Uma antiga tábua de pedra prova que o rei Balaque foi uma personagem bíblica real!
A análise mais recente de uma misteriosa laje de pedra prova que um rei fundamental do Antigo Testamento realmente existiu, anunciou um eminente arqueólogo.
A historicidade da Bíblia, ou a aceitação dos livros judeus e cristãos como fontes históricas, é um estudo de campo controverso e contestado. Não foram poucas as descobertas arqueológicas que já apoiaram muitas das narrativas do Antigo Testamento como história real. Mas um estudo inovador de uma antiga tabuinha de pedra pode ter derrubado mil anos de entendimento do Antigo Testamento.
De acordo com um estudo publicado esta semana no periódico Tel Aviv: The Journal of the Institute of Archaelogy of Tel Aviv University, o rei bíblico Balaque pode ter sido uma real figura histórica. A conclusão veio depois de uma nova leitura da Pedra Moabita, um pedra que carrega inscrições em hebraico e que data do século IX a.C. Nela, um nome na linha 31, antes sugerido estar escrito como ‘Casa de David’, pode, na verdade, ser a palavra hebraica para ‘Balaque’, um rei de Moabe mencionado na história bíblica de Balaão (Números 22-24).
O rei Balaque de Moabe, localizado na atual Jordânia, aparece em uma passagem do Livro dos Números da Bíblia.
A história bíblica encontra o rei Balaque pedindo ao profeta Balaão para amaldiçoar o povo de Israel.
E os arqueólogos que pesquisam a Estela Mesha, do século IX aC, agora acreditam que uma linha que se pensava ler “Casa de Davi” na verdade se refere ao rei bíblico.
A estela, também conhecida como a Pedra Moabita, foi encomendada por Mesha, outro rei de Moabe.
A estela descreve vários conflitos e conquistas.
Mesha e algumas outras figuras mencionadas na pedra, como o rei Onri de Israel, também aparecem na Bíblia.
Descoberta no século 19, a pedra de basalto preta inscrita de 44 polegadas, agora se encontra no Museu do Louvre, Paris.
A Pedra Moabita (Mesha Stele) – também conhecida como Estela de Mesha -, e hoje em exposição permanente no Museu do Louvre, é uma pedra de basalto encontrada no ano de 1868 nas ruínas da cidade bíblica de Díbon, em Moabe (atual Jordão).
As inscrições que enfeitam a pedra representam um documento com um total de 34 linhas que contam a história da expansão territorial – incluindo a vitória sobre o inimigo Israelita da dinastia Omrida – e esforços de construção do Rei Mesha de Moabe, este o qual é mencionado na Bíblia (II Reis 3:4-27).
A Pedra Moabita acabou sendo danificada no século XI, e partes dela estão perdidas, mas porções das partes perdidas estão preservadas em uma cópia reversa das inscrições, feita antes dos danos.
Nesse sentido, os autores do novo estudo – os historiadores e acadêmicos bíblicos Prof. Nadav Na’aman e Prof. Thomas Römer, e o arqueólogo Prof. Israel Finkelstein – utilizaram técnicas fotográficas de alta-resolução da cópia reversa das inscrições, e da pedra original, para um melhor esclarecimento dos registros escritos.
As análises revelaram que existem três consoantes no nome do monarca mencionado na Linha 31, e que a primeira é a letra Hebraica ‘bet‘. Enquanto que as outras letras na palavra estão erodidas, o mais provável candidato para o nome do monarca é ‘Balaque’, segundo os pesquisadores.
O assento do Rei referido na Linha 31 seria então em Horonaim, uma cidade de Moabe mencionada quatro vezes na Bíblia em relação ao território Moabita ao sul do Rio Arnon.
