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Pesquisadores dizem que objeto interestelar pode ter sido enviado à Terra por extraterrestres

Dois cientistas do Centro de Astrofísica de Harvard acreditam que o ‘Oumuamua’, objeto interestelar visualizado no ano passado com ajuda de telescópios, pode ter sido enviado ao nosso Sistema Solar por alienígenas. Abraham Loeb e Shmuel Bialy, autores do estudo, levantaram a hipótese em artigo divulgado na quinta-feira (1), quando tentavam explicar a aceleração do objeto.

O Oumuamua é um objeto raro: de acordo com o estudo, é o primeiro do tipo a entrar no nosso sistema solar. Ao tentar explicar seu deslocamento, os astrofísicos admitiram a possibilidade de que a rota do Oumuamua tenha sido direcionada, e não aleatória.

“Pode ser (parte) de uma sonda totalmente operacional enviada intencionalmente para as proximidades da Terra por uma civilização alienígena”, dizem os autores.

A pesquisa tem data de publicação prevista para segunda-feira (12), na Astrophysical Astrophysical Journal Letters, mas já foi contestada por cientistas brasileiros devido à possível idade do Oumuamua.

Três hipóteses para o Oumuamua

O físico Renato Vicente, da Universidade de São Paulo (USP), explica que a hipótese de uma origem alienígena para o objeto tem relação com o fato de os telescópios terem flagrado algo muito raro.

De acordo com Vicente, a visualização da passagem do objeto pode significar três coisas:

  • Que muitos outros objetos do mesmo tipo circulam pelo espaço, e as atuais teorias que usamos para explicar sua existência estão erradas.
  • Que o objeto é mesmo raríssimo e tivemos muita sorte de ver um deles.
  • Que ele seja um objeto artificial, por isso a hipótese de que seja um produto de origem alienígena é compativel.

“De acordo com os modelos que utilizamos para explicar a produção [surgimento] desses objetos, a aparição deles no espaço interestelar deveria ser, no mínimo, 100 vezes maior para que a gente conseguisse ver um depois de observar o espaço por um período tão curto de tempo.” – Renato Vicente, físico da USP.


Vicente faz, no entanto, algumas ressalvas. “A explicação do objeto artificial parece fácil, mas não é. Envolve uma história anterior. Para ter uma civilização capaz disso, é preciso assumir que existe essa evolução numa sociedade, com a capacidade de fazer viagens interestelares. E a gente tenta assumir a menor quantidade de coisas possível”, lembra.

Explicação para o deslocamento

Na pesquisa, os astrofísicos de Harvard discutiram a possibilidade de que a pressão da radiação solar poderia estar por trás da aceleração do Oumuamua. Se esse for o caso, então o objeto “representa uma nova classe de material interestelar fino, ou produzido naturalmente, ou de origem artificial”, afirmam os autores do estudo.

Segundo eles, o Oumuamua tem um formato de panqueca.

“Considerando uma origem artificial, uma possibilidade é de que o ‘Oumuamua’ seja uma vela solar, flutuando no espaço interestelar como detrito de um equipamento tecnológico avançado” – Abraham Loeb e Shmuel Bialy, autores do estudo.

Reprodução visual do Oumuamua.

A tecnologia de vela solar pode ser utilizada para transporte de cargas entre planetas ou entre estrelas, conforme afirmam os cientistas. No primeiro caso, lançamentos dinâmicos vindos de um sistema planetário poderiam resultar em detritos de equipamentos que não estão mais em operação. Isso, dizem os pesquisadores, poderia explicar várias anomalias do ‘Oumuamua’, como a geometria pouco comum.

“Velas solares com dimensões parecidas já foram construídas pela nossa civilização, incluindo o projeto Ikaros [no Japão], e a Iniciativa Starshot”, lembram.

A vela solar é o que faria o objeto continuar acelerando em sua trajetória mesmo depois de passar pelo Sol, explica Renato Vicente.

Novo estudo

Oumuamua não pode ser um “iceberg de hidrogênio”, garante um novo estudo publicado na revista científica The Astrophysical Journal of Letters em 17 de agosto. Essa teoria do iceberg de hidrogênio tinha sido sugerida meses atrás, também na The Astrophysical Journal of Letters.

Publicado em 9 de junho, o estudo desenvolvido pelos astrofísicos Darryl Seligman e Gregory Laughlin, ambos da Universidade de Yale, EUA, sugere que o Oumuamua é uma acumulação de hidrogênio, formado em nuvens moleculares gigantes, a 17 mil anos-luz de distância da Terra. De acordo com os autores, isso explicaria a forma alongada incomum e a aceleração não gravitacional do corpo celeste.

Todavia, este novo estudo dos astrofísicos Thiem Hoang, do Instituto de Astronomia e Ciência Espacial da Coreia do Sul, e Abraham Loeb, da Universidade de Harvard, EUA, contesta essa teoria. A dupla explica que os icebergs de hidrogênio não seriam capazes de sobreviver a viagens espaciais de centenas de milhões de anos, uma vez que seriam despedaçados, cozidos pela luz das estrelas.

“A proposta de Seligman e Laughlin parecia promissora porque poderia explicar a forma extremamente alongada do Oumuamua, bem como a aceleração não gravitacional. No entanto, a teoria deles é baseada na suposição de que o gelo H2 pode se formar em nuvens moleculares densas. Se isso for verdade, objetos de gelo H2 podem ser abundantes no Universo e, portanto, teriam implicações de longo alcance”, comenta Hoang, em comunicado divulgado pelo Centro de Astrofísica da Universidade de Harvard.

Fonte.

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