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Fragmentos da Sabedoria da Serpente Emplumada 2

O significado da Vigília

Assim também compreendi que as medidas de uma vigília não podem ser as mesmas que as de outra. Porque na vigília o ser verdadeiro cresce e cresce, e transforma-se até que o prazer e a dor deixem de ter realidade e se convertam somente em formas agudas de uma mesma substância. E no homem há seis modos de vigília, seis maneiras de obrar. Umas são obras do Pai, outras são obras do Filho, outras do Espírito Santo, e também há as obras de Satanás, e em todas elas se encontra a vida, o amor e a morte.
E eu soube que quem desperta no caminho da regeneração vai de uma a outra vigília, e assim compreende que de nada vale ao homem ganhar a Terra se com isso vir a perder sua alma. E que Deus Pai Todo Poderoso, Criador do céu e da Terra, deu potestade à Comunhão dos Santos por seu Espírito Santo, para o perdão e a remissão dos pecados e para que os pecadores levem também em si a vida eterna na eterna vigilia, amém.
E assim como a alma vai se forjando pouco a pouco de uma vigília a outra, assim também as forças que a integram vão se perdendo pouco a pouco para aquele que esquece o Espírito Santo.

Nada se ganha de uma só vez, nada se perde de uma só vez.
Tudo depende de como o homem anda na infinita Ronda na qual Deus existe indo da vida, por amor, à morte, e como o homem sabe de sua existência indo da morte, por amor, à vida!”
Judas, a Ponte do Mayab

Uma coisa que temos que compreender é como funcionavam essas vigílias daqueles costumes, para tempos de meditação e oração.

“Os judeus dividiam a noite em três vigílias: a primeira, ‘princípio das vigílias’ (Lm 2.19), ia desde o sol posto até às 10 horas da noite – a segunda, ‘a vigília média’ ou da meia-noite (Jz 7.19), principiava às 10 horas da noite e prolongava-se até às duas horas da madrugada – e a terceira, a ‘vigília da manhã’ (1 Sm 11.11), desde as duas horas da manhã até ao nascer do sol. Em tempos posteriores, a noite era dividida, segundo o costume dos romanos, em quatro vigílias (desde as 6 horas da tarde às 6 horas da manhã), de três horas cada uma (Mt 14.25 – Lc 12.38). “
Em Marcos (13.35), as quatro vigílias são designadas pelo nome especial de cada uma.
Dicionário bíblico

Aqui, a passagem do Livro de Marcos sobre as vigílias da época de Cristo:

“Quanto ao dia e à hora ninguém sabe, nem os anjos no céu, nem o Filho, senão somente o Pai.
Fiquem atentos! Vigiem! Vocês não sabem quando virá esse tempo. É como um homem que sai de viagem. Ele deixa sua casa, encarrega de tarefas cada um dos seus servos e ordena ao porteiro que vigie.
Portanto, vigiem, porque vocês não sabem quando o dono da casa voltará: se à tarde, à meia-noite, ao cantar do galo ou ao amanhecer.
Se ele vier de repente, que não os encontre dormindo!
O que digo a vocês, digo a todos: Vigiem!”
Marcos 13: 32-37

Mesmo assim, eu não vejo na leitura de Judas, a ponte do Mayab, essa mesma descrição espacial e temporal de vigílias conforme judeus, romanos e monges, mas é algo mais de metafísico, de abstrativo, de um sentido maior do que o de simplesmente estar acordado num determinado período do dia em oração por algo específico ou não.

Vigília é algo mais do que acordar o corpo para orar. É acordar a alma. A mente. Muitos acordam seus corpos para orar, na forma de hábitos, mas ainda seguem com as mentes e corações dormindo. Muitos mosteiros e conventos trazem essas regras das vigílias, mas não significa que estejam acordados nos termos expostos por Judas. Apenas se habituaram a acordar em certos horários do dia e da noite para recitar fórmulas, ladainhas, mantras e orações… mas ainda seguem dormindo, com a consciência dormindo para Deus dentro dessa rotina toda.

A vigília de Judas é o esforço para nascer, para despertar, para entrar em comunhão com as forças divinas dentro e, por seu meio, ao redor. E nesse esforço, se dá o devido alimento para que a nossa fração ou semente de alma cresça, forjada pelo Espírito Santo, pelo Filho e pelo Pai numa continuidade dentro das vigílias e suas orações (comunhões, uniões com a Energia da cada Presença amorosamente invocada).

Seis vigílias, seis modos, o seis novamente como padrão da Estrela cósmica, a geração de todas as coisas (Seis Dias, etc), embora hajam as vigílias de Satanás, muito comuns em certos religiosos equivocados em suas posturas místicas que não assinalam a presença divina pela falta de um coração sincero, cujo único desejo ardente é o mesmo desejo do ego, que cobiça tão facilmente as coisas do céu como as da Terra.

De qualquer modo, vigílias são momentos do tempo, independente da hora que seja, que nos desligamos de tudo mais, e nos encerramos em nós mesmos, e o lugar não importa, desde que favoreça a vigília nesse sentido. O Ser vigilante está sempre em conexão divina.

E a Comunhão dos Santos, outra vez mencionada, é essa conexão que o ser desperto faz com a Presença Divina em termos de Coletividade. O que, em nosso tempo e terminologia, chama-se Fraternidade Branca.
E em todas as vigílias, há vida, morte e renascimento.
Porque as vigílias são portas abertas entre a nossa Alma e a Energia de Amor da Presença.

São como os passos de uma estrada longa… em cada vigília, construímos um tijolo a mais do grande edifício pelo Espírito Santo construído ao final da jornada, para o começo de outra… aquela outra jornada que só vai experimentar quem morrer em vida e quem renascer em morte!

Mas o mundo nunca esteve tão empenhado em distrair cada um de nós de suas vigílias de despertar como hoje. Muitos ficam o dia inteiro tão ocupados de tentar entender a loucura dos tempos que se esquecem de voltar a atenção para dentro e, na vigília do espirito, trabalhar na fábrica do despertar. Ainda não perceberam que o jogo da distração do Sistema lá fora é justamente para fechar todas as portas de acesso às vigílias que nos conduzam a Cristo.
E por mais que a gente tente avisar, eles já não conseguem entender isso.
Dormirão até o último dia de suas vidas. Para continuarem dormindo depois da morte…
Tudo se explica assim: o mundo lá fora é uma grande roda em movimento, tudo muda, nada perdura, então tudo é ilusão de movimento de coisas passageiras. E enquanto isso, a semente do REAL que está dentro da nossa alma é perdida justamente porque o foco da atenção e a direção da nossa energia escolhe o lado de fora, e não o lado de dentro, para viver e se envolver… e queremos encontrar as soluções em respostas nos Discos Voadores, nos governos, nas lutas sociais, nas Ideologias, no dinheiro, na ciência, na tecnologia, nas magias, até nas religiões que, sem consciência, não passam de agrupamentos de ídolos de pedra imóveis e sem vida, que nada dirão e nada farão por seus adoradores cegos que insistem em procurar pela porta sempre do lado errado, o lado de fora…

JP em 31.03.2020

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