Na nova narrativa, Balaque aparece como Rei de Moabe. De acordo com os Números 22:36, Balaque foi da sua capital para se encontrar com Balaão “na cidade de Moabe, na fronteira formada pelo Arnon, na extremidade dessa fronteira”. Portanto, de acordo com a história, o reino de Balaque estava localizado ao sul do Rio Arnon, e o texto relaciona que ele foi para se encontrar com Balaão em uma cidade periférica localizada ao longo da fronteira noroeste de Moabe, no limite do território Israelita.
Nesse cenário, Balaque pode ser uma real personalidade histórica como Balaão, este o qual, antes da descoberta da inscrição de Deir Alla, era considerado também uma figura inventada. O novo estudo indica que a leitura “Casa de David”, aceita por mais de duas décadas pelos acadêmicos, não mais é uma opção. Fica sugerido o nome do Rei Moabita Balaque, quem, de acordo com a história de Balaão dos Números 22-24, procurou trazer uma maldição divina sobre as pessoas de Israel.
E isso conserta algumas inconsistências antes associada com o antigo termo ‘Casa de David’. O principal é a falta de sentido quando Mesha chama o inimigo por um termo coletivo (‘Casa de David’). Por que não chamá-lo pelo seu real nome, como Omri, o Rei de Israel, como aparece nas Linhas 4-5 das inscrições? De qualquer forma, as novas análises descartam o antigo termo, apesar de ‘Balaque’ não ser uma tradução ainda conclusiva.
“A história foi escrita posteriormente ao tempo do Rei Moabita referido na Pedra Moabita. Ainda assim, para dar um sentido de autenticidade à sua história, seu autor deve ter integrado no roteiro certos elementos emprestados da realidade Antiga, incluindo dois nomes pessoais: Balaão e Balaque”, concluíram os autores do estudo.
Samuel Boyd, professor de estudos judaicos e estudos religiosos na Universidade do Colorado, disse: “A estela foi um dos primeiros artefatos descobertos nos primórdios da arqueologia moderna no século 19, que fez algumas conexões entre Bíblia e um registro escrito por uma fonte externa. ”
O especialista, que não esteve envolvido no estudo, acrescentou: “Sua descoberta provocou grandes ondas de pesquisa arqueológica na área e no comércio de antiguidades”.
Embora a pedra tenha sofrido danos ao longo dos anos, alguns de seus textos permanecem legíveis.
Pesquisadores, incluindo o arqueólogo Professor Israel Finkelstein, da Universidade de Tel Aviv, estudaram as últimas fotografias da pedra e da cópia invertida para tentar quebrar suas antigas palavras erodidas.
Ele disse: “Estamos lidando com um nome que tem três caracteres, começando com um B. Sabemos da Bíblia que Balaque era o rei de Moabe e que ele governava de um local no sul de Moabe – conforme descrito na Estela”.
Os historiadores ainda não tinham encontrado nenhuma outra menção de Balaque, fora da Bíblia, e agora, a estela.
O profeta Balaão, no entanto, é mencionado em uma antiga inscrição de gesso de Tell Deir Alla, na Jordânia, acrescentou o professor Finkelstein.
Os autores do artigo escrevem: “As novas fotografias da Estela Mesha indicam que a leitura, ‘Casa de Davi’ – aceita por muitos estudiosos há mais de duas décadas – não é mais uma opção.”
Se correto, a conclusão deles tem importantes implicações para a compreensão dos pesquisadores das forças dominantes locais da época.
“A leitura de ‘Balaque’ em vez de ‘Casa de Davi’ rejeita a possibilidade de que Judá governasse sobre Moabe. E faz de Balaque uma figura histórica ”, acrescentou Finkelstein.
Mas a equipe não pode ter certeza, ele admitiu. “No final do dia, a reconstrução do nome” Balaque “é circunstancial”.
Alguns estudiosos, no entanto, acreditam que a conclusão da equipe é um pouco forte demais.
Embora tenha elogiado a pesquisa de “alta qualidade” e “completa”, o professor Boyd alertou que a presença do nome de Balaque na pedra pode não ser um sinal de que ele realmente existiu.
