Sabemos que o homem e a mulher, em aspecto sexual, são metades complementares que a natureza precisou reunir para cumprir as funções da reprodução, num sistema evolutivo que procurou lançar mão de combinações genéticas sucessivas dentro de um programa ainda não totalmente claro para a ciência moderna, mas que, para a metafísica da alma, esse programa cumpre um papel de alquimia ou combinação máxima entre todos os potenciais genéticos da humanidade, transformados com o tempo por fatores ambientais, o que trouxe distinções genéticas entre as “raças”.
A Bíblia chama a humanidade de mar ou grandes águas.
A humanidade que é filha de uma mesma Mãe, a Natureza tão ferida por ela.
E o nome Maria, a Mãe encarnada do Cristianismo, que tornou Cristo nosso Irmão Maior, tem um nome que, no hebraico, pode ser decomposto em duas partes: MR – IM.
MR significa amargura, e IM, mar.
Mar de amargura,,, é o que passa essa grande Mater dolorosa em seu coração em relação aos seus filhos pródigos, desterrados do Paraíso perfeito de nosso Deus Pai.
Quando terminar a alquimia das raças e as combinações genéticas chegarem ao seu limite, eis que o DNA da nova raça será preservado como um Livro de páginas raras, escrito ao longo de milhares de anos de evolução partilhada (venusianos) mas com muitas páginas ainda em branco, para as novas escrituras genéticas do futuro, que irão dar o registro do novo status da humanidade renascida pelo poder daquele Irmão Maior compartilhado.
Voltando ao Gênesis e aos registros da criação humana, lá está, no capítulo 1, a descrição no versículo 27:
E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
Gênesis 1:27
O homem foi criado em duas etapas.
A primeira definição Homem consta no versículo como ADÃO, ou ADM, formado do barro, porque argila ou barro vermelho, no hebraico, é Adamah, donde veio este nome, Adão. Inclusive é o nome da cor vermelha.
Depois, o mesmo versículo estabelece Macho e Fêmea (ZKR e NQBH)
Ou seja, primeiro Deus criou a criatura andrógina a partir da evolução mineral (barro) e depois, dividiu a mesma criatura em gêneros sexuais (macho e fêmea, como o texto declara na sequência dos trabalhos do espírito).
Na análise cabalistica, ADM se decompõe em A.DM, sendo que A é a primeira letra (Aleph) e representa o princípio, a semente ou princípio vital, e DM é sangue.
Homem espiritual formado de barro e sangue, porque o sangue é o elemento que carrega a seiva da vida que vem do espírito.
A simbologia de Adão e Eva (nome relacionado a VIDA, e se traduz mãe dos seres viventes), e o desdobramento dos sexos (Eva retirada da costela de Adão) estende a simbologia da evolução do hermafrodita original para os gêneros sexuais macho e fêmea.
Os escritos de Platão registram o mesmo que o Gênesis assim interpretado, ou seja, que Zeus criou os seres primeiramente andróginos, e depois, como eram criaturas muito poderosas sobre a Terra, começaram a transgredir as leis do Pai de todos os deuses, e por essa razão, Zeus os separou pelo meio, em macho e fêmea, o que os tornou fracos e mortais.
O que eu quero dizer é que, ainda que nossa atual condição biológica seja de metades sexuais (e o sexo tem relação direta com a vida procriativa) a androginia não desapareceu por completo dentro de nós. Tanto o homem como a mulher, sexualmente falando, possuem androginias residuais!
Androginia genética masculina
Em condições normais, qualquer célula diploide humana contém 23 pares de cromossomos homólogos, isto é, 2n= 46. Desses cromossomos, 44 são autossomos e 2 são os cromossomos sexuais também conhecidos como heterossomos.
Autossomos e heterossomos
Os cromossomos autossômicos são os relacionados às características comuns aos dois sexos, enquanto os sexuais são os responsáveis pelas características próprias de cada sexo. A formação de órgãos somáticos, tais como fígado, baço, o estômago e outros, deve-se a genes localizados nos autossomos, visto que esses órgãos existem nos dois sexos.
O conjunto haploide de autossomos de uma célula é representado pela letra A. Por outro lado, a formação dos órgãos reprodutores, testículos e ovários, característicos de cada sexo, é condicionada por genes localizados nos cromossomos sexuais e são representados, de modo geral, por X e Y. O cromossomo Y é exclusivo do sexo masculino. O cromossomo X existe na mulher em dose dupla, enquanto no homem ele se encontra em dose simples.
Determinação genética do sexo
O sistema XY
No homem a constituição genética do sistema XY é representada por 44XY e a dos gametas por ele produzidos, 22X e 22Y; na mulher 44XX e os gametas, 22X. Indivíduos que forma só um tipo de gameta, quanto aos cromossomos sexuais, são denominados homogaméticos. Os que produzem dois tipo são chamados de heterogaméticos. Na espécie humana, o sexo feminino é homogamético, enquanto o sexo masculino é heterogamético.
