Espiritualidade

A simbologia espiritual profunda do Domingo de Ramos

A Semana Santa começa no Domingo de Ramos, porque celebra a entrada de Jesus em Jerusalém montado em um jumentinho – o símbolo da humildade – e aclamado pelo povo simples que o aplaudia como “Aquele que vem em nome do Senhor”.

“E aconteceu que, chegando perto de Betfagé, e de Betânia, ao monte chamado das Oliveiras, mandou dois dos seus discípulos,
Dizendo: Ide à aldeia que está defronte, e aí, ao entrar, achareis preso um jumentinho em que nenhum homem ainda montou; soltai-o e trazei-o.
E, se alguém vos perguntar: Por que o soltais? assim lhe direis: Porque o Senhor o há de mister.
E, indo os que haviam sido mandados, acharam como lhes dissera.
E, quando soltaram o jumentinho, seus donos lhes disseram: Por que soltais o jumentinho?
E eles responderam: O Senhor o há de mister.
E trouxeram-no a Jesus; e, lançando sobre o jumentinho as suas vestes, puseram Jesus em cima.
E, indo ele, estendiam no caminho as suas vestes.
E, quando já chegava perto da descida do Monte das Oliveiras, toda a multidão dos discípulos, regozijando-se, começou a dar louvores a Deus em alta voz, por todas as maravilhas que tinham visto,
Dizendo: Bendito o Rei que vem em nome do Senhor; paz no céu, e glória nas alturas.”
Lucas 19:29-38

Esse povo, há poucos dias, tinha visto Jesus ressuscitar Lázaro de Betânia e estava maravilhado, pois tinha a certeza de que esse era o Messias anunciado pelos profetas, mas, esse mesmo povo tinha se enganado com tipo de Messias que Cristo era. Pensava que, fosse um Messias político, libertador social, que fosse arrancar Israel das garras de Roma e devolver-lhe o apogeu dos tempos de Salomão.

Mas o contraponto é estarrecedor.

Enquanto os reis desfilavam em carruagens douradas puxadas por poderoso cavalos, seguidos de exércitos numerosos, o Rei dos reis veio montado num filhote de jumento… signo da sua humildade, e mais uma vez, ensinando ao mundo que o seu Reino não era desse mundo.

Ele era chamado de Rei que vem em Nome do Senhor, e no entanto, não tinha carruagens e nem exércitos atrás de si. Apenas montava um jumentinho.
Em hebraico, ChMR ou ChMUR, significa jumento.

E os anagramas desta palavra são fabulosos no sentido de estender os significados envolvidos:

  1. MChR (amanhã, dia seguinte, tempo futuro)
    A entrada em Jerusalém representava a ascensão de Cristo ao Pai em seu Reino celeste, após sua Paixão consumada naquela cidade.
  2. ChRm (retirar-se do uso profano, prever para uso cultual; consagração; aquilo que é dedicado a Deus por meio da destruição! – Cristo seria entregue a morte naquela cidade em nome do Pai).
  3. RChM (útero, ventre materno; ter compaixão)
    O nascido de mulher sagrada veio ao mundo para ter compaixão do mundo…
  4. RMCh (lança, a lança que furou o lado de Cristo para constatar sua morte).

Estas três letras somadas têm valor 248, que soma 14, que soma 5.
Curiosamente, em cinco dias, já estando Jesus em Jerusalém, ele seria crucificado…


Para deixar claro a este povo que Ele não era um Messias temporal e político, um libertador efêmero, e sim, o grande Libertador do pecado, a raiz de todos os males, então, o Senhor entra na grande cidade, a Jerusalém dos patriarcas e dos reis sagrados, montado em um jumentinho; expressão da pequenez terrena em contraste com a grandeza celestial.

Ele não é um Rei deste mundo! Dessa forma, o Domingo de Ramos dá o início à Semana Santa, que mistura os gritos de hosanas com os clamores da Paixão de Cristo. O povo acolheu Jesus abanando seus ramos de oliveiras e palmeiras. E por que ele não veio em um magnífico cavalo?

A diferença entre o cavalo e o jumento?

O cavalo é imponente e indomável, leva tempo para se domesticá-lo.
Mas o jumento é mais submisso, ótimo animal de carga e trabalhos na lavoura.

Normalmente, os cavalos eram parte vital dos exércitos dos reis naquele tempo, ou seja, símbolos de poder e guerra. O jumento, contraponto a esse modelo, faz alusão a paz e ao ato de servir.

Porém, no seu retorno, conforme o Apocalipse 19, Jesus volta sobre um poderoso cavalo branco seguido por exércitos celestiais, significando que ele vem para manifestar ao mundo todo o seu poder e majestade.

Há outra simbologia muito importante sobre o jumentinho, de natureza mais esotérica.

O jumento representa a mente, e um jumento arredio e teimoso, uma mente indisciplinada e sem controle.
Por outro lado, um jumentinho manso e submisso é a imagem do controle mental, aquela que permite acesso aos mundos superiores, a Jerusalém celestial.

A lição aqui aos discípulos da Luz é que a primeira medida para se obter a entrada da alma nos reinos superiores, através de meditações, sonhos e viagens astrais, é controlando a mente e mantendo-a pura, livre de maus pensamentos.

Uma mente dispersa e poluída são fatores de derrota na vida de qualquer um… quanto mais um buscador da luz!

