EspiritualidadeHermetismoMistérios

Discernir não é julgar

Discernir não é julgar

O discernimento dá a consciência entre o que é certo e o que é errado, mas o julgador se acha no direito de conferir a sentença à quem ele aponta seu dedo. Discernir é uma necessidade vital para a consciência, mas quando passamos a julgar, a consciência volta a ser eclipsada pelo ego, que enxerga o mal nos outros exceto em si mesmo.

Caso contrário, o Mestre Maior não teria dito:

Aquele que não tem pecado, que atire a primeira pedra.

O juízo atira pedras.
Mas o discernimento procura aprender com os erros alheios, aplicando primeiramente em si a reparação.

Discernir entre o certo e o errado é um dever legítimo da consciência, e temos todo o direito e a liberdade para exercer esse poder na avaliação do mundo e das pessoas, refletindo tudo isso em nós mesmos.

Mas julgar, isso não nos cabe, mas ao tempo, ao Karma e à lei de retorno.

Até porque aquela pessoa que estamos julgando poderá mudar de conduta antes mesmos que nós, no papel de juízes.

Diferenciar uma coisa certa de uma coisa errada, tudo bem. Mas querer impor castigos, condenações e sentenças às condutas alheias, aqui está o perigo da liberdade de opinião.

Quanto maior a consciência, mais ela assume esse discernimento que distingue o bem e o mal, inspirado pela inteligência do Espírito que nela habita. Mas a pessoa julgadora pode apenas estar se movendo pelo próprio ego reativo que se incomoda das maldades alheias que, de algum modo, a perturbam por refletir nelas mesmas alguma semelhança, alguma conexão ainda que inconsciente.

Uma pessoa que praticou determinada maldade no passado e hoje não pratica mais pode ficar muito irritada diante de outras pessoas que, no presente momento, encontra praticando o mesmo mal que ela praticou. Uma espécie de ressonância negativa com os seus valores psíquicos enterrados dos quais ela procura fugir, e que incomodam-na profundamente quando ela os revê no espelho da conduta alheia.

O sábio usa tal situação para aprender ainda mais sobre si mesmo, enquanto o tolo tenta se defender atirando pedras e palavras acusatórias contra aqueles que o incomodam com condutas que lhe causam um medo e uma fuga inconsciente.

Nunca é demais lembrar das palavras do Mestre Maior:

“Não julgueis para não serdes julgados, porque aquele que julga, será julgado pelo mesmo critério que julgar os outros”

“Tira a trava do teu olho antes de tentar tirar a trava do olho do teu irmão”

“Aquele que fere com a espada, pela espada será ferido”.

A questão que fica disso tudo:

E aqueles que exercem a função de juízes neste mundo? Os magistrados e as autoridades que assumem poder para julgar e punir as pessoas, baseados nas leis da Constituição?

Esse é um dos papéis mais difíceis, porque, para exercer tal julgamento, o juiz humano legalmente constituído deve ter um caráter ilibado e uma moral inatacável. Devem ser pessoas acima de qualquer suspeita, cujas ações refletem a transparência de uma honestidade absoluta e total, porque só assim terão alguma MORAL para exercer esse cargo.

Será este o caso da grande maioria deles?

Uma coisa é certa. Aqueles que julgam os demais, serão julgados da mesma forma por Deus no dia em que forem chamados ao Tribunal da Lei Maior.

Imaginem um Pôncio Pilatos julgando Jesus Cristo? Imaginem um CAIFÁS julgando Jesus Cristo? E pior, lançando-lhe sentença de condenação do pior tipo de morte por todos os seus “crimes”?

E ainda tem gente que acha que Inferno não existe. Mas é justamente no Inferno que esses absurdos são reparados.

Portanto, melhor andar na linha. E antes de atirar a primeira pedra, se olhe no espelho.

JP em 24.09.2024

Comentários

Botão Voltar ao topo