MistériosUfologia

Saem os resultados dos testes no crop circle brasileiro

Eu particularmente julgo muito parcial esse estudo, que se baseou apenas em leituras de campo, dentro e ao redor do crop circle.
Os estudiosos internacionais dispõem de melhores recursos para destacar a veracidade de um crop circle, incluindo estudos dos grãos (do ponto de vista genético) e análise química do solo onde as marcas aparecem, entre outros, além da referência dos caules dobrados (e não quebrados) das plantas (o que foi verificado aqui).

Outra coisa que falta no Brasil são intérpretes da simbologia envolvida. Porque a parte principal do crop circle, a sua mensagem, essa parece invisível diante destes pesquisadores, e na maioria das vezes, a própria mensagem declara a autenticidade do objeto.

De qualquer forma, segue o trabalho do pesquisador, que enrola enrola e conclui que nada é conclusivo…


Surgido de forma misteriosa em 04 de outubro deste ano em Ipuaçu, Santa Catarina, o agroglifo despertou a curiosidade de muitos. Em meio a tantos palpites amadores e sem fundamento, Alcides Cores e uma equipe da Revista UFO estiveram no local investigando a fundo o fractal. E os resultados estão prontos.

Uma equipe da Revista UFO, com destaque para Alcides Cores, foi até o local averiguar a autenticidade e as características do agroglifo. Eis o relatório das análises:

Foram efetuadas várias medições dentro e fora da figura para se ter um parâmetro de comparação, utilizando dois medidores distintos de campo eletromagnético: um de três eixos, que torna mais fácil e precisa a varredura e opera na faixa entre 50 MHz e 3.5 GHz, e um medidor de eixo único, porém sensível a uma banda mais ampla e mais alta de frequências, indo de 700 MHz a 6 GHZ.

Valores encontrados

As leituras de intensidade revelaram um campo eletromagnético relativamente fraco, com uma pequena oscilação entre -63 dBm e 65 dBm. As medidas da densidade de potência também revelaram valores baixos, com algumas flutuações para mais ou para menos em diferentes pontos e momentos, o que é normal devido ao posicionamento do aparelho medidor e às variações na propagação dos campos eletromagnéticos. A primeira medição registrou um valor máximo de 0.000198 mW/cm², enquanto fora da figura o valor lido foi de 0.056 mW/cm², ou seja, 282 vezes maior. Numa segunda medição no interior da figura, o valor máximo registrado foi de 0.103 mW/cm², sendo, portanto, superior à primeira amostragem. Para verificar o campo magnético foi utilizado o detector do smartphone. Este aparelho utiliza como magnetômetro o circuito integrado aF6133, que é relativamente preciso e muito sensível a campos magnéticos contínuos, consistindo num excelente sensor geomagnético triaxial que pode medir os campos magnéticos naturais da Terra.

As medidas revelaram que o campo magnético se manteve em torno de 40.000 nT, atingindo no máximo 50.000 nT, apresentando os mesmos valores tanto no interior do agroglifo quanto na região próxima a ele. Por três vezes, em diferentes momentos, foi observado um súbito pulso magnético de mais de 60.000 nT. No entanto, esses pulsos duraram frações de segundo e curiosamente aconteceram fora do agroglifo. Não foi observada na investigação nenhuma alteração ou interferência no funcionamento de celulares, nem desvios de agulha da bússola no período que foram efetuadas as medidas. 

Alcides Cores aparece aqui fazendo parte das análises de amostras do agroglifo.
Fonte: Alcides Cores

Interpretação do resultado

Diante de um fenômeno complexo como o dos agroglifos, no qual desconhecemos o mecanismo que os produzem, os fatores e variáveis envolvidas, fica difícil dar um parecer definitivo. Mas, por hora, o que pode ser dito é que, ao contrário do que foi registrado no agroglifo de Prudentópolis, Paraná, de setembro de 2016, o campo detectado neste novo agroglifo de Ipuaçu apresentou outra configuração, sendo de fraca intensidade e sem oscilações rápidas e extremas. Sua presença, no entanto, não nos permite chegar a um resultado conclusivo quanto a sua relação com o agroglifo, pois um campo com características semelhantes se distribui fora dele, onde, inclusive, em certo momento, como já descrito, chegou a ser maior do que no seu interior. 

A presença deste fraco campo eletromagnético distribuído dentro do agroglifo e em suas imediações indica que ele não é a causa, mas provavelmente deve-se à sua proximidade com a cidade de Ipuaçu. Portanto, podem ser propagações oriundas de diversas fontes de emissão eletromagnética, entre as quais, inclusive, de uma torre de telefonia celular a pouco mais de 700m da figura. Consta que um grupo teria visitado o local no dia da sua formação e registrado anomalias eletromagnéticas. Embora não tenham sido divulgados os valores encontrados, este fato aparentemente parece conflitar com as medições aqui apresentadas, mas não é de todo impossível que, naquele dia, o referido grupo tenha se deparado com uma atividade eletromagnética mais intensa e inequívoca de uma anomalia produzida pelo agroglifo.

