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A misteriosa criatura que se auto-regenera e pode desvendar a imunidade contra o câncer

 

 

Por BBC

Aparência dos axolotes divide opiniões — para alguns, eles são adoráveis, para outros, criaturas bizarras — Foto: Mindem Pictures/Alamy/BBC

Aparência dos axolotes divide opiniões — para alguns, eles são adoráveis, para outros, criaturas bizarras — Foto: Mindem Pictures/Alamy/BBC

Frankie tinha perdido metade do rosto em decorrência de uma infecção fúngica. Mas, assim como outros axolotes, ele tinha um talento especial.

A veterinária e pesquisadora de axolotes Erika Servín Zamora, que também era cuidadora de Frankie, disse que ficou impressionada ao ver a extraordinária capacidade de regeneração do animal que ela, até então, conhecia apenas dos livros.

Em dois meses, Frankie ganhou um novo olho totalmente funcional, e a vida voltou ao normal em seu tanque no Zoológico de Chapultepec.

Mas não teve tanta sorte em seu habitat natural, a apenas 30 quilômetros ao sul do zoológico.

O axolote, anfíbio nativo dos lagos da Cidade do México, apesar de ter ganhado força como símbolo da capital mexicana, e especificamente no bairro de Xochimilco, declarado Patrimônio Mundial pela Unesco, está quase extinto na natureza — sobretudo por causa da proliferação de espécies invasoras de peixes e da poluição da água nos agitados canais da cidade.

Para piorar a situação, Frankie é um axolote albino, o que significa que ele é rosa claro com brânquias plumosas rosadas saindo da sua cabeça — uma presa fácil para as tilápias invasoras nas águas escuras e turvas de Xochimilco.

Muitas espécies de axolotes estão seriamente ameaçadas de extinção — Foto: Ullstein Bild/Getty Images/BBC

Muitas espécies de axolotes estão seriamente ameaçadas de extinção — Foto: Ullstein Bild/Getty Images/BBC

 

Conhecidos localmente como “monstros da água”, os axolotes têm uma aparência que divide opiniões. Para alguns, essas criaturas de pele macia e 20 cm de comprimento são consideradas adoráveis, com um sorriso permanente no rosto. Para outros, esses anfíbios de quatro dedos são simplesmente estranhos.

Apesar da aparência um tanto polêmica, eles despertam um interesse particular nos cientistas, que acreditam que axolotes como Frankie possam ensinar um dia aos seres humanos o segredo da regeneração.

“Os cientistas estão tentando tirar proveito das propriedades regenerativas dos axolotes e aplicá-las em pessoas feridas em acidentes, guerras ou vítimas de doenças — pessoas que perderam membros”, explica Servín Zamora.

“Outros estão procurando maneiras de como a regeneração do axolote pode ajudar a cicatrizar órgãos humanos, como coração ou fígado”.

Os axolotes também estão ajudando Servín Zamora e outros cientistas a entender a aparente resistência ao câncer que todos os anfíbios parecem ter.

“Em 15 anos, não vi nenhum caso de tumor maligno em axolotes, o que é interessante”, diz ela. “Suspeitamos que sua capacidade de regenerar células e partes do corpo ajude nesse aspecto.”

Os cientistas querem desvendar e aplicar em seres humanos as propriedades regenerativas dos axolotes — Foto: Robert Michael/Getty Images/G1Os cientistas querem desvendar e aplicar em seres humanos as propriedades regenerativas dos axolotes — Foto: Robert Michael/Getty Images/G1

Os cientistas querem desvendar e aplicar em seres humanos as propriedades regenerativas dos axolotes — Foto: Robert Michael/Getty Images/G1

E não para por aí. Os axolotes têm sido usados ​​tradicionalmente em todo o México como remédio para algumas condições associadas à gravidez, fraqueza e doenças respiratórias.

Um grupo de freiras em Patzcuaro, no México, cria legalmente uma espécie de axolote, Ambystoma dumerilii, e usa os animais como ingrediente de um xarope para tosse, embora tradicionalmente eles fossem consumidos como parte de um caldo.

Eternos adolescentes — e representação do divino

Frankie é um Ambystoma mexicanum, uma das 17 espécies de axolote no México. Encontradas principalmente nos estados do México, Puebla e Michoacán, várias estão seriamente ameaçadas. Algumas espécies se transformam em salamandras que vivem na terra, perdendo as caudas semelhantes a girinos e as brânquias da cabeça.

No entanto, isso também depende do ambiente. Frankie, por exemplo, vivendo em cativeiro e, portanto, a salvo de predadores, permanecerá um “eterno adolescente”. Ou seja, axolotes como ele nunca vão se transformar em salamandras — vão manter a cauda que desenvolveram como larva e viverão sempre debaixo d’água.

“Basicamente, eles decidem se vão completar a metamorfose, com base em fatores de pressão ambiental”, diz Zamora.

“Se eles decidirem que é melhor viver fora d’água, vão passar pela mutação em salamandras, mas pode ser uma empreitada estressante, pois eles param de comer completamente durante esse período.”

“A teoria atual é que, por razões evolutivas, o Ambystoma mexicanum permanecerá jovem (em algum estágio entre um girino e uma salamandra), uma vez que há muita comida na água (como pequenos peixes de água doce) e poucos predadores, ou seja, poucas razões para emergir.”

Algumas espécies de axolotes se transformam em salamandras que vivem na terra — Foto: Patrick Guenette/Alamy/BBCAlgumas espécies de axolotes se transformam em salamandras que vivem na terra — Foto: Patrick Guenette/Alamy/BBC

Algumas espécies de axolotes se transformam em salamandras que vivem na terra — Foto: Patrick Guenette/Alamy/BBC

 

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