O mistério da pedra Hipátia continua: encontrada no sudeste do Egito em 1996, ela não se encaixa em nenhuma categoria já existente de meteorito. Passaram-se 17 anos até que cientistas chegassem à conclusão de que o pedregulho não teve origem no nosso Sistema Solar e outros quatro anos para conseguir provar a hipótese.
No estudo publicado no periódico Geochimica et Cosmochimica Acta, os pesquisadores da Escola de Geociências da Universidade de Witwatersrand, da África do Sul, sugerem que a rocha pode ser mais velha do que o nosso sistema.
Com 3,5 centímetros de comprimento, a pedrinha que pesa 30 gramas recebeu o nome de Hipátia, filósofa considerada a primeira matemática da história. O cientista Jan Kramers, que participou da pesquisa, comparou a estrutura da descoberta com a de um bolo de frutas: quando ela foi encontrada, parecia ter caído e quebrado. A partir de análises de pedaços de seu interior, foi possível começar a entender quando e onde ela surgiu.
“Podemos pensar na massa do bolo como a base da pedra, o que chamamos de ‘duas matrizes’ na geologia”, explicou Kramers. “As frutas e nozes do bolo representam os minerais encontrados na Hipátia. Já a farinha representa os materiais secundários que encontramos nas fraturas da pedra, que vieram da Terra.”
Geralmente, uma rocha possuiria rastros de carbono e silício, mas não Hipátia: a pedra possui uma mistura diferente de qualquer uma já descoberta na Terra. Segundo os cientistas, os compostos do mix também aparentam ser mais antigos do que nosso planeta e até mesmo o Sistema Solar onde ele se encontra.
“Sabemos que a Hipátia se formou em um ambiente frio, provavelmente a temperaturas abaixo da do nitrogênio líquido na Terra (-196ºC)”, afirmou Kramers. O pesquisador afirma que, se Hipátia fosse do nosso Sistema Solar, teria surgido entre Marte e Júpiter, local de origem da maioria dos meteoritos. Mas esse não parece ter sido o caso da pedra encontrada no Egito. “Nossa próxima pesquisa se aprofundará em entender de onde veio Hipátia”, disse o cientista.