Um brasileiro detectou um asteroide de aproximadamente 1 km de diâmetro, que recebeu o nome de 2020 QU6. A descoberta merece destaque porque a maioria de objetos próximos da Terra já foi devidamente catalogada, mas este estava passando desapercebido.
O astrônomo amador Leonardo Scanferla Amaral estava observando o céu noturno com seu telescópio no observatório Campo dos Amarais, perto de São Paulo, quando viu o asteroide. Ele não representa uma ameaça para a Terra por enquanto, e já se sabe detalhes sobre sua órbita: ele completa uma volta ao redor do Sol uma vez a cada 3,26 anos em uma trajetória inclinada em 23,5°.
No dia 10 de setembro, ele passou por nós a uma distância de 40 milhões de km, o que representa mais de 100 vezes a distância entre a Terra e a Lua, e isso é o mais próximo que ele vai chegar de nós neste século. Para essa descoberta — e outras, como o cometa que ele encontrou em agosto deste ano e que recebeu o nome de Cometa Amaral —, o astrônomo contou com uma ajudinha da Sociedade Planetária. É que a instituição concedeu a ele o prêmio Eugene Shoemaker, que oferece uma ajuda financeira para astrônomos e geólogos para melhoria de equipamentos.
Este prêmio costuma ir para observadores que contribuem na caracterização dos asteroides, como tamanho e taxa de rotação, por exemplo, e também aqueles que ajudam a observar as rochas espaciais para melhorar os cálculos das órbitas. Neste ano, o prêmio foi de quase 58 mil dólares, distribuídos entre 6 observatórios e, entre eles, estava Amaral.
O observatório de Amaral conta com um telescópio de 30 cm de diâmetro e é um dos que mais contribuem da rede de busca de objetos próximos à Terra que não podem ser descobertos pelas lentes do hemisfério norte. A proposta que Amaral enviou à Sociedade Planetária era de adquirir um equipamento mais robusto para sustentar o telescópio de modo que ele possa operar com mais tempo de exposição. A proposta foi aceita e ele recebeu US$ 8.500.
Detectar rochas espaciais perigosas no sistema solar interno é de suma importância, caso tenhamos que remover alguma do caminho. Em 1998, o Congresso dos Estados Unidos pediu à NASA para identificar 90% dos asteroides próximos à Terra com 1 quilômetro de tamanho ou maiores. A NASA atingiu esse objetivo, embora as observações de Amaral mostrem que ainda há descobertas a serem feitas.
Em 1998, a NASA recebeu do governo dos EUA a tarefa de identificar 90% dos asteroides próximos à Terra que tivessem 1 km de diâmetro ou mais. A NASA parece ter atingido esse objetivo, mas a descoberta de Amaral mostra que ainda existem mais alguns por aí. Isso foi possível graças à localização privilegiada do astrônomo brasileiro no hemisfério sul. Se considerarmos asteroides ainda menores, com pelo menos 140 metros — o suficiente para causar bastante estrago — estamos com apenas 40% da população descoberta até o momento