Espiritualidade

A necessidade das religiões

Muitos defendem que as religiões oferecem recompensas do tipo “Pratique o bem e será agraciado ” mas também oferece punição “Se praticar o mal será castigado eternamente então seja bom” religião é necessário até certo ponto … sim, até o ponto em que a consciência se liberte da dualidade bem e mal internos.

Se as religiões precisaram usar essa didática, é porque, conhecendo a natureza humana, que o mal dentro do homem é o que prevalece, os mestres sabiam que a consciência rudimentar dos humanos aos quais as religiões eram direcionadas só aprenderiam alguma coisa no sistema CAUSA E EFEITO, ou AÇÃO E REAÇÃO. O mal que você pratica é o mal que você recebe, da mesma forma como o Bem.

A mesma coisa que voce faz com um cachorro, premiando se ele faz coisas certas e punindo se ele destroi sua casa. Afinal, somos ainda seres animalescos demais para a doutrina direta da luz consciente.

Religiões estão no formato adequado ao estado degenerado da humanidade animalesca.

Mas não para todos. Há os ditos santos e mestres, que praticam a consciência da Verdade sem necessidade de freios ou ameaças para limitar seus monstros internos ou prêmios para incentivá-los a fazer o bem, uma vez que eliminaram conscientemente seus monstros internos e o egoísmo não os controla mais. Somente o Altruísmo.

Se tornaram mestres ao praticarem o bem e evitarem o mal, não por prescrição da Divindade externa, mas por natureza divina interna readquirida, quando não mais precisam se esforçar para evitar o mal e praticar o bem, tudo de forma natural, de dentro para fora.

As religiões são necessárias por causa do estado animalesco da humanidade.

A religião, em suas origens, é uma codificação das leis do Universo aplicadas à nossa esfera existencial, uma regulação dos processos cotidianos de vida e das relações da alma com Deus, o semelhante e a Natureza, mas como tudo foi deturpado, religiões se tornaram instituições de poder e controle com o tempo. Mas os mestres não as conceberam desse modo, mas sim, humanos oportunistas e exploradores da fé, aliás, como se tem feito na Política. Tudo exatamente igual.

Infelizmente, nem mesmo as religiões no modo de cartilha mais básico está conseguindo ensinar uma humanidade doentia que faz do desejo do seu ego a sua única lei.

Saber se colocar no lugar dos outros é a coluna-mestra da religião verdadeira. Mas tudo o que o ego não sabe fazer ao ferir, matar e difamar, é se colocar no lugar dos outros.

Jesus ensinou a religião perfeita do amor, mas os fariseus perverteram tudo e desvirtuaram as letras do mestre todas as vezes em que seu ego foi ameaçado pela Verdade libertadora, ameaçado em sua sede de poder, cobiça, depravação e mentira.

Então, esse mesmo ego, sofrendo as consequências depois, não muda e pior, aponta a culpa em Deus e nas religiões, o que certamente é uma conduta covarde e desprezível.

O problema maior das religiões, no entanto, é que mesmo tendo procedido de uma doutrina original, a saber, consciência da Verdade, acabaram se tornando revestidas de tradições culturais associadas a épocas, povos e culturas diferentes, gerando ainda mais colisões e separatividade entre as pessoas.

As religiões foram, no passado, um degrau para subirmos, para evoluirmos, mas se alguns poucos seres humanos conseguiram evoluir ao usar os sagrados ensinamentos, subindo a níveis mais altos da Luz, a grande maioria, como sempre, fracassou e acabou culpando as religiões e os mestres donde elas sairam.

Seria bem melhor que o mundo seguisse aprendendo com religiões que ensinam a evitar o mal do que com todo o sofrimento que está para chegar por causa do seu ego animalesco que nada e ninguém consegue mais frear.

A hipocrisia, contudo, dos que condenam as religiões é tão grande que muitos deles se acham envolvidos em fanatismos políticos ainda mais violentos do que os praticados pelas religiões, defendendo seus políticos estimados como deuses e os políticos contrários como demônios… igualzinho ao fanatismo daquelas culturas mais primitivas do passado e do presente.

O mal do ser humano é enxergar DEMAIS o que os outros cometem de errado e DE MENOS o que ele comete, até pior que os demais… a velha hipocrisia tão condenável por todas as religiões.

A divindade deu as religiões, ainda que limitadas, para aprendizado da humanidade. E como a humanidade piorou, e agora cospe no prato que comeu, a divindade terá que recorrer a métodos mais severos para fazer curvar o diabólico ego humano.
A dor em escala global.

Toda a dor que o ser humano faz o outro sofrer, há de voltar para ele em carga dobrada.

Quem sabe ele comece a aprender… mas uma coisa é certa: quando o espírito da maldade toma conta de uma alma, nenhuma religião lhe será boa o bastante porque vai contra a sua índole demoníaca.

Mas quando o espírito da bondade guia um coração, ele saberá tirar a melhor parte de qualquer religião, praticando o bem e fugindo do mal, até que, transcendendo essa dualidade, alcance a Iluminação.

São incapazes de ferir o semelhante porque sabem se colocar o tempo todo no lugar dos outros, exercendo a compreensão em sua forma mais elevada.

O remédio só é necessário quando existe a doença.
Nenhuma pessoa saudável toma remédio. Apenas preserva sua saúde.

Religiões foram os remédios dados para nos curar em nosso nível altamente doente e caído na imperfeição.

Mas hoje (por causa dos progressos tecnológicos e aparente evolução da ciência), nos sentimos perfeitos demais para qualquer remédio ou admoestação religiosa que seja… tiramos os deuses dos pedestais e subimos nós mesmos nestes pedestais em estado de auto-adoração narcisista…. e neste caso, o câncer da alma chamado EGO já está em fase terminal, tomando conta de todos os canais da inteligência real e da consciência auto-crítica.

O pior doente é aquele que acha que está saudável e não precisa nem de remédios e nem de salvadores.

O nome da pior das doenças?
O orgulho. Aquele que faz os maiores precipitarem das alturas e descobrirem no chão que eles não são nada…

JP em 21.10.2021

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