O jumentinho carregando Nosso Senhor é a nossa mente dócil e submissa, que se fez humilde e procurou servir antes de ser servida. Esse é o requisito para se entrar no Reino do Senhor, fora deste mundo…


Entrada “solene” de Jesus em Jerusalém

A entrada “solene” de Jesus em Jerusalém foi um prelúdio de Suas dores e humilhações. Aquela mesma multidão que O homenageou, motivada por Seus milagres, agora vira as costas a Ele e muitos pedem a Sua morte. Jesus, que conhecia o coração dos homens, não estava iludido.

E se o seu Reino não é deste mundo, seus súditos também não são (Anjos)!
Como poderia esse povo adormecido reconhecer seu Rei, já que a luz brilha nas trevas mas as trevas não a conheceram? Já que veio aos seus e os seus não o receberam?

E aquele mesmo povo que o chamava de Rei na entrada de Jerusalém, pediria por sua crucificação na saída da cidade (ele foi crucificado fora da cidade, e isso também incorpora outro significado importante: foi despojado de sua condição divina para sofrer e padecer tudo na condição humana, como nós, sem qualquer alívio ou prvilégio!)

A instabilidade espiritual humana se deve sempre a dois fatores:
A ignorância da Verdade e a manipulação dos agentes da Mentira.

Mesmo diante de tantos sinais e milagres, aquele povo ainda estava ignorante sobre a Verdade central do ensinamento de Cristo, e por isso, foi facilmente manipulado pelos fariseus, que fizeram esse mesmo povo se voltar contra o Rei que eles aclamaram na entrada de Jerusalém.

Sabemos que Israel sempre representou a pátria celeste dos Anjos, e que Jerusalém é a sua capital.
Essa imagem fica destacada no Apocalipse 21, quando a Nova Jerusalém (ou a verdadeira Jerusalém) desce dos céus, como noiva ataviada, e suas doze portas são guardadas por doze anjos.

Tamareiras

A palmeira é uma árvore solar, perene.
A palmeira tem um significado esotérico da mais alta espiritualidade, representando ascensão, vitória, regeneração e imortalidade. Porque resiste ao extremo clima do deserto.

No hebraico, “tamar”, já no grego, “phoíniks”. Nas Escrituras, quando se lê sobre a palmeira, usualmente trata-se da tamareira, cujo nome científico é Phoenix dactylifera. Essa espécie de palmeira pode chegar a mais de vinte e quatro (24) metros de altura.

Plantas resistentes.
A simbologia aqui é que Jesus não cairia tão facilmente naquela semana derradeira que traria a sua morte.
Ele rebrotaria como a palmeira do deserto.

A palmeira ou Tamareira representa aqui a Árvore da Vida, que nunca perece e eleva seus ramos mais altos até as estrelas…

E a entrada em Jerusalém significou os capítulos da ascensão, após a sua ressurreição, no domino seguinte (em sete dias a contar daquele dia), quando então as portas do Reino celestial se abririam para ele, e ele seria recebido como Rei pelos Anjos, com o Pai de braços abertos.

Mesmo tendo sido humilhado, açoitado e morto por aqueles que ele veio salvar.
É a imagem do ser verdadeiro Reino.
E também, a mensagem de como nós poderemos entrar ali, montados igualmente em um jumentinho, com humildade e serviços prestados.

A versão do apóstolo João acrescenta detalhes:

“No dia seguinte, ouvindo uma grande multidão, que viera à festa, que Jesus vinha a Jerusalém,
Tomaram ramos de palmeiras, e saíram-lhe ao encontro, e clamavam: Hosana! Bendito o Rei de Israel que vem em nome do Senhor.
E achou Jesus um jumentinho, e assentou-se sobre ele, como está escrito:
Não temas, ó filha de Sião; eis que o teu Rei vem assentado sobre o filho de uma jumenta.
Os seus discípulos, porém, não entenderam isto no princípio; mas, quando Jesus foi glorificado, então se lembraram de que isto estava escrito dele, e que isto lhe fizeram.
A multidão, pois, que estava com ele quando Lázaro foi chamado da sepultura, testificava que ele o ressuscitara dentre os mortos.
Por isso a multidão lhe saiu ao encontro, porque tinham ouvido que ele fizera este sinal.”
João 12:12-18

Ele traz a luz a referência à profecia do Velho Testamento que Jesus empregava para transformar essa cena em um SINAL de sua divindade:

“Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu rei virá a ti, justo e Salvador, pobre, e montado sobre um jumento, e sobre um jumentinho, filho de jumenta.”
Zacarias 9:9

A exaltação a sua humildade foi declarada no Velho Testamento, que Jesus não veio negar, mas veio cumprir.

A referência de João ao milagre da ressurreição de Lázaro (o único evangelista que meciona isso) é outro sinal: o de que somente os que ressuscitarem em Cristo poderão acompanhá-lo, e entrar em Jerusalém e na Israel celeste depois dele.

E agrupando com o que foi dito acima, somente os humildes, servidores e rnascidos em Cristo (porque se trata d um filhote de jumento, e não de um animal adulto) é que receberão a dádiva da ressurreição que conduz a vida eterna, sem a qual ninguém poderá tomar parte naquele Reino espiritual das árvores de folhas eternas (a Palmeira, simbolo da Árvore da Vida).

JP em 10.04.2022

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