Jacqueline Koppe Diniz mostrando as características de dobra dos caules, sem que haja quebras.
Fonte: Jacqueline Koppe Diniz

Isto porque deve-se considerar que desconhecemos a tecnologia que produz esse fenômeno, mas certamente há o envolvimento de uma energia que podemos supor que seja de natureza eletromagnética e de alta frequência, talvez na faixa de micro-ondas, como sugerem alguns efeitos observados nos talos do trigo em vários agroglifos. No entanto, a emissão desse campo eletromagnético ocorreria apenas no momento da formação da figura, cessando logo a seguir, devendo sua energia, ao se propagar no ambiente, como acontece a toda a radiação eletromagnética, atenuar-se e dissipar-se rapidamente, desaparecendo sem deixar vestígios. Não é possível que um campo eletromagnético permaneça num local sem a presença de uma fonte geradora em funcionamento que possa sustentá-lo. Contudo, no já citado agroglifo de Prudentópolis, cinco dias após sua formação, surpreendentemente, havia um campo forte e extremamente dinâmico, com alta densidade de energia e oscilações rápidas e grandes de intensidade. Portanto – e isso podemos aventar como hipótese – é possível que no dia em que surgiu o agroglifo, por algumas horas ou mesmo ao longo do dia, esse campo tenha permanecido, e já no dia seguinte não estava mais presente.

É até possível que, no dia seguinte, quando as medições aqui relatadas foram feitas, houvesse ainda um fraco eletromagnetismo residual, mas não há como distingui-lo das já citadas fontes próximas, cujas emissões se propagam por toda a área. Entretanto, com relação ao campo magnético, um resultado inesperado foi encontrado. De acordo com o mapa magnético que utiliza os dados do World Magnetic Model (WMM2020), o campo magnético de Ipuaçu deveria apresentar o valor de 22.365,7 nT. Além disso, é sabido que a região sul está sob a grande anomalia magnética do Atlântico Sul, imensa área que se caracteriza por um grande enfraquecimento do campo magnético global, e Ipuaçu localiza-se relativamente próxima do seu epicentro, que se encontra atualmente sobre o Paraguai.

Isto é mais um motivo para que o campo geomagnético de Ipuaçu e suas proximidades alcance valores baixos, não muito superior a 20nT. Portando, os valores encontrados, de 40.000 nT e até 50.000 nT em alguns momentos, são anormalmente altos para o local do agroglifo e suas imediações. Os súbitos pulsos magnéticos que atingiram mais de 60.000 nT também são anômalos e parecem ter sido algum tipo de distúrbio ou instabilidade neste campo. Todavia, não foi observado desvios da agulha da bussola, provavelmente porque a anomalia presente era de intensidade sem alteração na direção das linhas de força do fluxo magnético.

Conclusão

A presença de valores elevados do campo magnético é algo estranho, mas não nos permite concluir nada de definitivo e requer que sejam feitas investigações mais apuradas. Uma vez que esses valores foram encontrados não apenas dentro do agroglifo, mas também no seu entorno, isso indica que não é ele a causa, a não ser que sua presença altere todo o campo geomagnético local. Embora a forma como isso poderia ocorrer seja algo inexplicável, não é uma hipótese de todo improvável. Lembremos que a presença de um forte e flutuante campo eletromagnético dias depois da formação do já citado agroglifo de Prudentópolis, de 2016, sem que houvesse uma fonte geradora, não poderia existir e, no entanto, isto foi verificado.

Vista de dentro do agroglifo. Infelizmente, já havia marcas de curiosos em poucas horas.
Fonte: Jacqueline Koppe Diniz

O fenômeno dos agroglifos talvez seja mais complexo do que imaginamos. O que se apresenta fisicamente aos olhos é o amassamento do trigo e a figura geométrica conformada por ele e que sem dúvida pode encerrar mensagens ainda não decifradas. Mas talvez, além da forma geométrica e dos efeitos no trigo, exista nele algo mais profundo e que vibra no espectro de energias do universo que a percepção humana não alcança. Outra possibilidade é a de que a alteração desse campo geomagnético natural local é pré-existente ao aparecimento do agroglifo. Nesse sentido, pode-se indagar se talvez não haja alguma relação com o fato deste agroglifo de Ipuaçu e dos anteriores terem aparecido, um deles no mesmo local e outros nas proximidades.

Quanto às medições do campo eletromagnético, embora não tenham evidenciado a presença de anomalias, não se pode, com base nisto, descartar a possibilidade de que o agroglifo seja autêntico, tendo surgido sem ação da mão humana, pois, como se sabe, outros parâmetros têm de ser analisados para que se possa ter um veredito. A controvérsia muitas vezes surge entre aqueles que acreditam e os que não acreditam na veracidade do fenômeno. No entanto, cabe lembrar que ciência não é uma questão de crença ou descrença. Ciência é constatação, investigação imparcial dentro de uma metodologia por ela estabelecida para evitar enganos e chegar a resultados os mais próximos possíveis da realidade. E nesse processo a coleta de dados é fundamental. Resta muito trabalho para que se esclareça definitivamente o grande enigma encerrado por esses belos desenhos nas plantações.

Sobre o Autor

Alcides Cores, consultor da Revista UFO, é pesquisador de fenômenos paranormais e ufólogo há mais de 40 anos. É profissional de manutenção de sistemas eletrônicos da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). É habilitado em radioauxílio à navegação aérea e técnico especializado pelo Comando da Aeronáutica em equipamento de telemetria de voo de alta precisão. É autor do best seller “Portais Dimensionais.”

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JP em 20.10.2022

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