A intitulada e muito temida “Falha de San Andreas” pode ser apresentada como uma falha de origem geológica, que se prolonga por cerca de 1290 km através da Califórnia. Acerca da sua profundidade, compreende os incríveis 1300 km.
Cada vez que a Califórnia registra um terremoto, uma pergunta volta a ser feita: será que estamos mais perto do The Big One (O Grande)?
Trata-se do esperado megaterremoto potencialmente devastador que, em algum momento, pode atingir o oeste americano a partir de uma gigantesca e famosa rachadura chamada falha de San Andreas – resultado da movimentação de duas placas tectônicas que trazem instabilidade sísmica à região.
Esta semana, terremotos voltaram a assustar a Califórnia. Mais de 100 tremores atingiram o sul do Estado dos EUA nos últimos dez dias.
Até onde se sabe, o epicentro desse último e potente tremor foi a 200 quilômetros de Los Angeles e, apesar de ter provocado deslizamentos, danos em imóveis e incêndios, o terremoto não deixou feridos graves.
Especialistas, contudo, dizem que os dois fortes tremores se produziram “na mesma falha sísmica” que é diferente e distante da falha de San Andreas, a suscetível de causar “Big One”. Afirmam ainda que é improvável que esses dois tremores recentes provoquem terremotos em San Andreas.
A Califórnia é uma região propensa a terremotos, uma vez que está sobre uma série de rachaduras da crosta terrestre, onde placas tectônicas se encontram e se movimentam.
Essa movimentação das placas fez surgir uma das mais famosas falhas do planeta, a de San Andreas. O atrito entre essas duas placas tectônicas é responsável por frequentes tremores na Califórnia, classificada como uma das áreas de maior instabilidade tectônica do planeta.
San Andreas é a maior dessas rachaduras e, potencialmente, a mais perigosa por marcar o limite entre as duas maiores placas tectônicas do planeta.
San Andreas tem, aproximadamente, 1,3 mil quilômetros de extensão e delimita placa tectônica norte-americana e a placa do Pacífico. O deslizamento entre as placas causa grande instabilidade em todo o estado da Califórnia, e foi a principal causa do violento terremoto que abalou a cidade de São Francisco em 1906.
E sobre essas placas estão enormes centros urbanos, entre eles Los Angeles, a segunda cidade mais populosa dos EUA, e San Diego, com 38 milhões de habitantes.
Questão de tempo
Em 1906, a Califórnia viu um terremoto de magnitude de 7,8 devastar grande parte da cidade de São Francisco, deixando mais de 3 mil mortos, quando a parte central da falha se rompeu.
Mas o que mais preocupa pesquisadores é a parte sul da falha, onde não se produz abalos sismos há cerca de 300 anos. Registros geológicos indicam que abalos de maior volume tendem acontecer a cada 150 anos na região e, por isso, acredita-se que essa área da falha de San Andreas esteja acumulando tensão.
O último grande terremoto nessa zona data de 1700, mas não há detalhes registrados de quão potente e quais estragos foram provocados pelo tremor.
Na Conferência Nacional de Terremotos, que aconteceu na Califórnia em 2016, cientistas fizeram um alerta dizendo que a área sul da falha de San Andreas estava “carregada e pronta” para provocar um grande temor.
Simulações dos efeitos de um grande terremoto foram feitas e indicaram que um tremor de 7,8 seria capaz de iniciar uma ruptura no sul da Califórnia, se alastrado rumo ao norte até atingir Los Angeles.
Cálculos mais conservadores indicam que um tremor dessa magnitude nessa área específica de San Andreas poderia provocar a morte de 2 mil pessoas e deixar mais de 50 mil feridos.
As simulações indicaram ainda que 1% dos imóveis em uma área de 10 milhões de pessoas seriam jogados ao chão e mais da metade das construções teriam que ser desocupadas. Os danos materiais seriam superiores a 200 bilhões de dólares, o equivalente a mais de R$ 700 bi.
Sistema de alerta
Após o grande terremoto de São Francisco, no norte da Califórnia, novas regulamentações foram introduzidas, forçando o reforço de estruturas construídas em concreto, muitas das quais abrigam escolas e hospitais. Em 2014, a prefeitura de Los Angeles propôs regulamentações semelhantes.
No início deste ano, entrou em operação um sistema de alerta antecipado de terremotos semelhante ao que existe em países com alta atividade sísmica, como Japão ou México.
É aplicativo móvel que alerta os residentes de Los Angeles até 40 segundos antes que ocorra um terremoto de magnitude 5 ou superior. Isso não só ajuda a alertar a população, mas também as autoridades.
Para os especialistas, a questão não é se a falha de San Andreas vai quebrar no sul da Califórnia, mas quando acontecerá.