C/2023 A3, como também é conhecido o corpo celeste, deve ser melhor observado a partir do dia 15 de setembro. Expectativa é que seu aparecimento traga um brilho tão intenso como o do cometa Hale-Bopp, que passou pela Terra em 1997.
Na próxima semana, os entusiastas da astronomia terão a oportunidade de observar um dos mais aguardados cometas do ano à medida que o C/2023 A3 se torna cada vez mais visível no céu noturno.
Neste momento, o “Cometa do Século”, como vem sendo chamado este corpo celeste, ainda está muito próximo do Sol, o que o torna difícil de ser observado, especialmente a olho nu.
Mas a partir de 15 de setembro ele deverá ficar melhor visível no Hemisfério Sul, onde está boa parte do Brasil.
E a sua aparição deve ser muito especial. A expectativa é que seu aparecimento traga um brilho tão intenso como o do cometa Hale-Bopp, que passou pela Terra em 1997. Por isso, o apelido de “Cometa do Século”.
“[Sua passagem] vai ser bem brilhante devido à combinação da proximidade da Terra e do Sol, além de efeitos relacionados à geometria da órbita desse cometa, que criarão condições óticas ideais para intensificar seu brilho”, explica ao g1 o astrônomo brasileiro Pedro Bernardinelli, um dos responsáveis por descobrir o maior cometa já registrado na história da astronomia.
“O Hale-Bopp também contou com uma série de condições ideais para aumentar sua visibilidade. Ao que tudo indica, vamos ter sorte novamente”, diz Bernardinelli.
Descoberto em janeiro de 2023 de forma independente, por dois observatórios, o Observatório de Tsuchinshan (ou Purple Mountain) na China e o projeto ATLAS (Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System) no Havaí, o C/2023 A3 já está se tornando mais brilhante para a observação, com uma magnitude atual perto de 6 (quanto menor esse número, mais brilhante é o objeto).
No entanto, só perto de outubro o cometa alcançará seu brilho máximo, potencialmente chegando a uma magnitude de 3,0 ou 2,0, de acordo com plataformas especializadas de medição (a magnitude do Hale-Bopp também foi perto de 3).
Isso significa que ele será visível a olho nu ou com binóculos, embora a proximidade do cometa com o Sol no céu possa dificultar observações, especialmente em áreas urbanas com poluição luminosa, como na cidade de São Paulo.
“Prever cometas é sempre complicado e existe a possibilidade de decepção”, ressalta Bernardinelli. “Por isso eu diria que chamar o C/2023 A3 de ‘Cometa do Século’ é um pouco de exagero, mas entendo de onde vem essa ideia: é um jeito de chamar atenção. Acho que é bem justo falar que vai ser um cometa espetacular, mas prever cometas é sempre complicado”.
Para localizar o C/2023 A3 no céu, aplicativos de observação de estrelas para celular como o Star Walk 2 ou o Sky Tonight podem ser úteis, já que permitem a identificação de diversos objetos astronômicos, além de cometas.
Basta procurar pelo C/2023 A3 na ferramenta de busca desses apps e apontar o celular para o céu na direção leste perto do melhor horário de observação, na madrugada, pouco antes do nascer do Sol.
Cometas mais brilhantes do ano ☄️
Os cometas são grandes objetos feitos de poeira e gelo que orbitam o Sol. Neste ano, os destaques de observação ficaram com os seguintes astros:
- C/2021 S3 (PANSTARRS). Período de visibilidade: de janeiro a junho. Brilho Máximo: março. Visibilidade: por meio de binóculos, em céus escuros, durante a madrugada.
- C/2023 A3 (Tsuchinschan-ATLAS). Período de visibilidade: de setembro a novembro. Brilho Máximo: outubro. Visibilidade: final da madrugada (começo de outubro) e começo da noite (final de outubro), por meio de binóculos.
- 12P/Pons-Brooks (ou Cometa do Diabo). Período de visibilidade: de fevereiro a junho. Brilho Máximo: abril. Visibilidade: por meio de binóculos, no começo da noite.
- 13P/Olbers. Período de visibilidade: de junho a agosto. Brilho Máximo: julho. Visibilidade: por meio de binóculos, no começo da noite.
- 62P/ Tsuchinschan 1. Período de visibilidade: de janeiro a março. Brilho Máximo: janeiro. Visibilidade: por meio de binóculos, durante a madrugada.
- 144P/Kushida. Período de visibilidade: de janeiro a fevereiro. Brilho Máximo: janeiro. Visibilidade: por meio de pequenos telescópios, em céus escuros, durante o começo da noite.