Shiva-Shakti
De acordo com o Tantra, Shiva representa a consciência cósmica sem forma, não manifesta. Enquanto Shakti representa a energia, formada, manifesta.
Shakti é a energia não apenas restrita ao cosmos, mas também presente em cada indivíduo. Assim como Shiva é a consciência suprema que permeia cada indivíduo e todo o cosmos. A união de Shiva e Shakti é o caminho para conhecer a realidade.
Shakti é considerada como o poder que manifesta o potencial contido na consciência. É responsável por criar as variadas formas manifestas no universo, ou seja, ela é a criadora dos humanos, dos objetos, das coisas, dos planetas, das árvores, etc.
Nas tradições do hinduísmo e budismo é ensinado que através de Shakti, Shiva pode experimentar a si mesmo.
Shiva é o princípio da imutabilidade e Shakti é o princípio da mudança.
Na filosofia tântrica, haja uma contradição ou paradoxo em jogo. Ainda que Shiva e Shakti tenham recebido atributos diferentes, eles ainda são considerados iguais.
O mutável e o imutável são componentes do mesmo, entendendo que esta é a união perfeita, a dissolução da dualidade. O objetivo do tantra e do yoga é a dissolução da dualidade.
Essa indiferença entre energia e consciência, Shiva e Shakti, é percebida em estados superiores de consciência – quando uma pessoa avançou em sua sadhana (prática espiritual) de yoga ou tantra.
Shakti (energia) quando unida a Shiva (consciência cósmica) é chamada de Parabhrahman, o Absoluto. A energia pode ser alimentada e guiada pela consciência, mas a própria consciência não pode se expressar sem energia.
Portanto, no Tantra, Shakti é um meio indispensável para se fundir com a consciência, para alcançar Shiva. Uma experiência suprema e divina ocorre com a união de Shiva e Shakti. Pode ser expressa como o estado de Nirvana, Samadhi ou Unidade Perfeita.
Este estado é frequentemente representado simbolicamente como Shiva e Shakti se abraçando fortemente, de forma que eles não estão mais separados. Este é o abraço divino.
Tudo isso repete a alquimia clássica, Sol e Lua, ou a Grande Obra materializada pela união do enxofre (fogo) e do mercúrio (água).
Cada doutrina espiritual do passado expressou essa mesma alquimia de variadas maneiras, e podemos ainda mencionar os pontos fundamentais do Taoísmo oriental.
É o abraço da dualidade, é a fusão do Espírito Santo, é a Unidade de YHWH em si, por si e para si.
TANTRA, no sânscrito, significa TECER, URDIR.
O fio da vida começa na união dos sexos.
Mas Shiva e Shakti, polaridade do Espírito Santo em nós, tem seus terminais de poder reconhecidos.
E quando reunidos de forma consciente, eles começam a tecer um novo destino em nossa vida a partir da nova energia de consciência fabricada.
Shakti está na base, é a força instintiva motriz da vida, e se relaciona ao próprio kundalini, núcleo das forças primordiais da energia vital, enquanto Shiva tem morada na cabeça, no cérebro, templo da consciência.
Sua união é também representada pela águia devorando a serpente, símbolo nacional do México e com profundas raízes na doutrina da serpente emplumada daquela e de outras nações pré-colombianas.
Não se trata de uma conotação sexual (muitos atribuem erradamente ao Tantra uma via de magia sexual).
Mas o caminho fundamental do Tantra é aquele que nos ensina a reunir todas as nossas dualidades internas, energéticas e psíquicas, para então prepararmos a nossa alma ao estado superior que nos conduzirá ao renascimento interno.
Porque o Templo finalmente foi erguido, no mesmo dia em que descobrimos a identidade do Arquiteto em nós.
O que nos leva para o argumento do compasso e do esquadro da maçonaria templária.
Outra dualidade integrada.
Como as duas serpentes do caduceu de mercúrio, uma solar e ativa, outra lunar e passiva.
Aliás, o Espírito Santo é retratado na Bíblia de igual maneira, dualista. O próprio arco-iris, seu símbolo, mostra um arco com duas extremidades tocando a terra, enquanto outra se eleva ao céu em sete cores (os sete dons do Espírito Santo trocados entre as polaridades em movimento, da Terra ao céu).
O belo da sabedoria divina é contemplar todos estes conhecimentos antigos em harmonia, retirando para nós a ciência espiritual prática a ser aplicada na vida.
A dualidade do signo
A dualidade integrada do Espírito Santo em nós, Shiva-Shakti, ou Pai-Mãe divinos internos, tem a sua identidade revelada nas forças vitais e psíquicas em união sagrada.
Devemos transmutar as forças vitais da base fisica para o cérebro, e quando o sistema nervoso assimila as suas correntes, ele dá suporte à iluminação mental (consciência), quando, simbolicamente, a águia que rege o chakra da testa devora a serpente kundalini do chakra-raiz.
Sol e Lua integrados desenhando a estrela macrocósmica, matriz de todas as coisas criadas.
O mantra RAM na cabeça representa o FOGO e a ÁGUA reunidos, a dualidade retratada pela águia devorando a serpente, consciência que abre as asas e voa para o alto alimentada pelas forças vitais corretamente refinadas pela prática.
Com o complemento IO, o mantra RAM assume uma expressão de poder relacionada ao Egito secreto,
que liga então o nome RAM IO à deusa mãe Isis, e o seu equivalente na Virgem Maria, porque os paralelos entre ambas são evidentes (ambas, mães de concepção sagrada de um filho salvador).
RAM é o filho da alquimia, o fogo-água, enquanto IO é o nome da própria dualidade, Ele e Ela em nós.
Curiosamente, as letras iniciais dos nomes Shiva-Shakti correspondem a ShSh, que no hebraico significa SEIS. O Hexagrama.
YHWH = 26, o Tetragrama, a dualidade espiritual da criação.
Invertendo RAM IO, temos IO RAM, que é o nome de um rei bíblico cujo significado é
DEUS ELEVA.
IO RAM vale 257, mesmo número da palavra ARON, que é o nome da Arca da Aliança. Somando 257, temos 14, o arcano da alquimia…
Conexões importantes para compreendermos a sacralidade da vida e da consciência em nós.
Urge reedificar o Templo para que o Espírito torne a habitar nele, nos outorgando o desejado renascimento.
JPe em 23.10.2023