CAPÍTULO IV
Neste capítulo, Judas se prontifica a ajudá-lo na sua operação bem sucedida da perna.
Judas falava muito sobre a ilusão do tempo (como Sócrates, de Millman).
CAPÍTULO V
Judas nunca se revelou ao seu novo amigo, que aqui declara nunca ter sabido o seu nome.
“Às vezes, ele dizia que se sentia identificado com certas e estranhas abelhas de Yucatán, às vezes com um Príncipe Canek, que foi amado por uma princesa Sac Nicté: outras vezes, costumava dizer que o seu amor pelo Sol urgia a sentir-se do mesmo espírito que certo inca chamado Yahuar Huakak … outras vezes, confiava-me que estava enamorado da sabedoria de Ioannes, e de algumas das coisas de Melchisedek”
De fato, existe uma antiga lenda maia que menciona o amor do guerreiro Kanec e da Princesa Sac-Nicté, e existe uma flor branca nativa da região do sul-sudeste do México e América central chamada Flor da Noite ou Flor da Lua (Epiphyllum Oxypetalum), uma epífita e cactácea que produz maravilhosas e perfumadas flores, distribuídas em muitos lugares do mundo (inclusive no Brasil) que só florescem perto das 23 horas, a cada ano no final do verão. Esta flor simbolizava aquela princesa à espera do seu amado nas noites de Lua Cheia…
Judas irá empregar, no Livro II, essa lenda como tema de fundo de sua busca pela Verdade divina, da mesma forma que o guerreiro buscava o amor de sua princesa amada, tomando-a de assalto das mãos indevidas de outro que ela não amava… o príncipe Kanec raptou sua princesa e seu povo fugiu com eles para reinar em outras terras. O casal teria abandonado Chichen Itzá, onde se daria o casamento com outro príncipe, e fugiram pela mata, guiados por Sac Nicté, até encontrarem um sitio de paz, chamado Petén, onde se estabeleceram e viveram em paz e abundância.
No Livro II, Judas emprega essa lenda (ou episódio de vidas passadas?) para ilustrar através de Sac Nicté a imagem da Luz do Eterno Feminino guiando as almas dos homens de linhagem maya para a segurança do Mayab espiritual de Cristo. Algo muito semelhante ao amor espiritual de Dante e Beatriz, sendo Dante guiado por sua alma gêmea aos mundos celestes até a presença de Cristo e da divindade, não antes de realizar seus estágios de morte do ego nos mundos inferiores ao lado do poeta Virgílio, também seu guia nestas estações. Dante e Beatriz, Kanec e Sac Nicté, e da mesma forma, a princesa da flor branca guiou seu amado guerreiro para um reino de paz e harmonia. O amor de almas gêmeas, espiritual e nada carnal.
Neste capítulo, Judas defende a grande ciência por trás da obra de Jesus e as narrativas dos evangelhos, e de modo especial, sua declaração a Nicodemus (João 3).
Em todos os seus ensinamentos, não vemos Judas negar ou desdizer a Biblia, antes, ele a emprega de forma profunda e desvelada para ilustrar seus pensamentos e conclusões.
Ele menciona as quatro eleitas colunas do conhecimento: Arte, ciência, filosofia, religião.
‘Piotr Demianovitch OUspenski, (Moscou, 5 de março de 1878 — Surrey, 2 de outubro de 1947) foi um matemático e filósofo russo. Seus trabalhos se concentraram na discussão da existência de dimensões mais elevadas que a terceira, a partir de análises tanto do ponto de vista geométrico quanto psicológico. Durante seus anos em Moscou, Uspenski escreveu vários jornais e se interessou pela ideia da quarta dimensão, então em voga. Ele é mais conhecido, entretanto, pelas exposições dos trabalhos iniciais do místico russo George Ivanovich Gurdjieff.
Georgiǐ Ivanovič Gǐurdžiev; Império Russo, 1866 ou 1877 — Neuilly-sur-Seine, 29 de outubro de 1949), foi um místico e mestre espiritual armênio. Ensinou a filosofia do autoconhecimento profundo, através da lembrança de si, transmitindo a seus alunos, primeiro em São Petersburgo, depois em Paris, o que aprendera em suas viagens pela Rússia, Afeganistão e outros países.