Ou seja, os cromossomos sexuais masculinos conservaram seu status andrógino, isto é, comportando ao mesmo tempo a identidade genética dos dois gêneros sexuais.
E onde reside a androginia residual da mulher?
Ela completa a androginia genética do homem no processo final da reprodução, porque o sistema sexual da mulher é que comporta a célula ovo ou zigoto.
Zigoto (do grego zygōtos “junto” ou “jugado”, derivado de ζυγοῦν zygoun “juntar” ou “jugar”), também denominado ovo nos animais, é a célula eucariótica resultante da fecundação, que ocorre entre dois gametas mutuamente compatíveis, sendo o produto final da reprodução sexuada.
No útero feminino, a concepção se desenvolve em todas as fases da gravidez até o nascimento do novo ser.
Da semente ao fruto, homem e mulher pontuam o alfa e o ômega da sexualidade com suas androginias residuais.
O homem traz androginia na semente, e a mulher, na gestação e capacidade de abrigar a nova vida em si.
Isso quer dizer que, se a alquimia interior ou transmutação a energia interna, conforme as regras do Hermetismo, possuem o elemento andrógino em potencial necessário para despertar o kundalini sem a necessidade de um parceiro sexual, o que significa que discípulos de ambos os sexos podem promover essa nota de androginia em suas práticas.
Cada alma encarnada neste ou naquele sexo, em seus trabalhos internos, usando a androginia residual natural como base energética de prática, poderá então se auto-realizar num nivel satisfatório que permita aspirar pela terceira e absoluta adroginia, aquela experimentada no amor de almas gêmeas, androginia essa representada pela Chama violeta.
Quando então a androginia citada conduz ao misterioso “Sexo dos Anjos”, que deixa de ser sexo fisicamente falando para se tornar algo que não pode ser explicado, amor de fusão que transcende todos os sentidos carnais e não pode ser concebido por nos faltarem elementos de percepção para a sua elevada experiência.
Porque os Anjos são aqueles Filhos de Deus de quem falou João, que não nasceram da carne e nem do sangue, nem da vontade do homem ou do desejo físico, mas de Deus, do Verbo de Deus.
Dentro dos ensinamentos herméticos a respeito do kundalini, a raiz vital dos chakras, este poder latente na base da coluna vertebral só desperta se correntes andróginas circularem no sistema nervoso, e essas correntes andróginas podem ser expostas em práticas profundas a partir da transmutação dos elementos andróginos sexuais residuais do homem e da mulher.
A sublimação reside no ato de acumular e transformar as energias dos instintos básicos, especialmente o instinto sexual que lida com as energias da reprodução.
O trabalho consiste em equalizar a androginia mental perdida (os dois hemisférios cerebrais defasados) pelo alinhamento com as androginias sexuais residuais, então, na forma de energias transmutadas e transferidas ao cérebro via sistema nervoso periférico (coluna vertebral), que faz a ponte de ligação entre os terminais nervosos inferior (cóccix) e superior (cérebro).
Essa é a chave da transmutação para ambos os sexos, habilitando plenamente os discípulos solteiros para os trabalhos com a alquimia interna celebrada pelos magos do passado como a única chave capaz de abrir as portas do reino interno, satisfazendo plenamente as exigências do Auto-conhecimento.
Tudo porque ditas energias é que se acumulam, quando há economia, no osso coccígeo, e se sublimam, quando há práticas direcionadas, ascendendo pelos filamentos nervosos da coluna vertebral rumo ao cérebro, amplificando seus poderes, regularizando o sistema endócrino, acionando os chakras, etc.
Afinal, não faria nenhum sentido se o ser humano fosse totalmente dependente do outro sexo para promover sua alquimia interior como única forma de abertura de portas.
Feriria o primeiro mandamento do Hermetismo, que declara que dentro do ser humano, estão todas as sementes da auto-realização (ao menos, no primeiro nível da sua reedificação interior chamada de Iniciação).
O Sexo é apenas um resíduo da verdadeira condição de partilha de energia das almas gêmeas.
Muitas doutrinas equivocadas o tomam como referência absoluta de transmutação interna.
Porém, ele também é aquela semente da parábola, que precisa morrer, ser sacrificada (transmutado) para abrir suas reais energias de edificação interior, rumo ao despertar da Chama violeta e do verdadeiro amor de almas gêmeas numa experiência de tamanha transcendência que, se comparada a ela, o sexo carnal é incrivelmente denso e instintivo.
O problema é que nos faltam sentidos para exercitar tal comparação e compreender de vez a mensagem dos antigos iluminados sobre abandonar o desejo para reencontrar o amor perdido na fonte da energia divina.
Assim ensinaram os habitantes do Nirvana na dimensão da Chama Violeta do verdadeiro amor, abandonando por algum tempo sua montanha de fogo divino para ensinar aos mortais ainda escravos dos instintos os verdadeiros caminhos da ascensão.
JP em 15.08.2020