Espiritualidade

O Primeiro Mandamento (Não farás imagens…) em sete aspectos

O Primeiro Mandamento (Não farás imagens…) em sete aspectos

Eu sou o Senhor teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão.
Não terás outros deuses diante de mim.
Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniqüidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam.
E faço misericórdia a milhares dos que me amam e aos que guardam os meus mandamentos.”
Êxodo 20:2-6

Primeiro aspecto
Deus Cósmico

A imagem de Deus impossivelmente pode ser plasmada, esculpida, porque Deus está em tudo.
Quer uma imagem de Deus para adorar?

Adore o céu, as estrelas, adore a Natureza, adore a vida, ame seu corpo-templo e honre-o.
Tudo isso é imagem de Deus plasmada em tudo o que Ele criou.
Transformar essa Presença numa entidade antropomórfica ou animal, eis o absurdo.
Tal como o Amor, Deus não pode ser definido por imagens ou palavras (conceitos).


Segundo aspecto
Divindades pagãs

Esse mandamento tem que ser muito bem avaliado dentro do contexto de sua época, quando Deus (na Personalidade de YHWH) libertou os hebreus do deserto. O Egito era já uma nação decadente, regida por um tirano que se punha com deus sobre a Terra.

E no Egito, haviam muitas divindades animais cultuadas pelo povo (em seu Politeísmo).
A observação aqui, no mandamento, era para que o povo não importasse nenhum traço daquela cultura politeísta de divindades totalmente decadentes e corrompidas (embora houvessem traços de similaridade entre a divindade egípcia ATON – o Deus uno – e IHVH. Mas essa similaridade já não poderia ser conservada na nação livre, por causa da corrupção de seus valores).

Não era somente uma questão de libertar o povo de um espaço geográfico de cativeiro, mas também, de uma cultura e religião corrompidas.
Imagens de deuses eram abundantes naquele país politeísta.

E nem com as observações da Lei, a primeira coisa que o povo hebreu fez, longe da vista de Moisés, foi construir e cultuar o Bezerro de Ouro no deserto, importado do Egito – símbolo vivo do materialismo e da monetização da fé, existente em muitas igrejas que praticam idolatria e não percebem, ferindo o primeiro mandamento.

O costume continuou na nova nação de Israel, e era comum que reis e sacerdotes importassem divindades pagãs para seu meio, na verdade, espíritos tenebrosos enganando o povo e o induzindo a fornicação, ao roubo e ao sacrifício sangrento, da mesma forma como ocorreu com tantas civilizações decadentes, como a maia e a asteca.


Terceiro aspecto
O conteúdo dos símbolos

Deus não pode ser retratado por imagens humanas, porém, Ele nunca vetou o poder do símbolo.
Olhar para o céu estrelado e tomá-lo como símbolo do Criador é um exercício altamente inspirador para qualquer linha religiosa.

Ele não poderia proibir o Símbolo que contém toda carga do conceito que a mente interpreta e absorve na forma de conhecimento. Muitas igrejas, incluindo as protestantes, usam símbolos largamente, como a cruz, a estrela, a pomba, o arco iris, anjos, etc.

A linguagem dos símbolos é fundamental na estrutura dos arquétipos condutores da mente, inclusive sua procedência não é deste mundo e nem deste plano.

O Ser Sagrado nomeia a si mesmo ESTRELA DA MANHÃ (Apocalipse 22).

Símbolos podem fazer o efetivo papel de associação com valores sagrados e a própria definição Indefinível de Deus.
Tal como o coração é um símbolo do amor.


Quarto aspecto
Memoriais

Em diversas passagens da Bíblia, Deus determina a construção de colunas ou pedras erguidas como memoriais para as gerações futuras de eventos importantes.

Assim sendo, se determinada classe de imagens tem um valor “memorial”, e mais, se determinada imagem ajuda o devoto a se lembrar de Deus e dos seus mandamentos, como poderia ser uma afronta?

O contexto dos ídolos pagãos na assertiva do primeiro mandamento é que eles justamente desviavam o povo dos mandamentos de Deus, fazendo com que cometessem atrocidades em honra aos ídolos pagãos, como fornicação, orgias e sacrifícios de sangue (humano).

Como pode uma visão da Virgem Maria, que orienta os seus filhos no cumprimento dos mandamentos de Deus e nos ensinamentos de Jesus Cristo ser condenável pelo próprio Deus?
É condenável apenas para fanáticos que não compreenderam o contexto do primeiro mandamento, e que o violam de outras formas, adorando ídolos do materialismo.

Templos em lugares sagrados são como estes antigos memoriais.

Templos onde a Virgem Maria apareceu e fez milagres e revelações espirituais equivalem a estes memoriais sagrados, onde milhões de almas renovam sua fé em Cristo e nas promessas de Deus, ajudando a reforçar a lembrança das coisas sagradas contra a atração das coisas mundanas.

O culto ao mundo e aos seus interesses é o que certamente Deus reprovaria.


Quinto aspecto
Jesus Cristo

O Novo Testamento anuncia que Jesus Cristo é Deus (o Filho) em forma humana.
“E o Verbo se fez carne e habitou entre nós!”