“É difícil julgar sem mais provas”, disse ele, acrescentando que os ancestrais fictícios “podem ser inventados, construídos e usados de maneira retorica”, mesmo em um espaço de tempo relativamente curto entre a suposta existência de Balaque e a criação da estela.
“Estou espantado com a forma como mais de 31 linhas de texto continuam a produzir novas informações, mesmo 150 anos após a sua descoberta.”
FONTE
EXPRESS (UK)
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A tradução da Estela Mesha ou Pedra Moabita:
“Eu sou Mesha, filho Qemos[yat], rei de Moab, o dibonita. Meu pai reinou sobre Moabe trinta anos e eu reinei depois de meu pai. E construí este lugar alto para Quemos em Qarhoh BMS’, porque me salvou de todos os reis e porque me fez prevalecer sobre os meus inimigos. Omri era rei de Israel e oprimiu a Moab muitos dias, pois Mesa estava irado contra sua terra. E seu filho o sucedeu e disse (ele também): eu oprimirei a Moabe. Nos meus dias falou assim. Mas eu prevaleci contra ele e contra sua casa, e Israel pereceu totalmente para sempre. E Omri se apossou da terra de Medeba e habitou nela durante seus dias e metade dos dias de seu filho, quarenta anos. Porém, nos meus dias, Quemos habitou nela.
E edifiquei Baal Meon e construí o reservatório e edifiquei Quiriataim. E os homens de Gade habitaram na terra de Atarote desde a antigüidade e o rei de Israel construiu para si Atarote. E pelejei contra a cidade e a tomei e matei todos os homens da cidade, uma saciedade para Quemos e Moabe. E removi de lá o altar do amado dela e o transportei para a presença de Quemos em Queriote. E assentei nela a população de Saron e a população de Mahorat.
E Quemos me disse: Vai e toma Nebo de Israel. E parti durante a noite e pelejei contra ela desde o romper da manhã até o meio-dia e a tomei e matei sete mil, nativos e forasteiros, nativas e forasteiras, e mulheres, pois os devotei à destruição para Astar Quemos. E tirei de de lá os vasos de YHWH e os trouxe à presença de Quemos. E o rei de Israel havia construído Jaaz e habitava nela quando pelejou contra mim. Mas Quemos o expulsou de minha presença e tomei de Moabe duzentos homens, toda a unidade, e os levei até Jaaz e a tomei para anexar a Dibon. Eu edifiquei Qarhoh, o muro do parque e o muro da acrópole.
E eu construí suas portas, e eu construí suas torres. E eu construí o palácio e eu fiz o reservatório duplo da fonte dentro da cidade. E não havia cisterna dentro da cidade, em Qarhoh, e (eu) disse a todo o povo: Fazei cada um de vós uma cisterna em sua casa. E eu excavei as valas com cativos de Israel. Eu edifiquei Aroer e eu edifiquei a estrada no Arnon. Eu edifiquei Bet Bamot, pois estava derribada. Eu edifiquei Beser com cinquenta dibonitas, pois estava em ruínas, pois toda Dibon era obediente. E eu reinei [. . . .] cem nas cidades que eu anexei à terra. E eu construí Medeba, Diblataim, e a casa de Baal Meon, e levei para lá o T’N da terra. E Horonen habitou nela em [. . . . . . .] disse Quemos para mim: Desce e peleja contra Horonaim, e desci [. . . . . . . .] nela Quemos nos meus dias e sobre [ . . .] de lá [. . . . .]”
– SOUZA, Elias Brasil de. A Pedra Moabita e a Religião de Moabe. 2009, Hermenêutica, Volume 9, 39-47.
– SOUZA, Elias Brasil de. A Pedra Moabita e a Religião de Moabe. 2009, Hermenêutica, Volume 9, 39-47.
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E mais uma vez, a arqueologia demonstra que a Bíblia tinha razão…
JP