A narrativa de Judas ilustra que ele tinha conhecimento destes dois pensadores esotéricos e metafísicos de sua época. O próprio Cosani teve contato com os conhecimentos de Oupensky, conforme sua biografia (acima).
“A alma sempre sabe o que quer, e quando inicia o despertar, começa a pedir o que é seu”. JK
Nesta passagem, Judas explica como o órgão da alma se desenvolve em função do gradual despertar (libertação dos sonhos), sugerindo que a alma pode morrer. Fala em almas mortas. Cosani retruca, mencionando Platão e os sábios do passado que descrevem a alma imortal, e Judas usa uma elegante conclusão: se a alma fosse imortal, porque a preocupação com a alma dentro de tantas religiões, filosofias e sistemas do pensamento que buscam o auto-conhecimento?
A alma é uma entidade viva que precisa crescer e se desenvolver dentro de nós, caso contrário, permanece como embrião inerte e de potenciais latentes, dormentes, dentro de nós, e fracassa em sua auto-realização na vida. Temos que saber usar os materiais da vida para transferir vida e consciência para a nossa alma. Por isso a insistência desse ensinamento acerca do resgate da alma prisioneira do sonho, através da porta do despertar.
Judas não nega a alma imortal, porém, não a estabelece como regra a todos os seres quando diz, existem muitas almas mortas neste mundo.
“E Jesus Cristo disse a Nicodemos que era preciso nascer de novo, nascer da água e espírito, para poder desfrutar dos atributos que correspondem a uma alma de verdade” JK
Judas menciona a Comunhão dos Santos de forma muito interessante: o conceito de Egrégrora Crística, Eclésia, Igreja, Assembléia.
“Não é uma organização estatuída, senão um palpitar da vida universal. São os guardiões da cultura e da civilização, os ajudantes de Deus”
Fala do alimento da alma, e do órgão da alma chamado Consciência.
E como sempre, evocando passagens bíblicas: “Nem só de pão viverá o homem…”
CAPÍTULO VI
Outra vez o tema sobre o despertar da consciência é abordado:
“Os Evangelhos se convertem em um guia muito valioso” JK
Aqui ele faz uma breve análise dos apóstolos em relação a Cristo. E declara que Jesus Cristo era um homem de rara inteligência, e seus apóstolos, também seres especiais (como revela o Pistis Sofia de Valentim, contrariando os argumentos da famosa ficção chamada CAVALO DE TRÓIA, onde os apóstolos são retratados como rudes e ignorantes).
Neste capítulo, Cosani interroga Judas sobre a questão do amor e do sexo, e Judas discerne muito bem uma coisa da outra: o amor é do espírito, e o sexo é uma finalidade da natureza.
“Há uma diferença muito grande entre amar e estar enamorado (apaixonado). O primeiro pressupõe conhecimento de si mesmo até certo ponto e entendimento de certas leis. O segundo é uma coisa pré-determinada pela vida da natureza para os fins de criação e manutenção da vida”.
“Ao abordar este assunto, os Evangelhos utilizam a expressão EUNUCO. Mas antes de indicar isto, indica-se que o mandato vem pela palavra interior (somente para aqueles a quem foi concedido – o não se casar) E isto é a compreensão”.
De qualquer forma, Judas relaciona o sexo a uma função da manutenção natural da vida. E só.
E se ele usa em sua linguagem, tanto narrativa quanto poética, os valores de um coração apaixonado pelo feminino, isso acontece dentro da própria transcendência do sentimento que ele ensina, nos domínios do amor que transcendem instinto e sexo. A Princesa é tanto a imagem do amor ideal como da Sagrada Mãe (o Eterno Feminino).
E isso será bastante explorado nas próximas partes, de uma forma como poucos conhecem.
Segue o livro para leitura:
https://ovoodaserpenteemplumada.com/arquivos/o-voo-da-serpente-emplumada-para-leitura-03-04-2010.pdf
Continua na parte VI
JP em 30.03.2020
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