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As origens do carnaval

As origens do carnaval

As etimologias populares afirmam que a palavra vem da expressão do latim tardio carne vale, que significa “adeus à carne”, significando o período de jejum que se aproxima.

A expressão carne levare do italiano é uma possível origem, que significa “remover a carne”, uma vez que a carne é proibida durante a Quaresma.

Entre os antigos egípcios havia as festas de Ísis e do boi Ápis; entre os hebreus, a festa das sortes; entre os gregos antigos, as bacanais; na Roma Antiga, as lupercais, as saturnais. Festins, músicas estridentes, danças, disfarces e licenciosidade formavam o fundo destes regozijos.

Pelo seu lado, os gauleses tinham festas análogas, especialmente a grande festa do inverno a que é marcada pelo adeus à carne que a partir dela se fazia um grande período de abstinência e jejum, como o seu próprio nome em latim “carnis levale” o indica.

Outros estudiosos defendem a origem do nome romano para a festa do Navigium Isidis (“navio de Isis”), onde a imagem de Ísis era levada à praia para abençoar o início da temporada de velejamento.

O festival consistia em um desfile de máscaras que seguia um barco de madeira decorado, possivelmente a origem dos carros alegóricos dos carnavais modernos.

Do ponto de vista antropológico, o carnaval é um ritual de reversão, no qual os papéis sociais são invertidos e as normas de comportamento são suspensas.

Na Antiguidade, os povos consideravam o inverno como um reino de espíritos que precisavam serem expulsos para que o verão voltasse. O Carnaval pode assim ser considerado como um rito de passagem da escuridão para a luz, do inverno ao verão: uma celebração de fertilidade, a primeira festa de primavera do ano novo.

Várias tribos germânicas celebravam o retorno da luz do dia. O inverno seria afastado, para se certificar de que a fertilidade poderia retornar na primavera.

Uma figura central desse ritual era possivelmente a deusa da fertilidade Nerto. Além disso, há indicações de que a efígie de Nerto ou Frey era colocada em um navio com rodas e acompanhada por uma procissão de pessoas disfarçadas de animais e homens vestidos de mulheres.

A bordo do navio um casamento seria consumado como um ritual de fertilidade.

Tácito escreveu em sua obra Germânia:

“Os germânicos, no entanto, não consideram consistente com a grandeza dos seres celestiais confinar os deuses dentro de muros, ou compará-los à forma de qualquer rosto humano.”

“Depois, o carro, as vestes e, se você quiser acreditar, a própria divindade, são purificados em um lago secreto”.

Tradicionalmente, a festa também era uma época para satisfazer desejos sexuais, que deveriam ser suprimidos durante o jejum seguinte.


*Me parece que os povos antigos assumiram a tradição do carnaval como uma espécie de “festa de solteiro” antes do compromisso do casamento, isto é, abusando de todo tipo de sensação carnal antes de entrarem no período de purificação da quaresma pascal.

O que, na minha opinião, não vale nada, porque não adianta pecar hoje e planejar pedir perdão amanhã.

Deus não pode ser subornado pelas trapaças do EGO.

Porque o EGO confunde facilmente abundância com desregramento. E se o carnaval antigo tinha uma finalidade de cultuar a abundância cíclica da natureza após os períodos de privação inverno), essa finalidade se perdeu completamente com o tempo.

Hoje em dia, tudo é motivo para cultivar os desregramentos e as loucuras do ego humano, transformados em “cultura popular”.

Não existe mais alegria sadia, alegria de se estar vivo e receber a vida com abundância das Mãos do Criador, tal era o conceito de alinhamento das antigas festas pagãs e também cristãs, celebrando o ciclo da vida.

Tudo isso se perverteu na atualidade.

Infelizmente, na era moderna e principalmente no Brasil, onde o carnaval se popularizou como orgia dos sentidos, seus participantes não estão NEM AÍ para quaresma e preparações da Páscoa.

E NEM AÍ para qualquer significado espiritual paralelo a tudo isso. E as próprias definições antigas do termo carnaval, adeus à carne, se inverteram: APEGO À CARNE (ritualismo carnal).

Um período animalesco onde a regra é a ausência de regras, uma permissão à loucura “sadia” que sai praticando todo o tipo de tara, de gula, de apetite instintivo. Uma permissão de viver o próprio INFERNO na Terra…

Por eles, os praticantes do ritualismo carnal, a orgia dos sentidos se estenderia por todo o ano… por toda a vida.
Aliás, já se estende.

JP em 11.02.2024

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