A reprovação do primeiro mandamento era sobre os deuses estranhos a IHVH, e não às entidades sagradas que falam em Seu Nome e exortam a humanidade a cumprir obediência a Ele.
Entidades como Jesus Cristo e a Virgem Maria.

A Igreja católica explorou a iconografia de ambos, mas eu particularmente não vejo com bons olhos o culto aos santos na forma de divindades que eclipsem o valor daquelas duas colunas da Cristandade, Jesus e Maria.

Deveriam servir como exemplos de fé e inspiração cristã, mas não de culto.

Portanto, não faz sentido que o Pai condene a memória que alguns tomam de Jesus Cristo e da Virgem Maria através de imagens, esculturas e pinturas (o conteúdo do símbolo) para reforçar sua fé e santidade.

A imagem não serve como objeto de adoração, mas como memorial de lembrança para que o devoto adore e ame a divindade que ela representa.

Mais uma vez, o erro está em desviar o culto para ídolos estranhos ao Pai, como o culto ao dinheiro, ao materialismo e a prosperidade, tão comuns em igrejas desviadas do primeiro e de vários outros mandamentos. Esse era o contexto dentro do qual Moisés escreveu o primeiro mandamento, e que deve ser analisado de acordo com ele.


Sexto aspecto
Uma representação biblica de Deus

Tanto no Velho como no Novo Testamento, o trono do Espírito de Deus e representado cercado de estranhas criaturas animais aladas, os Seres santos, Kadoshim. Chamados também de Querubins.

A escultura de imagens de querubins foi autorizada pelo próprio Deus na edificação do Templo de Salomão, bem como na construção da Arca da Aliança a Moisés, para representar o espaço sagrado da sua Presença.

Então, temos uma imagem autorizada por Deus que representava sua Presença materializada.


Conclusão

Não faz o menor sentido condenar ou reprovar uma imagem que, por associação mental, reforça a fé e a consciência das coisas sagradas em alguém.

Este mundo está cheio de ídolos da mídia, artistas cultuados por milhões de fãs (donde saiu o termo FANÁTICO). E tais ídolos certamente adormecem a consciência do povo, induzindo-o em um caminho equivocado. Tais ídolos são esculturas mentais da ilusão das pessoas, e que também incorrem em transgressão do primeiro mandamento.

Sejam ídolos de pedra, de metal ou de carne e osso, a transgressão ao primeiro mandamento se refere à idolatria que desvia a alma dos caminhos de Deus, e não que aproxima.
Ídolos que despertam o que há de pior no ser humano, fanatismo, violência, gula, luxúria, cobiça e materialismo.

Mas se uma imagem é usada por um devoto que se mantém em oração, nutrindo sua fé e seu amor espiritual em Deus, não há lógica em considerar isso ato reprovável.

Tenho certeza que os ícones do materialismo nas igrejas abomina muito mais o Pai do que imagens de Jesus Cristo ou da Virgem Maria.

Se uma imagem, símbolo ou elemento visual de associação conceitual ajudam a ativar na mente os valores em torno do conhecimento espiritual legítimo, garimpado de todos os cultos pagãos e mesmo cristãos corrompidos na atualidade, ele não poderá ser qualificado como contrário a Lei de Deus, que é a Verdade.

Se algo te torna mais próximo da verdade e da fé autêntica, Deus não vai condenar, vai aplaudir. Isso é uma questão pessoal. Muitos gostam de orar diante do crucifixo ou diante da imagem da Virgem Maria. Ou de Anjos (Querubins). Se a oração subir aos ouvidos do Pai com notas de sinceridade, as imagens serão abençoadas para Ele.

Esse é o aspecto fundamental a ser considerado.

Somos criaturas ainda guiadas pelos cinco sentidos, e o sentido visual é o predominante.
Na própria Internet, na vida das redes sociais, vemos na prática como as imagens falam muito mais do que longos textos (e eu que o diga, porque acabei de escreve um!)

O alerta do primeiro mandamento no aspecto das imagens, dentro do contexto da época, era cm relação aos deuses pagãos que induziam o povo aos maus costumes, desviando-os do caminho real.

Fanáticos da letra morta, isentos de compreensão das suas crenças, apedrejam as imagens.
Mas eles mesmos continuam adorando o Bezerro de Ouro do Velho Egito ao transformarem Deus ou Jesus Cristo em ídolos do materialismo.

E me parece que os judeus continuam vibrando esse amor ao dinheiro (fama histórica eles têm).

Não foi Cristo quem expulsou os vendilhões do Templo no chicote?

Quem descerá agora para expulsar dos templos de hoje os mercadores da fé, que transformaram Deus num ídolo de ouro e cobiça?

Mas eles nunca vão entender o Bezerro de ouro dessa forma. Vão entender o culto de imagens no sentido literal, jamais no sentido moral da intenção contida na imagem simbólica.

Como o Bezerro de Ouro, que sempre significou o amor ao dinheiro e aos bens materiais, que muitos cultuam em igrejas… eles são os que ferem o primeiro mandamento.

Não o devoto que ora a Jesus Cristo ou a Virgem Maria em seu pequeno altar decorado e com coração sincero dentro dos mandamentos da Verdade.

JP em 26.05.2021

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