física relativística e sabedoria antiga?

Onde está o tempo dos divinos dentro da grande roda, senão que no único lugar onde a roda está parada, ou melhor, fixa, sem girar… o Centro?

E estar no centro não significa, à luz da sabedoria antiga, estar no Zen, no TAO, no coração do Espírito?
Então, essa é uma pequena demonstração de como a sabedoria antiga pode ser altamente científica e ao mesmo tempo, profundamente metafísica em seus conceitos muito exatos.

Estar no Centro significa experimentar a verdadeira realidade de todas as coisas, da consciência que contempla o Universo a partir deste ponto interior de estabilidade que alcançou, não mais afetada pelas flutuações de matéria, energia e costumes inerentes ao tempo curvo, ciclos e incessantes retornos.

A Atemporalidade é a real janela do Eterno Agora onde Deus se apresenta na forma da Onipresença que não pode ser capturada senão que muito parcialmente e indiretamente nas experiências do tempo curvo e fechado.
Tudo o que temos sobre DEUS, no momento, não passam de conceitos.

E por isso é que as religiões e as ideologias colidem tanto entre si, porque ainda são conceitos, e não realidade. Porque, se realidade fossem, todas elas se abraçariam num só corpo de Amor, e porque não o fazem, então ainda são conceitos que o ego pode manifestar na forma de crenças, todas elas construídas no ponto de observação deslocado do centro para a periferia da Grande Roda.

Só olhando do centro da Roda é que teremos a visão perfeita do mecanismo cósmico.

Mas todas as observações relativas da periferia da roda, todas apresentarão perspectivas diferentes.
E por isso, discordam entre si.

Porque ainda ignoram a grande Roda que as contém.
Mas quem enxergar tudo do Centro, este conhecerá o mecanismo da Roda e se libertará do jogo dos conceitos relativos produzidos pelo tempo curvo.

Até mesmo esse tempo em que vivemos com a falsa sensação de modernidade poderá, a qualquer momento, fechar-se em curva e retornar ao primitivismo original da espécie humana.

Dai eu lhe dizer que esperar evolução de consciência do tempo curvo e fechado é redundante a partir da própria definição de tempo, já que as mais altas inteligências do Universo não se movem em curvas, mas tão somente em Presença atemporal.

JP em 07.02.2020

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