Primeiro, ela representa o corpo físico e a alma do sacerdote (considerando o templo físico).
Então, a pedra cúbica representa os seus (4) instintos devidamente refinados e cinzelados.
De rocha bruta sem forma, ela se torna pedra cinzelada e dura o bastante para suportar o peso do templo sobre si.
Isso significa que cada um de nós se torna sacerdote de si mesmo (nas relações íntimas com Deus) quando está no controle de seus instintos básicos, já que não pode haver pontífices gulosos, ou iracundos, ou preguiçosos, ou luxuriosos, condições internas que certamente fariam o seu templo físico desmoronar, sob o ponto de vista da comunicação espiritual entre Deus e a alma que nele habita, porque sua pedra fundamental, a pedra de tropeço observada por Jesus Cristo, teria constituição de areia, e não e granito.
O Cubo, entre os cinco sólidos perfeitos, tem uma íntima e direta analogia com o Hexagrama, a grande matriz da geometria harmônica, tanto que essa matriz foi chamada pela antiga escola de mistérios de “Cubo de Metatron”.
Planificado, o cubo se torna um hexágono, até porque ele possui seis faces quadradas.
Entre os mesmos cinco sólidos, o Cubo representa a matéria finalizada, elemento terra (tetraedro é o fogo, icosaedro a água, octaedro o ar, dodecaedro o éter cósmico). E o elemento terra define a matéria na condição de energia condicionada na forma, quando a energia se torna matéria concreta, regular, ordenada, inclusive definida por modelos geométricos em suas estruturas internas e externas (cristais, por exemplo).
O Cubo é a vitória da forma sobre o caos informe, a supremacia da ordem a partir de elementos energéticos invisíveis, sem forma e proporções mensuráveis.
Representa a perfeição da Grande Obra assinada na Criação.
Seis faces do cubo, como os seis dias da Criação que, concluídos, poliram a rocha bruta da substância informe (matéria-prima) e esculpiram na face do caos a proporção pura de um cubo estabilizado, que se tornou a base de toda a Criação. E também, por tudo isso, a Terra, nosso planeta, em termos de obra finalizada, foi representada por um Cubo, em oposição ao dodecaedro, símbolo do cosmos total.
E se o homem foi criado a imagem e semelhança de Deus, natureza espiritual andrógina, esta ação foi o último lance daquela criação em seis dias da Grande Obra, de tal forma que o Cubo é um sólido igualmente “andrógino”, o que pode ser demonstrado geometricamente: basta tomar um tetraedro e reuní-lo a outro tetraedro idêntico a ele, cruzando ambos em sentidos contrários (tetraedro duplo ou estrela) e formaremos as projeções de um cubo.
Como os dois querubins unidos sobre a caixa cúbica chamada Arca da Aliança.
Por todas essas qualidades é que o cubo representa algo muito importante dentro dos elementos da sabedoria oculta nas relações com a Obra da Criação em sua finalização, definida como TEMPLO, seja o grande universo, seja o nosso corpo físico, seja uma ordem ou templo de mistérios que partilha conhecimentos ocultistas entre membros alinhados com sua doutrina gerando uma egrégora social.
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Para todos eles, o cubo assume simbologia de pedra fundamental de sustentação estrutural.
Todo templo, culto e sabedoria organizada institucionalmente e liderada por uma inteligência superior, precisa de um pontífice ou sacerdote que faça o papel de mediador, estabelecido sobre a mais dura, firme e sólida rocha chamada Verdade.
Jerusalém celestial, que desce dos céus, da parte de Deus, para renovar o mundo e o reino do amanhã (Apocalipse 21), é descrita na forma de uma grande estrutura cúbica, de 144 unidades de medida.
Na árvore sefirótica, a árvore cósmica, Jesod é a esfera lunar, de número nove, e fica na base da árvore. Jesod, termo hebraico que significa FUNDAMENTO.
Ela é representada como sendo a pedra cúbica do templo, tomando o céu como um grande templo de nove andares espirituais. Jesod-Lua é também conhecida como a Porta do céu, a ponte de acesso às dimensões superiores, tal qual uma pirâmide – que é um volume extraído de um cubo, cuja base se torna uma das faces do cubo, e suas arestas convergem para o centro do cubo, o vértice da pirâmide.
Além de tudo isso, o cubo é o único sólido perfeito capaz de se arranjar com outros cubos e solucionar os espaços em estruturas totalmente ocupadas dentro de encaixes integrais, sem sobras de volume, o que possibilita a construção do mais firme dos edifícios (outra razão para o cubo representar as estruturas finais da Obra, a matéria estabilizada na forma final).
Ou seja, a pedra cúbica lunar, resistente e ao mesmo tempo maleável, representa no corpo ou no templo, no universo ou na Egrégora, um conjunto de virtudes que, localizada no fundamento a partir de um primeiro indivíduo, se tornará a base de apoio de todos os outros indivíduos, reunindo todos eles no mesmo espaço e partilhando com eles sua mesma condição de virtude por meio de uma poderosa ressonância.
Portanto, uma alma firme e forte, no controle de si mesma, e com capacidade de transmitir sua virtude para outros semelhantes, reunidas numa egrégora de átomos, células, almas ou constelações, é sempre um Cubo ungido para a mais rara das tarefas: servir de fundamento para edificações do Espírito construtor.
JP em 03.03.2020