Eles são muitos, e nós os realizamos todo o tempo conosco mesmos.
E falando em tempo, este é o mais conhecido deles: a questão do precioso tempo.
E nos tempos que todos nós temos vivido, tudo é muito acelerado,
a cultura social parece nos empurrar para frente a toda velocidade,
como se a vida durasse o tempo de um suspiro,
e fossemos mesmo obrigados a correr em nosso trabalho, nas ruas, nos bancos,
nos mercados, sempre olhando para os relógios, os celulares, olhando para algum marcador que alguém ou alguma propaganda, compromisso ou tarefa nos estabeleceu, como uma agenda secreta que não nos permite desacelerar nunca, para o nosso próprio prejuízo.
Essa agenda escrita pelos donos deste mundo só tem um objetivo: transformar você numa engrenagem a mais da grande máquina de produção industrial, e para eles, você não passa de uma peça fabricada e numerada com data de validade. Para a maquina, o que interessa é produzir sem parar, e se você se tornar uma peça desgastada, pode ter certeza qe haverão outras peças para eles colocarem no seu lugar, lhe descartando logo em seguida.
E muitos são os que usam a mesma frase de sempre, como um mantra:
Eu nunca tenho tempo para nada!
Esse é o mais famoso dos auto-condicionamentos que a sociedade de consumo nos estabelece.
Porque todos estão sempre correndo para chegar a algum lugar ou fazer alguma coisa, e repetir tudo isso no dia seguinte, e nada nunca será o bastante ou o suficiente para nos preencher, aquietar ou satisfazer, porque nos dias seguintes, faremos a mesma coisa, repetindo o script de sempre.
E realmente, aquela pessoa que vive invocando o mantra
“eu não tenho tempo”
irá fabricar em seu cérebro infinitos relógios que trancam sua vida e sua expectativa dentro de uma eterna ansiedade que o torna tão acelerado e tão compulsivo em suas ações que o seu cérebro lhe dará essa sensação de tempo distorcido, quando uma hora se tornará um minuto, e então, preso a essa falsa percepção de tempo, a mente humana se torna escrava da própria ditadura existencial, condenada a correr contra o tempo até que o tempo lhe vença nessa corrida, e finalmente, suas forças tombem antes mesmo de se aproximar da linha de chegada.
Em termos científicos, nós realmente somos regidos por ciclos, ciclos associados ao funcionamento do nosso corpo e mente, e quando nos auto-condicionamos em relação aos tempos sobre os nossos processos de vida, esses ciclos harmônicos da nossa biologia serão todos afetados, e os resultados, a curto e longo prazo, surgirão, como stress e saúde debilitada.
E o incrível paradoxo acontece: porque justamente na corrida que fazemos para render nosso tempo, é que acontecerá do nosso tempo útil de vida diminuir drasticamente.
O conselho que fica é: remova todos os relógios de sua mente.
O tempo é a maior das prisões, e se você cair nas armadilhas da sociedade de consumo, passará a encarar as horas como inimigos em potencial, que estão lá para matar você aos poucos.
Por outro lado, não há nada mais revigorante do que relaxar e se entregar aos braços da Eternidade em exercícios de pura contemplação da vida a partir do centro espiritual do Ser interior profundo e atemporal, plano onde não há tempo, nem patrões, nem cobranças ou agendas: mas apenas um raro momento de paz consigo mesmo!
JP em 05.03.2020